A Árvore

Exibição:
03/01/1992 – 07/02/1992 (RTP 2)

Número de episódios:
06

Original de:
Ângela Sarmento

Direção de atores:
Jacinto Ramos

Direção de produção:
Luís Matta

Realização:
Ademir Ferreira
Bruno Cerveira

Elenco:
Adelaide João – Camponesa
Alda Peters
Ana Sofia Gomes
António Aldeia – Encenador
António Martins
António Martins Marques
António Pronto
Benedita Sampaio e Mello
Carlos Coelho – Arnaldo Leite
Carlos Daniel – Alain
Carlos Dias – Colega de António
Cristina Castelo Gomes – Cláudia
Cristina Chafirovitch – Carminda
Cristina Homem de Mello – Luísa
Fábio Berger
Fátima Belo – Marta
Fernanda Folgoso
Fernando Soares – Pai de Adelina
Jacinto Ramos – Caetano
João Maria Pinto – Nelo
João Ramalho
João Sarabando – Padre Danilo
João Ventura
Jorge Gonçalves – Zé Inácio
Jorge Leonardo
Judite Jourdan
Lena Coelho – Maria de Lurdes
Lília Breganti
Lourenço Sampaio e Mello
Luís Esparteiro – João
Luís Matta – Francisco
Luís Pavão – Padre Luís
Madalena Sotto – Helena
Manuela Maria – Odete
Manuela Pereira
Maria Bastos
Maria de Lurdes Rodrigues
Maria Isabel Cochicho
Maria Helena
Maria João Lucas – Teresa
Maria João Luís – Adelina
Maria Luísa Calazans
Mário Gomes
Marta Tereno – Silvina
Pedro Pessoa de Carvalho
Rui Pisco – José
Sandra Marina
Sofia Sá da Bandeira – Ana
Susana Martins
Susana Rolo
Tareka – Tia Roxanne
Teresa Faria – Justina
Tozé Martinho – António
Zé Arantes – Maurício

A Árvore apresenta-nos a tradicional família Sampaio, do tempo do Estado Novo, focando-se sobretudo no papel da mulher na família e na sociedade. Neste contexto, Caetano (Jacinto Ramos), o patriarca, é extremamente conservador e condescendente para com as aventuras de António (Tozé Martinho), o filho homem, ao passo que não tolera o mínimo desvio no comportamento das três filhas, principalmente de Ana (Sofia Sá da Bandeira), que recebe uma bolsa para estudar pintura em Paris e entra em rotura com a família.

Por sua vez, Teresa (Maria João Lucas), a filha mais moderada, tem um percurso normal, casando-se com João (Luís Esparteiro), um partido muito aprovado pela família.

Sem a coragem de Ana e sem a sorte de Teresa, Marta (Fátima Belo), a terceira filha, viverá sempre atormentada com as suas frustrações por nunca ter imposto a sua vontade, com medo de ameaçar a estrutura familiar. Muito agarrada às suas convicções católicas, sofre por ter de abrir mão do amor duas vezes, pois Zé Inácio (Jorge Gonçalves), o primeiro pretendente, é ateu, e o segundo, Maurício (Zé Arantes), professa a religião protestante. Marta também é marcada por um facto funesto ocorrido na residência da família, bem denunciador da moral vigente àquela época: o suicídio de Silvina (Marta Tereno), uma criada que se enforcou após ter sido despedida por ter relações sexuais com um colega.

Entretanto, António casa-se com Luísa (Cristina Homem de Mello) e tem quatro filhos. Todavia, nunca abandona a vida boémia, mantendo vários casos extraconjugais. A título de exemplo, contam-se Adelina (Maria João Luís), uma antiga merceeira que ele reencontra em Lisboa a tentar a carreira de corista, e, mais tarde, Maria de Lurdes (Lena Coelho), a enfermeira contratada para assistir à própria Luísa.

Ao saber que António mantém esta relação, Teresa, sempre concertadora, tenta arranjar uma solução amigável para o problema, pedindo-lhe que se volte mais para a mulher e que ponha um ponto final na sua aventura com a enfermeira. Ele faz ouvidos moucos, mas a situação não se prolonga por muito tempo, porque António tem um acidente de viação e morre quase instantaneamente.

Dois anos depois, Luísa decide voltar a casar-se, entrando em choque com toda a família do marido, a começar por Helena (Madalena Sotto), a matriarca, e pela própria Marta, que reconhece ter dedicado o melhor da sua vida aos outros.

Ana, enquanto isso, torna-se uma pintora de sucesso internacional, colocando a sua arte acima de tudo e de todos, o que desagrada profundamente a Alain (Carlos Daniel), o homem que veio a conhecer em Paris e com quem se casou. Apesar de se saber que Ana pode ter estado grávida, a verdade é que ela nunca chega a ter filhos e, pelo que consta, não sente necessidade de ser mãe.

Na fase final, um novo infortúnio atinge o agregado: Caetano e João empenham-se na criação de porcos, tendo para o efeito contraído um empréstimo avultadíssimo junto de um banco. Acontece que os animais são contaminados pela gripe suína africana, impondo-se o seu abate imediato. Sem o rendimento que contavam para pagar ao banco, Caetano e João desesperam-se e nem a bondosa tia Roxanne (Tareka) consegue angariar ao menos um comprador para a herdade em que os dois investiram. A ajuda virá de quem menos se espera. A parte de João é saldada por Carminda (Cristina Chafirovitch), uma antiga criada de quem ele chegou a duvidar da honestidade, que, a pretexto de ter vendido um anel de Teresa, lhes entrega uma verdadeira fortuna em dinheiro. Descobre-se, porém, que o dinheiro foi dado sem qualquer contrapartida, uma vez que Carminda lhes faz chegar o anel por um capataz. No que lhe toca, Caetano receberá o auxílio por parte de Ana, a filha a quem muitas vezes chamou de ingrata e que lhe consegue a quantia em falta para a liquidação dos débitos.

Caetano (Jacinto Ramos)
É o patriarca da família, que comanda orientando-se pelos valores professados pelo Estado Novo. Acérrimo admirador de Salazar, brinda várias vezes à saúde do estadista, considerando-o a pessoa indicada para estar à frente do país.

Helena (Madalena Sotto)
Típica mãe de família, vive para os filhos e obedece cegamente ao marido, mesmo quando não concorda com ele. É muito crítica em relação ao negócio da criação de porcos, discordando acesamente da contração do empréstimo bancário.

António (Tozé Martinho)
Bon vivant, termina o curso de medicina e casa-se com Luísa, mas não abandona as noitadas nem as mulheres. Tem uma relação fugaz com Adelina e vai-se apaixonar pela enfermeira Maria de Lurdes. Não lhe passa pela cabeça separar-se, porquanto acredita ser possível amar duas mulheres ao mesmo tempo.

Luísa (Cristina Homem de Mello)
Casada com António, não aprova as traições do marido e acaba por sentir algum alívio com a morte dele. Surpreende toda a gente ao escrever um livro marcadamente violento.

Ana (Sofia Sá da Bandeira)
A mais rebelde do clã, discorda do despedimento de Silvina quando a criada é surpreendida na cama com um colega. Entra em rotura com a família ao aceitar uma bolsa para estudar pintura em Paris.

Alain (Carlos Daniel)
Conhece Ana em Paris e casa-se com ela, mas não é feliz, uma vez que se sente preterido pela dedicação que a mulher devota à pintura.

Teresa (Maria João Lucas)
É a mais conciliadora da família. Tenta ajudar Luísa quando descobre que o irmão tem um caso com Maria de Lurdes. No entanto, não é insensível ao sofrimento desta após a morte de António e resolve visitá-la unicamente para a confortar.

João (Luís Esparteiro)
Grande amigo de António, casa-se com Teresa, inserindo-se perfeitamente no quotidiano da família. A certa altura, decide investir na criação de porcos, com a ajuda do sogro, mas o negócio corre muito mal.

Marta (Fátima Belo)
Por se dedicar demasiado aos outros, acaba por não ter vida própria. Segue todos os conselhos do vigário, a quem se confessa regularmente, o que a leva a não se casar nem com Zé Inácio nem com Maurício.

Zé Inácio (Jorge Gonçalves)
Amigo da família, professa ideias bem menos tradicionalistas. É ateu e opositor ao regime, chegando a ser preso pela PIDE. Apoia a atitude de Ana em partir para Paris.

Cláudia (Cristina Gomes)
Amiga italiana de Ana em Paris, é a primeira pessoa com quem ela divide as despesas. Quando vem a Portugal, fica hospedada em casa de Francisco, o pai de Luísa. As suas ideias liberais são consideradas demasiado avançadas para a época.

Francisco (Luís Matta)
Pai de Luísa, gere a sua viuvez com bom humor. Fica fascinado por Cláudia, quando a hospeda na sua residência, embora guarde segredo dessa atração.

Tia Roxanne (Tareka)
Viúva, orgulha-se de ser única mulher da família que trabalha. Conhecida por costurar belíssimos vestidos de noiva, conquistou um bom estatuto à custa de muita dedicação. Reconhece que apenas a respeitam porque conseguiu ser a melhor naquilo que faz.

Maurício (Zé Arantes)
Missionário protestante, apaixona-se por Marta, mas ela não abre mão da sua confissão religiosa, deixando-o partir sozinho para África.

Adelina (Maria João Luís)
Merceeira da localidade onde se passa a ação principal, vai para Lisboa tentar a sorte como corista. Não se quer deixar enganar, afirmando que será ela a fazer dos homens o melhor uso consoante lhe aprouver.

Arnaldo Leite (Carlos Coelho)
Diretor do teatro de revista. As pernas de Adelina não o deixam indiferente, levando-o a contratá-la de imediato.

Odete (Manuela Maria)
Costureira do teatro onde trabalha Adelina, está a par dos problemas sentimentais das coristas e aconselha-as da melhor maneira que pode.

Silvina (Marta Tereno)
Vítima da moral impiedosa dos anos 50, é despedida quando a surpreendem na cama com um colega. Vendo-se rejeitada até pela própria família, suicida-se.

Justina (Teresa Faria)
Também é criada como Silvina, mas inveja-a por se considerar mais feia e menos desejada. É quem conjura para que a colega seja descoberta e despedida.

Carminda (Cristina Chafirovitch)
Empregada da família Sampaio em Lisboa. Após o casamento de Teresa, passa a servir na herdade do Ribatejo. Com a ajuda da patroa, casa-se e muda-se para Angola, onde enriquece.

Maria de Lurdes (Lena Coelho)
Enfermeira contratada para cuidar de Luísa, ajuda também a tomar conta das crianças. É uma das conquistas de António, com quem continua envolvida mesmo depois de abandonar o emprego.

Padre Luís (Luís Pavão)
Guia espiritual de Marta.

1. (03/01/1992)
Junto ao galinheiro da quinta, Ana, Marta e Teresa Sampaio assistem curiosas e perturbadas a uma cena de paixão entre Silvina e José, dois dos criados. Mais perturbada que as irmãs fica Marta, que vai ter com o padre Danilo. Nessa noite, o jovem médico António Sampaio assiste uma rapariga que foi bastante maltratada pelo pai. Ana e Zé Inácio acompanham-no.


2. (10/01/1992)
Ana fica muito contente ao receber uma carta, comunicando-lhe que ganhou uma bolsa para estudar pintura em Paris. Apenas partilha a notícia com Zé Inácio, pois não quer contar nada aos pais, antes do casamento de sua irmã Teresa com João. No Teatro Maria Vitória, uma das coristas dá por falta de uma colega, e Nelo, o eletricista, lembra-se de solucionar o problema, recorrendo a Adelina, uma rapariga desinibida que logo é contratada. Os preparativos para o casamento continuam a decorrer.


3. (17/01/1992)
Ana faz as malas para regressar a Portugal e pede a Cláudia que não fale da sua gravidez a Alain. Ao mesmo tempo, Luísa prepara-se para ir para a maternidade. Ao chegar a Lisboa, Ana faz um aborto e fica muito debilitada. Mais tarde, António, cujo filho entretanto já nasceu, intercede a favor de Ana para que Caetano a perdoe e a aceite de novo.


4. (24/01/1992)
Helena conta a Luísa que Ana escreveu de Paris, pedindo alojamento para Cláudia, durante a sua próxima estada em Portugal. Mas, quando esta última chega com Maurício, acaba por ir para casa de Francisco, onde se instala na companhia de Marta. Zé Inácio é vigiado pela PIDE e acaba por ser preso.


5. (31/01/1992)
Zé Inácio sai da prisão e vai visitar Luísa e António. Por seu lado, Marta sente-se infeliz com a separação de Maurício e desabafa com Luísa. Esta confidencia-lhe que também não se sente muito realizada e que escreveu um livro. Teresa decide ajudar a sua criada Carminda no casamento e arranja-lhe uma colocação em África.


6. (07/02/1992)
Corre o ano de 1961 e João e Teresa sofrem problemas graves na herdade do Alentejo, pois os porcos estão com peste africana. Entretanto, Luísa apresenta a Marta o seu noivo, Eduardo, e esta última fica muito chocada, pois só passaram dois anos sobre a morte de António. Sem dinheiro suficiente para fazer face aos encargos, Teresa resolve vender algumas das suas jóias.

Produzida pela Atlântida, produtora de Tozé Martinho, A Árvore foi exibida às sextas-feiras, por volta das 21:30, na RTP 2.

A série é baseada no livro com o mesmo nome, da autoria de Ângela Sarmento (pseudónimo de Maria Teresa Ramalho, conhecida como Tareka), publicado em 1963.

Edição de 1978

Denota-se que a trama contém, como o livro, um grande cunho autobiográfico da autora, cujo nome sabemos ser Teresa, fazendo adivinhar que a personagem interpretada por Maria João Lucas seja o seu alter-ego.

Muito embora parta de conflitos que existem no livro, a série não é exatamente uma transposição, até porque contém muitos personagens que não constam do romance. De facto, na série não existem Mónica e José Vicente, que no livro são irmãos de Teresa, Marta, Ana e António. Gracinha e Luís Filipe, amigos da família e com algum destaque no livro escrito nos anos 60, também não figuram na série televisiva. Por sua vez, a tia Roxanne, vivida pela autora, não aparece na obra literária, onde se fala de outra tia chamada Dora, que morre nos primeiros capítulos.

Teresa e Roxanne

Por outro lado, se o suicídio de Silvina (Marta Tereno) ocorre no início em ambas as tramas, a ordem pela qual os entrechos se sucedem não é sempre a mesma.

A Árvore marcou a estreia em televisão da atriz Fátima Belo.

Foi também com este trabalho que Maria João Lucas – que se tornara conhecida ao interpretar a Margarida da telenovela Palavras Cruzadas – se despediu da carreira de atriz.

A série encontra-se disponível para visualização no portal RTP Arquivos.

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A Árvore