1. (08/01/2001)
Na rua principal pára uma camioneta. De lá saem Chico Perigoso e Isaura, que, depois de uma longa viagem, chegam finalmente à terra prometida. Isaura olha assustada em seu redor, enquanto Chico aprecia um carro de boa marca que entra na vila e garante-lhe que um dia ele será proprietário de uma máquina daquelas. Isaura e Chico deixaram para trás Viana e um próspero negócio de gado. Renderam-se ao volfrâmio e ao sonho de enriquecer depressa. Também Madame La Chienne e as suas meninas – Amélia, Isilda e Inácia – resolveram tentar a sorte na zona das Beiras. Com os ouvidos cheios de histórias de ouro e champanhe, não hesitam em deixar a cidade do Porto. Na aldeia, aliados e alemães dividem a exploração do minério, exploração essa que emprega muita gente ansiosa de enriquecer. Vindos de todas as partes, homens, mulheres e crianças amontoam-se nas camionetas em direção às minas de volfrâmio, mas “na terra da fortuna só se safa quem se fizer surdo e cego à lei”. Apesar de ter chegado há pouco tempo, Chico faz questão de marcar pela diferença e recusa-se a entrar na camioneta: não quer ser tratado como gado, preferia que o levassem de carro. Wulf, responsável pela exploração de volfrâmio do lado alemão, sabe que é apenas uma questão de tempo até que o consiga domar. António, taxista, tem uma das funções mais importantes na aldeia. O seu táxi transporta feridos e mortos, mas também serve de hospital quando este se encontra afastado. A mulher de Joaquim Capataz está prestes a dar à luz e é no táxi, com a ajuda de Isaura, que nasce o seu filho. Quando não estão a trabalhar nas minas, muitos mineiros passam o tempo na tenda do Grosso, onde Maria, a filha, desperta a atenção de todos os homens. Embriagado com a sua beleza, Bob Cartland, filho de um negociante de volfrâmio, nem reparou que estava do lado inimigo. Mas Maria parece não reparar nestas manifestações de interesse: é fiel a Eduardo Covas, que ganha a vida como mineiro. Depois de ouvir a conversa entre Covas e Olho de Boi, sobre a quantidade de volfrâmio encontrado nesse dia, Chico Perigoso pensa que aquele filão há-de ser todo para si.
2. (15/01/2001)
Chico tenta arranjar aliados para o golpe e fala também com Covas, que, preocupado com a saúde do seu irmão Bernardino, concorda em ajudá-lo. Só Isaura, a mulher de Chico, o censura, pois tem medo de que algo corra mal. Entretanto, Covas, na mina, rebela-se contra a opressão existente e isso faz com que ele se decida a acompanhar os outros no roubo do filão. O roubo efetua-se, depois de algumas peripécias, e Covas e Olho de Boi saem da mina com o volfrâmio roubado. Chico tinha ficado de fora a vigiar a entrada. No outro dia, quando retomam os trabalhos, Capataz apercebe-se de que o filão está mais reduzido e berra que todos os mineiros irão ser revistados. Ao saber disso, Chico apressa-se a vender o volfrâmio e, para isso, dirige-se ao Café Viriato, onde decorrem estas transações. Aí informam-no de que o alemão, Wulf, em dias de embarque paga a dobrar, e Chico vai imediatamente aos escritórios do alemão. Quando está frente a frente com o alemão, entra Capataz com Covas, pois tinham descoberto uma pedra de volfrâmio nas calças dele. Chico fica em pânico.
3. (22/01/2001)
Covas e Chico, no gabinete de Wulf, fingem não se conhecer. Depois de revistado, descobre-se uma pedra no bolso de Covas. Este diz que apenas tirou algumas pedras para poder custear os tratamentos de Bernardino. Covas acaba por ser metido numa prisão, cheia de ratos e de humidade. Aí é espancado. Chico consegue vender o volfrâmio a Wulf, que finge acreditar que ele não teve nada a ver com o roubo do filão. Chico esbanja dinheiro e começa a frequentar a casa de Madame La Chienne. Maria vai visitar Covas à cadeia e fica impressionada com o aspeto dele. Covas pede-lhe que vá falar com Chico e lhe transmita um recado: se ele não o tira dali, Covas denuncia-o ao alemão. Chico, traiçoeiro, vai falar com Olho de Boi, que tudo fará para libertar Covas. Chico atrai-o a uma cilada, fingindo, perante Wulf, que Olho de Boi é que era o verdadeiro ladrão. Perante esta evidência, Wulf liberta Covas. Ao sair da prisão, Covas dirige-se imediatamente à sua tenda para ver do irmão. Chama-o, abana-o, mas Bernardino não responde. Está morto. Covas jura vingança.
4. (28/01/2001)
Covas, depois da morte de Olho de Boi, dirige-se a casa de Chico para saber o que se passou com a morte daquele. Só que Chico já tem uma história preparada e, fingindo-se comovido, conta-lhe que Olho de Boi teve de pagar um preço alto para poder libertar o amigo da casa das ratas. Acrescenta ainda que quem o assassinou estava a mando do alemão e queria o volfrâmio roubado. Covas mostra-se convencido com aquela história e Chico respira aliviado. Covas, iludido com a sua própria situação, vai ter com Maria e diz-lhe que vai ficar rico, e então poderão ficar juntos para toda a vida. A rivalidade entre Chico e Covas vai manifestar-se ainda numa romaria em que toda a gente está na rua a festejar o dia do Santo. No meio do entusiasmo, Maria aceita dançar com Chico, que a aperta cada vez mais, tornando-se notado por todos. Covas aparece e envolvem-se em acesa luta. Chico fica no chão a sangrar.
5. (04/02/2001)
Covas, depois da luta com Chico, fica furioso com Maria, pois já lhe tinha dito que não ligasse a Chico. Este, entretanto, deixa-se cuidar por Madame La Chienne e arranja um esquema com ela para aumentar a clientela do bordel. Precisam de carne fresca, e Maria, com a sua beleza, seria o isco ideal. Madame La Chienne pensa abordar Maria no final da missa. Diz-lhe que é uma pena uma rapariga com a beleza dela viver sem o luxo a que teria direito e que ela poderá ganhar muito dinheiro no bordel, só a dançar com os homens. Quando Covas percebe o que se passa, ameaça Madame La Chienne de lhe deitar fogo ao bordel. Também Ricardo pensa num estratagema para se livrar de Clara. Com certeza que Madame La Chienne gostaria de ter uma mulher casada no seu bordel. Então, atraem Clara ao bordel, onde Chico a espera, e ela cai nas mãos do lobo.
6. (12/02/2001)
Na casa de Madame La Chienne, Clara vai-se deixando levar nas cantigas e galanteios de Chico, mas nos momentos mais íntimos é em Ricardo que pensa, e é o seu nome que pronuncia. No entanto, Chico não parece ficar incomodado. Madame La Chienne propõe a Chico que traga mais mulheres casadas para o bordel, daquelas que querem ter mais uns tostões lá para casa, sem que os maridos desconfiem de onde vem o dinheiro. Entretanto, Chiquinho continua a falar do filão a Covas, que não quer que ele se meta naqueles negócios. Mas ele próprio continua obcecado com o dinheiro de que precisa para fugir com Maria e vende volfrâmio a Bob.
7. (19/02/2001)
A morte de Chiquinho não deixa ninguém indiferente. A revolta é geral e a mãe está inconsolável. O pai, bêbedo, procura dinheiro nos bolsos do filho, o que impressiona Covas. Este compromete-se a pagar o funeral e a vingar a morte de Chiquinho. Mais tarde, Covas encontra-se com o bandido que lhe vai vender o volfrâmio. Eis senão quando nota que o bandido tem ao pescoço a medalha que era de Chiquinho. Covas percebe que tem à sua frente o assassino de Chiquinho e mata-o com requintes de malvadez, no que é muito aplaudido pela multidão, que o considera um herói. Mas a lei local é diferente, e Covas é preso. Wulf consegue que ele seja libertado, alegando que o seu ato tinha sido em legítima defesa. Entretanto, os alemães estão preocupados com a construção de uma nova estrada de ligação direta às minas. Essa estrada encurtará o caminho em três horas, o que vai permitir que o minério chegue mais depressa ao seu destino do que o minério dos ingleses e, para eles, “ganharem a batalha do volfrâmio é mais uma ajuda para ganharem a guerra”. Mas os ingleses têm a mesma preocupação e adiantam-se aos trabalhos, concluindo uma estrada antes dos alemães, que se dão por vencidos.
8. (26/02/2001)
É no Café do Viriato que os alemães e os ingleses se encontram para resolver a questão da estrada. Na mesa estão Bob, Ricardo, os engenheiros, Wulf, o Presidente da Câmara e o Juiz, mais favorável aos alemães, sobretudo por causa do irmão, que está feito com os ingleses. Todos querem chegar a um consenso em relação às estradas, mas nestes tempos é difícil manter a neutralidade. O Governo Português pretende apenas evitar um incidente diplomático. No final, o Presidente da Câmara decide autorizar a construção de uma estrada que sirva os dois inimigos, sem diferenças. Em conversa com António, Chico fica interessado em conhecer a mulher de Vergaça, Celeste Cavalona. Seria uma boa aquisição para a casa de Madame La Chienne.
9. (05/03/2001)
Covas quer vingar-se de Chico por este ter tentado abusar de Maria, mas ela convence-o a desistir, dizendo que ela é que tinha tido a culpa ao concordar em transportar um saco de volfrâmio. Achou que seria um trabalho inofensivo, que lhe daria algum dinheiro para poderem casar mais cedo. Mas Covas insiste e dirige-se a casa de Chico, onde Isaura fica muito preocupada com a atitude dele. Chico, que se tinha escondido de Covas, vai até à casa de António, onde ouve as últimas notícias sobre o minério. O Prof. Oliveira Salazar mandou tabelar o volfrâmio, a um preço mais abaixo do que eles previam. Chico apressa-se a ir ter com Wulf, convencendo-o de que, por amizade, lhe quer vender volfrâmio a um preço mais baixo. Ricardo faz negócio com Wulf, mas, ao tentar sair da vila com o carregamento, é apanhado pela Polícia.
10. (26/03/2001)
Bob dirige-se ao Café Viriato, mas desta vez não são negócios que o levam até lá: vai apenas comprar cinco tabletes de chocolate para oferecer a Maria. Quem também lá se encontra é Chico, que está de partida para o Porto, em negócios. Covas entra no café e lança-lhe um olhar feroz. Covas espera por Chico, mas este, quando sai, apressa o passo e junta-se a Vergaça e aos guardas, evitando assim o confronto. Maria volta a encontrar-se com Bob, embora queira casar com Covas. Bob dá-lhe os chocolates, Maria começa a comer um e, quando Bob se afasta, ela ouve um grande barulho e um vulto a fugir. Bob foi assassinado. Mais tarde, as investigações e as informações de Madame La Chienne levam até Maria, que é interrogada, embora haja outros possíveis suspeitos, como Chico Perigoso, Clara e Vergaça.
11. (02/04/2001)
Pressionada pelo agentes e pelo inspetor, Maria acaba por confessar que foi Chico Perigoso quem matou Bob, e que só não o acusou mais cedo por ser muito amiga de Isaura. Não acreditando nela, os agentes acham que Maria está apenas a proteger Covas, pois António confirmou ter levado Chico ao Porto para tratar de negócios. Chico, como não podia deixar de ser, acusa Maria de estar a mentir e insiste que esteve no Porto, e por isso não podia ter morto o inglês. Com medo do que pode vir a acontecer, Maria insiste com Covas que está na altura de fugirem. Só que Covas não quer abandonar esta vila enquanto não encontrar o filão. Depois de mais uma vez ter sido chicoteado por Vergaça, Chico sucumbe ao pedido de Wulf e acaba por se confessar o autor do crime. Em troca deste testemunho Wulf, promete tirá-lo da casa das ratas o mais depressa possível. António dirige-se até à cadeia onde se encontra Chico, na tentativa de o libertar. Através de subornos aos guardas, em pouco tempo consegue ter Chico cá fora.
12. (09/04/2001)
Depois de fugir da prisão, Chico tem pouco tempo para ir a casa fazer a mala e dirigir-se ao local onde vai ficar escondido. António descobriu uma cabana perdida na serra, onde Chico vai passar os dias, até ser provada a sua inocência. Clara dirige-se a uma tecedeira para fazer um aborto. De regresso a casa, no táxi de António, as dores tornam-se demasiado fortes e, ao vê-la em sofrimento, António chama o médico. Em casa de António, Covas mostra a Chiquinho algumas das pedras que encontrou e sente que já não deve faltar muito para o filão ser todo deles. Arrasado com o diagnóstico que o médico fez da sua mulher, Reinaldo resolve ir até ao Café Viriato para aliviar a sua tristeza com alguns copos de champanhe. Ao chegar a casa, já bem bebido, Clara conta-lhe toda a verdade. Com o coração pesado, o juiz levanta-se, vai até à escrivaninha, abre uma gaveta e tira um revólver… Madame La Chienne recebe a visita de António, que, a pedido de Chico, está ali para levá-la até ao seu esconderijo. A Madame não hesita, pois está cheia de saudades dele, e não se esquece de levar o champanhe. Quando se encontram, Chico garante-lhe que não foi ele quem matou o inglês, e Madame não duvida da sua palavra. Depois de ter passado a noite no bordel a beber, Ricardo sai um pouco cambaleante. Numa curva mais perigosa, o carro sai descontrolado, mas Ricardo consegue endireitar o volante. Nesse instante, vê um carro no meio da estrada. Trava, sai do carro e, quando se aproxima, vê com nitidez o que já desconfiara: é o seu irmão que está lá dentro, com um tiro na cabeça.
13. (16/04/2001)
Com a alegria de ter encontrado o filão de volfro, Covas nem repara que Dente de Ouro e os bandidos estão a observar todos os seus movimentos e se preparam para atacá-lo a qualquer momento. Clara sente-se culpada pela morte do marido. Foram os seus pecados que o levaram a este fim trágico. Para aliviar o peso que sente no coração, recorre ao abade e conta-lhe tudo. Quer entregar-se à paz de Deus e decide ir para um convento. Dente de Ouro, assim que tem uma oportunidade, dispara, e o pobre do Covas, atingido, cai sobre a saca do minério, espalhando-o. Na tenda de Grosso, Maria zanga-se com o pai, quando este, mais uma vez, acusa Covas de ter morto o inglês. Covas, apesar de ferido, consegue disparar sobre os bandidos, matando-os. Dente de Ouro corre na sua direção com a pistola em punho, mas Covas dispara, certeiro, matando-o também. Já de noite, e com o minério guardado dentro dos sacos, Covas dirige-se à tenda de Grosso e Maria abraça-o, emocionada.