Exibição:
17/09/1990 – 31/12/1993 (RTP 1)
Número de sessões:
856
Apresentação:
Herman José
Assistente:
Ruth Rita
Locução:
Cândido Mota
Produção:
José Montalvão
Realização:
Manuel Ruas
Exibição:
17/09/1990 – 31/12/1993 (RTP 1)
Número de sessões:
856
Apresentação:
Herman José
Assistente:
Ruth Rita
Locução:
Cândido Mota
Produção:
José Montalvão
Realização:
Manuel Ruas
A Roda da Sorte baseia-se na adivinhação de palavras ou expressões. Três concorrentes andam à volta c’a roda e têm de adivinhar a expressão que aparece oculta num quadro luminoso, que pode ser desde o nome de um objeto ao de uma cidade, um provérbio ou o título de um filme.
Os montantes auferidos são determinados pela roda em movimento, onde se encontram inscritas diversas quantias em numerário.
Deste modo, até a palavra ou expressão oculta se tornar minimamente percetível, permite-se aos concorrentes irem escolhendo letras com vista a decifrar o enigma.
Algumas secções da roda têm funções específicas: a bancarrota faz com que o concorrente perca todo o dinheiro amealhado até ao momento; o perde a vez, como o próprio nome indica, inibe-o de jogar; o diabrete (que, nos primeiros tempos, aparecia com a imagem do Óleo Frigi, patrocinador do concurso) permite-lhe livrar-se da bancarrota; por fim, a roda livre confere-lhe a possibilidade de jogar novamente quando perde a vez ou quando anuncia uma letra não contida na expressão.
O prémio mais chorudo chega na segunda parte. Com um pouco de sorte, o concorrente pode ficar a braços um cheque de mil contos, um automóvel ou um dos prémios surpresa contidos nos “engrelopes”.
Para a prova que confere um destes prémios, o concorrente escolhe previamente as letras, cinco consoantes e uma vogal, estando imediatamente apto para adivinhar a palavra ou as palavras que se escondem no visor.
Com um formato simples e bastante popular, A Roda da Sorte estreou em substituição do Jogo de Cartas e esteve no ar por mais de três anos, conquistando um público de todas as idades.
O concurso era baseado no formato americano Wheel of Fortune, estreado em 1975 e ainda hoje em exibição.
Apresentado pelo humorista Herman José, A Roda da Sorte revelou-se desde cedo um concurso sui generis, sem o formalismo normalmente impresso pelos restantes locutores. Assessorado pela modelo Ruth Rita, Herman José transpôs para o programa a sua personalidade irreverente, lançando piadas ou levando a assistência a repetir expressões pitorescas ao longo de muitos meses – quem não se lembra da farfalota pimpinela?
Em ocasiões pontuais, foi recebida em estúdio a visita de convidados que confraternizaram com Herman José e os concorrentes.
O trocadilho ou a graça oportuna era algo que não faltava, muitas vezes a propósito das respostas dadas pelos concorrentes. Por exemplo, numa prova em que a resposta era o título do filme O Feiticeiro de Oz, alguém soletrou “O Feiticeiro do Pó” e, durante o resto do programa, Herman José repetiu constantemente “O Feiticeiro do Pó” com o intuito de fazer graça.
Outra vez, numa ocasião em que o tema tinha a ver com a televisão portuguesa, perguntou ao digníssimo público, bem como a Cândido Mota, que o assistia em voz off, qual era a diferença entre a RTP e uma vaca. Ninguém adivinhou a resposta, que nem era assim tão difícil: “a RTP tem uma Tieta e a vaca tem muitas”.
Em outro programa, após aparecer no visor o nome de Madre Teresa de Calcutá, intimou a assistência a adivinhar: “Um monte de ossos que nem os cães querem, qual é coisa qual é ela”.
Em A Roda da Sorte também se fazia divulgação de outros programas da autoria de Herman José, designadamente O Tal Canal, que chegou a repetir na altura em que o concurso estava no ar. A este propósito, o apresentador recomendava que se assistisse a este clássico humorístico que era “do melhorio”.
A audiência do programa revelou-se bastante razoável, não obstante em alguns momentos sofrer a concorrência da novela da RTP 2. Contudo, quer Herman quer Cândido Mota também fizeram piada desta ocorrência, lembrando que “na tabela das audiências já apareciam lá ao fundo, mas era porque não viam a novela do segundo”. Após o termo de Direito de Amar no verão de 1991, a RTP 2 deixou de apresentar uma novela ao fim de tarde, e A Roda da Sorte, nos últimos dois anos, foi líder absoluto de audiências.
Trata-se, pois, de um concurso muito lembrado, sobretudo pelo facto de Herman José ter conquistado a terceira idade, até à altura muito resistente ao seu tipo de humor mordaz.
No início de cada sessão, Herman José mostrava, habitualmente, alguns dos presentes que os espectadores faziam chegar à produção do concurso.
Ademais, é sempre divertido recordar o último programa, exibido no dia 31/12/1993, em que Herman José, munido de uma espingarda, destruiu praticamente todo o cenário do concurso. Um final verdadeiramente apoteótico…
Na segunda-feira seguinte, o horário foi ocupado por Com a Verdade M’Enganas, concurso com autoria e apresentação de Herman José, que continuou a contar com a assessoria de Cândido Mota e Ruth Rita.
Foi lançado, pela MB Jogos, um jogo d’A Roda da Sorte, que era também distribuído aos concorrentes do concurso.
No ano de 2008, a SIC comprou os direitos de exibição de A Roda da Sorte, que esteve alguns meses no ar, também com a apresentação de Herman José.