A Vida ao Pé de Nós

Exibição:
03/06/1988 – 24/06/1988 (RTP 1)

Número de episódios:
03

Realização:
Luís Filipe Costa

1. A borboleta na gaiola (03/06/1988)
A Lisboa de 1973 é recriada através do quotidiano de várias pessoas ligadas aos jornais, televisão, cinema e teatro, nos tempos que antecedem a revolução do 25 de Abril.

Elenco:
João Mota – André
Helena Isabel – Lídia
João Lagarto – Nuno
Amélia Videira – Ana
Rui Mendes – João
Isabel Medina – Mónica
Carlos Santos – Patrício
Carlos Paulo – Albano
Almeno Gonçalves – Juvenal
Paulo Ferreira – Zé Paulo
Cláudia Cadima – Gina
Ângela Pinto – Isilda
João Maria Pinto – Saúl
Rui Luís – Crítico
Rosa Villa – Rapariga
Marques d’Arede – Santana
José Luís – Nóbrega
Hermenegildo Gomes – Roldão
Dulce Guerreiro – Balada
Francisco Barbosa – Chico
José Ribeiro – Agente
Orlando Santos – Amigo

Autoria:
Luís Filipe Costa

Tema musical:
Carlos Mendes

Produção:
Luís de Freitas

2. Muito tarde para ficar só (17/06/1988)
A ação decorre na atualidade e é um olhar desapaixonado, embora terno, sobre quatro mulheres entre os 30 e os 40 anos, que eram amigas na altura do 25 de Abril e que entretanto se separaram, construindo cada uma a sua vida.

Elenco:
Margarida Carpinteiro – Teresa
Maria José Paschoal – Luísa
Teresa Madruga – Maria
Maria do Céu Guerra – Joana
José Nogueira Ramos – Rodrigo
Pedro Jardim – João
José Wallenstein – Rui
Paula Sousa – Sónia
Rita Salema – Manuela

Autoria:
Isabel Medina

Música:
Carlos Martins
Sérgio Godinho
António Pinho Vargas
Carlos Mendes

Produção:
Couceiro Netto

3. Era uma vez um alferes (24/06/1988)
A ação decorre em África, durante a guerra colonial. Após um ataque “surpresa” a um aquartelamento numa zona considerada território pacificado, uma coluna de soldados segue o rasto dos atacantes. Durante a patrulha, um alferes pisa uma mina, que rebentará quando ele levantar o pé. Os diferentes pontos de vista entre o alferes e o seu capitão acabam por se sobrepor ao calor da luta, trazendo ao de cima um conflito latente entre duas maneiras de encarar a guerra e a vida.

Elenco:
José Jorge Duarte – Alferes
Júlio César – Capitão
João Lagarto – Médico
Argentina Rocha
Vítor Norte
José Wallenstein
Manuel Coelho
António Fonseca
Rui Peixoto
José Pedro Gomes
Miguel Guilherme
Hermenegildo Gomes
André Nuno (André Gago)
José Luís
João Azevedo

História de:
Mário de Carvalho

Música:
Jorge Lima Barreto
Raul Mendes

Produção:
Luísa Maria Jacinto
Olívia Varela

A Vida ao Pé de Nós foi um conjunto de três telefilmes exibidos à sexta, por volta das 21:15, depois de Roque Santeiro.

Depois da evocação a um tempo realista e a uma visão poética da cidade com Em Lisboa, Uma Vez (1985), Luís Filipe Costa retomava, com esta trilogia, o olhar curioso sobre o dia-a-dia das nossas gentes.

O recente passado colonial português e os dias de hoje eram os tempos de A Vida ao Pé de Nós. Embora os filmes tenham sido concebidos para exibição em ordem cronológica, a programação da RTP posicionou-os de outra forma. Não veio daí grande mal ao mundo, porque eles eram independentes uns dos outros.

Baseada em argumentos de três autores distintos, um dos quais era o próprio realizador, os três filmes abordaram temas relacionados, respetivamente, com os intelectuais, as mulheres e a juventude.

A borboleta na gaiola teve o seu título inspirado num provérbio japonês: “Se as borboletas cantassem, metê-las-iam numa gaiola”. Este filme, uma história baseada em factos reais, assumiu primeiro a forma de novela, editada em 1984.

Ao escolher uma obra sua para ilustrar um dos capítulos de A Vida ao Pé de Nós, Luís Filipe Costa procurou aproveitar da melhor maneira a sua memória de um passado bem recente. Foi assim que A borboleta na gaiola surgiu, nas palavras do seu autor, como a reconstrução do território lisboeta habitado pela Esquerda Festiva no ano que antecedeu o 25 de Abril, com as suas reações aos fenómenos então emergentes: a emancipação feminina, o assumir da homossexualidade, a ecologia, etc.

“É essencialmente sobre os homens de esquerda que eu conheci”, declarou o realizador, que não hesitou em afirmar que havia personagens no filme que ainda se movimentavam nesses meios, mas que ninguém saberia quem eram.

O filme foi exibido, em antestreia, no Festróia, suscitando um entusiástico acolhimento por parte do público presente.

Baseado num conto de Mário de Carvalho, Era uma vez um alferes contou uma história passada no teatro da guerra africana.

Partindo de uma situação que colocava face a face um alferes e um capitão, a narrativa centrava-se no diálogo entre os dois homens, revelando duas atitudes perante a vida, duas maneiras de ver a situação portuguesa durante o tempo da guerra. O tema respeitava indubitavelmente às grandes questões que então se puseram à juventude portuguesa.

Muito tarde para ficar só, da autoria de Isabel Medina, abordou os tempos da Lisboa atual, percorrendo o quotidiano de quatro mulheres entre os 30 e os 40 anos: “É um trato humano, com muito de otimista, já que essas quatro personagens são figuras de mulheres muito fortes. Tudo gira à volta delas, sendo as personagens masculinas de pouca importância”, descreveu a autora.

A série encontra-se disponível para visualização no portal RTP Arquivos.

Partilhar:

A Vida ao Pé de Nós