A Viúva do Enforcado

Exibição:
31/01/1993 – 11/04/1993 (SIC)

Número de episódios:
10

Guião:
Walter Avancini
Paulo Filipe
Carlos Alberto Ratton

Diálogos:
Paulo Filipe

Direção musical e temas originais:
Guto Franco

Direção de produção:
Luiz Carlos Laborda

Produção:
Paulo Trancoso
Walter Arruda

Realização:
Walter Avancini

Produtora executiva:
Máquina dos Sonhos

Elenco:
Anabela Teixeira – Teresa de Jesus Pereira
Carlos Santos – Joaquim Pereira
Laura Soveral – D. Feliciana Pereira
João D’Ávila – Cónego Norberto Araújo
Carmen Dolores – D. Inácia Norberta
Joaquim Rosa – Tio Manuel
Carlos César – Dr. Neves
Augusto Leal – Luís Nogueira
Paulo Oom – António Maria
Vítor Rocha – Guilherme Nogueira
José Moreira – Anspeçada Tavares
Óscar Branco – Sr. Rodrigues
Micaela Cardoso – Caetana
Estrela Novais – Criada

Atores espanhóis:
Francisco Carrillo – Rojo de Valderas
Francisca Lorite – Inês de Valderas

Elenco adicional:
Adelaide Teixeira – Prima
Alexandre Pinheiro
Alfredo Correia – Guarda
Amílcar Botica – Meirinho-Geral
António Évora – Frei João
António Lago
António Reis – Padre (Porto)
Arlete de Sousa
Clara Nogueira
Couto Viana – Reitor de Ronfe
Cristina Costa – Parturiente
Cristina Oliveira – Prima
Delfim Freitas
Emanuel Ribeiro
Emília Silvestre
Fernando Almeida
Fernando Guerreiro
Fernando La Farina
Francisco Villaverde
João Cardoso – Guarda
João Fernandes
João Paulo Costa – Cocheiro
Joaquim Reis
Jorge Meireles
Jorge Seabra Paupério – João
Jorge Pinto – Bernardo Correia
Jorge Sousa Costa – Padre (Lisboa)
Jorge Vasques – Guarda
José Capela
José Eduardo – Juiz
Júlio Cardoso
Luís Correia – Juiz
Lurdes Rodrigues
Manuela Cassola – Tia Rosa
Maria Simões
Miguel Ribeiro
Nelson Freitas
Paulo Pinto
Rosa Quiroga
Rui Miguel
Sérgio Alxeredo
Teresa Chaves – Prima
Vaz Mendes

Menina já mulher, Teresa de Jesus (Anabela Teixeira) é a única filha do surrador Joaquim Pereira (Carlos Santos), homem rude e de avareza boçal. Ao visitar uma igreja, conhece o filho do ourives local, um jovem idealista e sensível de nome Guilherme Nogueira (Vítor Rocha).

Teresa e Guilherme

O pai de Teresa teima em casá-la com o tio Manuel (Joaquim Rosa), homem abastado e comerciante do Porto. Teresa, entretanto, escreve ao jovem ourives, tendo a criada Caetana (Micaela Cardoso) por sua cúmplice no namoro. O tio Manuel, por seu turno, faz planos para o casamento.

Caetana

O cónego Norberto de Araújo (João d’Ávila), apreciador dos prazeres do mundo, não entende os escrúpulos de Guilherme, não lhe negando, porém, o seu apoio. De tal forma que procura o pai de Teresa e tenta explicar-lhe as razões do amor que cresce entre os jovens.

Guilherme, cada vez mais convencido de que este amor terá um desfecho negro, decide partir e logo é lançado um boato: a filha do curtidor fugiu com o filho do ourives. O povo dirige-se a casa de Teresa de Jesus para verificar o sucedido. O próprio pai acredita. Teresa, com a inocência estampada no rosto, recebe o povo e sossega o pai.

No entanto, o boato já tinha ultrapassado tudo, e Teresa tem de fugir com Guilherme para Espanha. A princípio, as coisas correm bem; mas, lentamente, a realidade vai-se modificando. Guilherme, de fracos recursos, incomoda-se com certos excessos de Teresa. Numa ida ao mercado, ela conhece Inês (Francisca Lorite), a filha do Alcaide de Zarza (Francisco Carrillo). E é num passeio ao campo que as duas raparigas travam conhecimento com o jovem António Maria (Paulo Oom), que anda fugido à forca. Este faz a corte a Inês, mas não deixa igualmente de a fazer a Teresa.

António Maria e Inês

António Maria, pouco antes da inesperada morte de Guilherme, anunciara a Teresa o seu casamento com Inês, mas acaba por mudar de ideias: é Teresa a mulher que ele ama. A sua decisão e a consequente morte de Inês, vítima de despeito e mágoa, provocam a ira do Alcaide.

Teresa e António Maria

Teresa e António Maria casam-se em Espanha e pensam que estão em segurança, mas o Alcaide não desiste da sua vingança, fazendo António cair nas mãos da justiça portuguesa. António é preso, julgado e enforcado. Que destino, agora, para a “viúva do enforcado”?

Teresa de Jesus Pereira (Anabela Teixeira)
Jovem muito bonita e devota, sonha em entrar para um convento, tendo todo o apoio do seu confessor. Nunca quis saber dos homens, até se encantar com o ourives Guilherme Nogueira. É filha única, pelo que a sua devoção não é vista com bons olhos pelo progenitor, que almeja ter descendência a quem deixar o que amealhou durante a vida. Apesar de estar prometida ao tio Manuel do Porto, leva avante o seu intento de se unir ao ourives, por quem se apaixona enquanto aprecia o tesouro da Senhora da Oliveira. Já casados, os dois partem para Espanha, onde a vida de Teresa se torna entediante. É aí que ela conhece António Maria, com quem contrai segundas núpcias, ao ficar viúva de Guilherme.

Guilherme Nogueira (Vítor Rocha)
Após estudar pintura no Porto, estabelece-se como ourives e escultor de metais preciosos, ensaiando a imitação do antigo. Trabalha na Colegiada, onde curiosos vêm observar peças de arte sacra. É neste contexto que conhece Teresa de Jesus. Os dois casam-se às escondidas e fogem para Espanha, onde Guilherme morre, vítima de uma doença súbita.

Joaquim Pereira (Carlos Santos)
Pai de Teresa, é um homem rude e de poucas palavras. Trabalha na arte de curtir as peles, que lhe fez granjear um considerável património, faltando-lhe todavia outra prole além da jovem beata. Não gosta de ver a filha sempre a rezar e opõe-se veementemente ao frade franciscano que prometeu fazer dela uma santa. Vendo Teresa sem pretendente endinheirado, promete-a ao seu irmão Manuel, mas é desafiado pela pertinácia da filha, que foge com Guilherme Nogueira. Desiludido com o seu fadário, vai viver os últimos anos da sua vida ao lado do irmão.

Feliciana Pereira (Laura Soveral)
Mãe de Teresa, antevê desgostos quando a vê repudiar a ideia de casar com o tio. Mais complacente do que Joaquim, procura proteger a filha dos seus maus modos e da sua intransigência, apesar de não lhe agradar a ideia de o clero vir a herdar a fortuna da família. Depois de Teresa fugir com Guilherme, separa-se do marido e muda-se para casa da irmã.

Caetana (Micaela Cardoso)
Criada de Teresa, é conivente no seu relacionamento com Guilherme e vai servir os dois para Zarza, em Espanha. Namoradeira, tem um fascínio especial pelos agentes das forças armadas.

Manuel Pereira (Joaquim Rosa)
Igualmente curtidor como o irmão, é muito rico, viúvo e não tem filhos. Fica fascinado por Teresa, a quem oferece, pelo Natal de 1822, um grilhão de ouro da sua falecida esposa.

Luís Nogueira (Augusto Leal)
Pai de Guilherme, é cúmplice do filho no seu enlace com Teresa e vai viver com os dois para Zarza, onde vem a falecer.

António Maria das Neves (Paulo Oom)
Bon vivant, anda fugido das autoridades portuguesas por ter participado no assassinato dos lentes da Universidade de Coimbra, aos 18 de março de 1828, crime com motivações políticas levado a cabo pelos opositores de D. Miguel, a quem as vítimas iam prestar homenagem. Exilado em Zarza, abandona Inês, filha do alcaide Rojo, para se casar com Teresa, por quem se apaixona perdidamente, e foge com ela para Badajoz, no intuito de escapar a uma vingança cruel.

Dr. Neves (Carlos César)
Pai de António Maria, assiste o alcaide Rojo na sua maleita, bem como Guilherme Nogueira na doença que lhe tira a vida.

Rojo de Valderas (Francisco Carrillo)
Antigo salteador, ocupa hoje a função de alcaide em Zarza. Homem perigoso, é salvo pelo Dr. Neves de uma maleita ruim. No entanto, ao ver que António é o culpado pela desgraça da sua filha, persegue-o e move mundos e fundos para que ele acabe na forca.

Inês de Valderas (Francisca Lorite)
Filha do alcaide, tem um ataque de histeria ao perceber que António está interessado em Teresa e deixa de ser amiga dela. Apesar de tentar agarrar António através de todos os artifícios, não consegue evitar que ela siga a viúva de Guilherme e, a partir de então, entrega-se à amargura e ao desgosto. Acaba por se suicidar, ao ver-se grávida e abandonada.

Cónego Norberto Araújo (João D’Ávila)
Tio de Guilherme e seu protetor, comanda o arranjo para que ele case com Teresa e fuja para Zarza, onde tem um irmão que os poderá ajudar.

D. Inácia Norberta (Carmen Dolores)
Irmã do cónego, zela para que os noivos não se entreguem a intimidades antes de se encontrarem benzidos pelos santos laços do matrimónio.

Anspeçada Tavares (José Moreira)
Soldado de Guimarães, com quem Caetana namora antes de se aventurar com a patroa por terras espanholas.

Sr. Rodrigues (Óscar Branco)
Sacristão mexeriqueiro, não deixa escapar nenhum acontecimento em Guimarães. Dá a Caetana as tristes notícias do anspeçada Tavares, após o seu regresso a Portugal.

Frei João de Santa Tecla (António Évora)
Frade franciscano e confessor de Teresa no início do enredo, quer fazer dela uma santa.

Rosa (Manuela Cassola)
Irmã de Feliciana e tia de Teresa, vive no Largo do Toural, onde Teresa ficará exposta, a mando do pai, para que todos vejam que ela não fugiu com Guilherme. É da casa de Rosa, contudo, que Teresa parte ao encontro daquele que será o seu primeiro marido.

Meirinho-Geral (Amílcar Botica)
Autoridade chamada para acudir quando Joaquim Pereira procura por Teresa, após a fuga. Apesar de cumprir a sua função, não deixa de opinar que o curtidor exagera ao exteriorizar tanta flama pela filha, que melhor faria em estar casada com o seu apaixonado.

Reitor de Ronfe (Couto Viana)
Abade muito amigo do cónego Araújo, casa Teresa com Guilherme na clandestinidade.

Criada do tio Pedro (Estrela Novais)
Criada do tio de Guilherme em Zarza, dá a notícia de falecimento do seu amo, que faz do marido de Teresa o dono da casa onde serve. Parte pouco depois para Portugal.

José
Capataz de Rojo, tem uma aventura com Caetana. É um dos perseguidores de António Maria quando ele foge da polícia em Espanha.

Arcediago de Xerez de los Caballeros
Conhecido do Dr. Neves, tenta interceder junto das autoridades para que António Maria seja libertado.

Bernardo Correia (Jorge Pinto)
Coronel dos voluntários realistas de Guimarães, a quem Feliciana recorre, inutilmente, no sentido de obter clemência para António Maria junto do Conde de Basto.

Juiz (José Eduardo)
Magistrado que julga e condena António Maria pelo assassinato dos lentes da Universidade de Coimbra.

Padre (Jorge Sousa Costa)
Clérigo que confessa António Maria antes da execução.

1. (31/01/1993)
Preocupado com a falta de interesse da sua filha Teresa em relação ao casamento, o surrador Joaquim combina secretamente com o seu irmão, Manuel, a união da jovem com o tio. Entretanto, Teresa conhece o humilde ourives Guilherme Nogueira e, pela primeira vez, sente-se atraída por um homem. A paixão é correspondida, mas Joaquim recusa-se a dar a mão da sua filha em casamento a um rapaz pobre…


2. (07/02/1993)
Teresa está aterrorizada com a hipótese de vir a casar-se com o seu tio, agora que descobriu que ele matou a própria esposa. Por intermédio de Caetana, Teresa e Guilherme trocam bilhetes apaixonados. O cónego Araújo, tio de Guilherme, intercede pelos jovens junto de Joaquim, mas o surrador mostra-se irredutível e expulsa-o. Em seguida, avisa Teresa de que ela partirá imediatamente para o Porto, a fim de se casar. O cónego sugere a Guilherme que se case secretamente com Teresa e que fujam para Espanha. Ante a pressão do pai, que tenta demovê-lo dessa ideia, Guilherme mostra-se indeciso…


3. (14/02/1993)
Guilherme, convencido de que o desfecho de um amor impossível só pode ser trágico, pensa em partir da aldeia. O namorado de Caetana comenta com o sacristão da igreja os amores dos dois jovens. O sacristão lança o boato de que Teresa fugiu com o filho do ourives. O próprio Joaquim chega a pensar que a sua filha manchou o nome da família, mas, ao chegar a casa, fica aliviado ao ver que tudo não passou de uma mentira. Para provar ao povo que ela não fugiu, obriga-a a passar os dias à janela da casa de uma tia. Aproveitando a sesta da senhora, Teresa vai ao encontro de Guilherme.


4. (21/02/1993)
Teresa foge de casa, com a cumplicidade do cónego Norberto. Enquanto Feliciana e Caetana rezam pela sua sorte, Joaquim quer que a guarda a persiga e prenda, bem como ao seu raptor. O alvoroço na terra é grande, quando Joaquim, a meio da noite, vai pedir contas ao pai de Guilherme.


5. (28/02/1993)
Teresa e Guilherme conseguem chegar a Espanha sem grandes sobressaltos, mas os problemas começam pouco depois. A jovem tem alguma dificuldade em adaptar-se à nova vida. Recebe notícias de que o pai não se conforma com a sua fuga e que passou a maltratar a sua mãe. Guilherme descobre que o seu pai morreu. Entretanto, Teresa conhece António Maria, um português que fugiu para Espanha para escapar à forca…


6. (07/03/1993)
Dr. Neves presta assistência ao Alcaide, que se encontra gravemente doente. Enquanto António Maria faz a corte a Teresa, esta sofre com as atitudes do marido, que a retrata como santa, mas que a critica sempre que ela se enfeita um pouco mais. Inês tem uma crise histérica, quando António Maria elogia a beleza de Teresa. Guilherme adoece.


7. (14/03/1993)
O pai de Teresa morre e ela pode agora voltar a Guimarães. Mas Guilherme também sucumbe à doença, transtornando todos os planos. António Maria, que poucos dias antes da sua morte anunciara a Teresa o seu casamento com Inês, acaba de mudar de ideias e assumir que é Teresa de Jesus a mulher da sua vida. A sua decisão, que faz a jovem viúva rejubilar, desperta a ira do Alcaide.


8. (21/03/1993)
O cónego chega a Zarza a meio da noite, pede para falar com Teresa e conta-lhe que recebeu uma carta anónima a dar-lhe conta do seu comportamento impróprio. Teresa afirma que irá casar-se com António. Dr. Neves procura o Alcaide e implora-lhe que perdoe António, mas é expulso. Inês morre. Teresa e António, acompanhados de Caetana e do pai dele, fogem. D. Rojo descobre o paradeiro do condenado e denuncia-o às autoridades portuguesas. José e outros quatro homens chegam a Alcântara, à sua procura.


9. (28/03/1993)
Caetana tenta desviar a atenção dos homens de José, mas tanto António como o seu pai são presos. Teresa pede ajuda ao Arcediago e, numa tentativa desesperada, humilha-se também perante o Alcaide, em vão. Teresa regressa a Guimarães, deixando a mãe muito feliz ao revê-la. Feliciana tenta interceder junto de um cunhado do Conde de Basto, mas é cada vez mais certa a execução de António…


10. (11/04/1993)
Caetana reencontra Tavares e decide juntar-se-lhe, abandonando a sua ama. Os guardas exigem a Teresa uma avultada quantia em dinheiro, para que lhe seja possível vê-lo. Na prisão, António tem os dias contados e Teresa propõe-lhe que eles se suicidem. Ele acaba por ser julgado e enforcado.

Adaptação muito fiel da última das oito Novelas do Minho – escritas por Camilo Castelo Branco entre 1875 e 1877 –, A Viúva do Enforcado foi a primeira aposta da SIC no campo da ficção nacional.

Esta produção, muito aguardada e elogiada, foi exibida aos domingos, às 20:05 (depois do Jornal da Noite), três meses após o início das emissões da SIC.

A grande expectativa devia-se ao facto de, à frente do projeto, estar o realizador brasileiro Walter Avancini, consagrado pelo seu vasto currículo na Rede Globo, de onde se destacam GabrielaAvenida Paulista, Rabo de Saia e Grande Sertão: Veredas, trabalhos muito aclamados não só no Brasil como também em Portugal.

A série foi produzida pela Máquina dos Sonhos, da qual Avancini era diretor artístico.

A fidelidade à obra está presente não só no enredo, como nos diálogos, alguns dos quais são transcrições integrais do texto camiliano.

Poucas diferenças existem entre o livro e a série televisiva. Podemos citar o facto de Guilherme (Vítor Rocha), na série, não ter encontrado o tio Pedro vivo quando chegou a Zarza, ou o pormenor de o seu pai não ser uma pessoa muito idosa como escreveu Camilo Castelo Branco. A última cena também foi uma licença poética para terminar a série com chave de ouro, uma vez que a novela de Camilo narra o percurso de Teresa (Anabela Teixeira) até à sua morte.

Todavia, existe um pormenor, mesmo no final do livro, que não pode deixar de ser mencionado. Com efeito, após dizer tudo o que havia a dizer sobre Teresa, o narrador debruça-se sobre a personagem de Caetana (Micaela Cardoso) para relatar que, já velha e viúva do seu anspeçada, ela resolve abrir atividade num ramo muito peculiar: emprestar dinheiro com juros a 10%, negócio que lhe renderia um alto pecúlio no outono da vida.

Coincidência ou não, a produção seguinte a cargo de Walter Avancini por terras lusitanas seria A Banqueira do Povo, telenovela assumidamente inspirada na vida de Dona Branca dos Santos, a senhora vetusta que ficou conhecida nos anos 80, não por emprestar, mas por receber montantes, a título de depósito, que devolvia aos seus clientes a essa mesma taxa.

A Viúva do Enforcado encerra, no seu enredo, um acontecimento real: a morte de dois lentes absolutistas, em Coimbra, levada a cabo por um grupo de estudantes liberais. O mesmo episódio fora usado por Camilo Castelo Branco em O Retrato de Ricardina, uma das obras que esteve na base da telenovela Ricardina e Marta (1989). Nessa ocasião, o protagonista Bernardo Moniz (Tozé Martinho) e os seus irmãos eram perseguidos pelo envolvimento no crime. Em A Viúva do Enforcado, é António Maria das Neves (Paulo Oom) o condenado à forca pela participação no atentado.

As filmagens decorreram em Portugal (Fundão e Guimarães) e Espanha (Ciudad Rodrigo), durante 35 dias. Segundo Walter Avancini, “o curto espaço de tempo em que decorreram as gravações é muito importante para minimizar os custos. Mas esse precioso timing industrial já tinha sido desenvolvido na telenovela Cinzas, um projeto popular e sem pretensões, diferente do nosso, portanto”.

A pronúncia minhota foi um aspeto que mereceu particular atenção do conceituado realizador, um pioneiro nesta questão de tratamento da linguagem, já que a telenovela Gabriela (1975) foi o primeiro produto de ficção a utilizar este processo no Brasil. Para o efeito, foram contratados especialistas na matéria que acompanharam todas as filmagens e “fiscalizaram” as falas dos atores até ao último momento.

Lamenta-se apenas que, devido à circunstância de a SIC ser um canal muito recente, a série não tenha tido a audiência que conquistaria caso fosse transmitida três anos depois. Ainda assim, recebeu rasgados elogios na imprensa, que criticou a falta de continuidade de produções do género.

Na sequência da emissão da série, a editora Europa-América um livro com o texto que inspirou a série, um facto inédito, uma vez que, até então, A Viúva do Enforcado apenas era comercializada em conjunto com as restantes Novelas do Minho.

A série foi reposta a partir de 19/01/1998.

A rubrica Perdidos e Achados dedicou o programa do dia 13/10/2012 aos vinte anos da produção da série. Foram colhidos depoimentos dos atores Anabela Teixeira, Carlos Santos, Laura Soveral, Paulo Oom e Micaela Cardoso, que se afastara da vida artística.

Anabela Teixeira
Micaela Cardoso
Carlos Santos
Laura Soveral
Paulo Oom

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A Viúva do Enforcado