1. (19/11/1978)
Em 1779, Domingos Botelho casa-se em Lisboa com D. Rita Preciosa, dama da corte de D. Maria I, sendo em 1784 transferido para Vila Real, onde D. Rita é recebida com honra por toda a fidalguia local, que ela despreza, habituada que estava à fidalguia requintada da capital. Em 1801, o casal e os cinco filhos – 2 rapazes e 3 raparigas – passam a viver em Viseu. Os filhos varões estudam em Coimbra, onde Simão dá largas a distúrbios arruaceiros, ganhando assim a aversão dos pais. De volta a Viseu, depois de preso em Coimbra por propaganda dos princípios da Revolução Francesa, Simão apaixona-se aí por Teresa de Albuquerque, sua vizinha, cujo pai odeia os Botelhos por questões judiciais. Namoram-se os jovens às ocultas, mas, descobertos, Teresa é ameaçada de ir para um convento. Simão, por sua vez, volta para Coimbra, para estudos, porém com carta de Teresa, trazida por uma mendiga. Com surpresa geral, Simão torna-se um brilhante estudante. Tadeu de Albuquerque apressa o casamento de seu sobrinho Baltasar com Tresa, mas ela repele o primo, dizendo amar outro homem, que Baltasar sabe ser Simão e de cujas “garras” a pretende salvar. Tadeu opõe-se a que Teresa dê o coração ao filho do seu maior inimigo e diz-lhe que poderá esperar num convento a morte dele, para depois ser desgraçada à sua vontade. Dias depois, Tadeu anuncia à filha que, nesse mesmo dia, casará com Baltasar. Teresa pergunta ao pai se ele será feliz com o seu sacrifício, pedindo-lhe a seguir que a mate, em vez de a forçar ao casamento.
2. (26/11/1978)
Tadeu resolve meter Teresa num convento e diz ao sobrinho que não pode dar-lhe Teresa, por ela já não ser sua filha. Baltasar pede ao tio que não enclausure Teresa e que espere a vinda de Simão a Viseu. Tadeu assim faz, e de tudo dá Teresa notícia a Simão. Dando saber a Teresa que irá a Viseu vê-la, responde-lhe a jovem que lhe abrirá a porta do quintal na noite em que estarão a festejar os seus 18 anos de idade. Teresa sai da sala e dirige-se à porta do jardim para se encontrar com Simão, mas, vendo um vulto a segui-la, só tem tempo para pedir a Simão que volte no dia seguinte. Simão interpela um vulto que encontra, mas que não se dá a conhecer e se retire ante a ameaça de uma pistola. Simão, desconfiado com o vulto, que lhe pareceu ser Baltasar, hesita em voltar ao quintal de Teresa, mas carta desta sossega-o e atiça-lhe a coragem. Mariana, filha do ferrador João da Cruz, na casa do qual Simão se albergara, avisa este da desgraça que antevê. João da Cruz, que devia favores à família Botelho, conta a Simão que Baltasar lhe oferecera dinheiro para o matar, mas ele recusara. Diz-lhe que se acautele, pois espera uma cilada da parte de Baltasar. Mariana pede a Nossa Senhora que vele por Simão e sai da sala a chorar. Baltasar, com dois homens seus, monta espera a Simão na noite seguinte. João da Cruz, antecedendo Simão na sua visita ao quintal de Teresa, estabelece plano para o livrar da armadilha. Simão consegue sair sem ser visto pelos homens de Baltasar e o ferrador manda-o seguir para casa, enquanto ele e o arrieiro procuram chegar ao local onde pensam terem-se escondido os da espera, antes de Simão, mas não conseguem, pelo que Simão é ferido a tiro. João da Cruz mata os dois homens emboscados. Simão piora do ferimento, com Teresa aflita por nada saber dele, encerrada no quarto, por ordem do pai, que resolve interná-la num convento local antes de a mandar para o Convento de Monchique, no Porto.
3. (03/12/1978)
Teresa contacta com a vida monacal, com grande desilusão sobre as suas virtudes, e consegue enviar carta a Simão. Só, no quarto de Simão e como sua enfermeira, Mariana diz-lhe que sabe tudo sobre a espera e que todos os dias pede ao Senhor dos Passos que dê remédio à sua paixão por Teresa. Sonhara que vira muito sangue derramado e uma pessoa amiga a ser enterrada. Confirmando que Simão está sem dinheiro, Mariana combina com o pai maneira de lho fornecer. Simão vislumbra que é amado por Mariana, o que o lisonjeia. Simão, ouvindo de Mariana que o coração lhe diz que os trabalhos dele ainda estão no começo, suspeita que Mariana o quer afastar de Teresa, para se fazer amar por ele. O ferrador volta a casa com dinheiro supostamente enviado pela mãe de Simão, mas que é afinal dinheiro de Mariana. Teresa escreve do convento, falando da atmosfera viciosa que ali se vive, e repete que não quer professar. Tadeu de Albuquerque comunica à filha a partida para o convento do Porto. Teresa procura avisar Simão. Desvairado, este quer dirigir-se ao convento para libertar Teresa, mas Mariana oferece-se para levar uma carta. Simão aceita e ela parte. Mariana fala no convento com Teresa, que está de partida para o Porto, e acha-a linda. Teresa quer pagar-lhe o serviço com um dos seus anéis, que Mariana recusa.
4. (10/12/1978)
Simão, ao saber da partida de Teresa, quer ir vê-la, e João da Cruz, embora não aprovando a decisão, prontifica-se a arranjar-lhe um homem que o acompanhe para o rapto. A chorar, Mariana pede-lhe que não saia, porque o coração lhe diz que não tornará a vê-lo. Simão insiste em sair, não aceitando a companhia de João da Cruz, nem de ninguém. Mas, a rogos do ferrador, promete não sair nessa noite, nem no dia seguinte. Simão sai, no entanto, noite alta. Mariana assomando a uma janela, despede-se dele e fica-se a orar pela sua salvação. Simão chega ao convento ainda de noite. De madrugada, chega a comitiva que há de acompanhar Teresa e na qual vem Baltasar, que Simão interpela e com quem luta, matando-o com um tiro à queima-roupa. Os criados cercam Simão. Surge João da Cruz e diz a Simão que fuja. Simão recusa e entrega-se à prisão, na pessoa do meirinho-geral, que lhe quer dar a fuga, o que ele de novo recusa, por querer assumir a responsabilidade plena do seu ato. Domingos Botelho sabe pelo juiz de fora da prisão do filho e diz-lhe que lhe dê o tratamento devido a qualquer criminoso, sem contemplações. Admirando-se o juiz, afirma-lhe o corregedor Botelho desconhecer o homem de quem lhe falava. Um criado da casa leva o almoço a Simão, a mando da mãe e às escondidas do pai. Desculpa-se a mãe de não ter dinheiro para lhe enviar, pelo que Simão vem a saber que o dinheiro que recebera era do ferrador. Recusa o almoço. Mariana, em pranto, vem perguntar a Simão se precisa de alguma coisa e ele pede uma mesinha, uma cadeira, um tinteiro e um papel, ficando então a saber que Teresa fora levada para o Porto, desmaiada. Mariana diz a Simão que ele não há de morrer ao desamparo, pois ela será para ele uma irmã. A família de Simão retira-se de Viseu para Vila Real. Simão é condenado à forca.
5. (17/12/1978)
Mariana, ao saber da sentença, enlouquece e, no seu delírio, pede que a matem primeiro. Simão compreende finalmente que ela o amava a ponto de morrer. Teresa definha a pouco e pouco, desejando com alegria a morte. Sabendo da condenação de Simão, consegue fazer-lhe chegar uma carta, em que diz morrer com ele. Sabedor da doença grave da filha, Tadeu de Albuquerque resolve tirá-la do convento, até porque Simão ia ser transferido para a Cadeia da Relação do Porto. Mas Teresa ainda recebe a última carta de Simão, a pedir-lhe que não morra, porque a sentença ia-lhe ser comutada ou anulada. Teresa já não quer morrer e exclama que, se isso tiver de acontecer, melhor teria sido não ter recebido a carta, com Simão a pedir-lhe que vivesse. Tadeu de Albuquerque apresenta-se à porta do convento para levar a filha e recebe a nova de que ela está muito melhor, mas incapaz de aguentar a viagem demorada de cinco dias, como é a do Porto a Viseu. Tadeu diz querer levar Teresa do Porto (por Simão já aí se encontrar), mas Teresa, cujo estado físico o surpreende, recusa-se a sair do convento, onde quer morrer confessando ao pai já saber da presença de Simão. Tadeu fica irado, exige a saída da filha e o despedimento da criada, mas nada consegue, por a tudo se oporem as regras conventuais. Procura depois demover as autoridades judiciais do Porto do perdão a Simão, mas nada consegue também. Na cadeia, Simão escreve as suas meditações. Aparece, de surpresa, João da Cruz, com a notícia de que Mariana recobrara o juízo. Simão entrega-lhe carta para Teresa, que chega ao destino, com possibilidades de recebimento de outras, com o que Simão se alegra. O ferrador informa que a filha viera com ele, para ficar ao serviço de Simão, mas este observa que ela corre perigo, sozinha no Porto. João elogia a bravura da filha e declara reconhecer ser sina de Mariana ter “paixão de alma” por Simão. Este lança-se nos braços de João, exclamando: “Pudesse eu ser marido de sua filha, meu nobre amigo!”. O ferrador fica emocionado. O irmão de Simão vai visitá-lo à prisão, mas é recebido friamente. Um corregedor amigo informa-o de que a pena de Simão será comutada em dez anos de degredo na Índia, já que era impossível absolve-lo, por ele “soberbamente” se confessar culpado, e de que Teresa recobrar a saúde. O corregedor escreve depois a Domingos Botelho, a informá-lo de que lhe mandara um abraço pelos filhos (Manuel e a concubina deste, que ele supusera sua irmã). Botelho parte para Vila Real, onde trata do repatriamento da amante do filho para os Açores e da prisão de Manuel como desertor. João da Cruz, saudoso da filha, resolve ir ao Porto vê-la.
6. (24/12/1978)
Chega a casa de João da Cruz um viajante encapotado que lhe desfecha o bacamarte no peito, por crime de morte antigo. João morre e Simão é informado, por carta, do sucedido. Mariana fica como louca e Simão pede-lhe que continue a seu lado. Mariana recolhe a herança do pai, que entrega a Simão, a quem diz segui-lo no degredo. Simão observa-lhe que não poderá ser para ela o que ela merecia – seu marido – e pede-lhe que não o acompanhe. Mas Mariana está determinada e replica que, quando vir não ser precisa, acabará com a vida. Simão aceita a decisão de Mariana. Simão, por intercessão do pai, é autorizado a expiar a pena na cadeia de Vila Real, o que não aceita, por desejar “a liberdade do degredo”. Teresa escreve a Simão, a pedir-lhe que aceite os dez anos de cadeia, na esperança de poderem um dia casar; no degredo, perdê-lo-á para sempre. Simão responde-lhe ser preferível a morte para ambos. Teresa despede-se, já nos últimos dias de vida. À notícia do embarque, Simão passa a ter “medonhos” lances de loucura e de letargia. Simão embarca para a Índia com Mariana. Um desembargador amigo entrega-lhe algum dinheiro em ouro, enviado pela mãe, e que ele de imediato manda distribuir por todos os outros degredados. À partida, no convés, com os olhos postos no convento de Monchique, Simão descobre o vulto de Teresa, que na véspera lhe enviara a trança de cabelos. Teresa despede-se das freiras e entrega a Constança, sua criada privativa, as cartas de Simão, para que lhas faça chegar. Vinda de bote, a mendiga, fiel mensageira entre os dois, entrega o maço de cartas a Simão, que se despede de Teresa com um aceno de lenço correspondido. É o instante da morte de Teresa, como Simão vem a saber pelo capitão do navio. Tomado pela dor, recolhe-se Simão, com Mariana, ao beliche. De madrugada, Simão lê, finalmente, a última carta de Teresa – uma pungente despedida. Assalta-o febre violenta, diagnosticada como febre maligna, mortal. Nove dias volvidos, de tormenta também no mar, Simão morre e Mariana beija-o pela primeira e última vez. O corpo é lançado à água e, ato contínuo, Mariana faz o mesmo, morrendo abraçada ao jovem que tanto amara em silêncio e em dedicação. A correspondência é recolhida, a boiar na água.