Cacau da Ribeira

Exibição:
24/07/1988 – 10/09/1988 (RTP 1)

Número de programas:
08

Autoria:
Ana Zanatti

Textos:
Abel Neves
Ana Zanatti
Carlos Paulo

Consultor musical:
Mário Martins

Coreografia:
Fausto Matias

Produção:
Maria José Poiares

Realização:
Álvaro Reis

Produção executiva:
Telecine Moro

Elenco:
Adelaide João – Zezinha
Ana Zanatti – Inês
Carlos Freixo – Chico
Fernanda Borsatti – Lucília
Fernando Gomes – Pavão
Glória de Matos – Sara
Irene Isidro – Maria do Campo Maior e Abreu
Jorge Sousa Costa
José Neto – Jonas
Júlia Correia Lagos – Luísa
Luísa Barbosa – Avó Formiguinha
Natalina José – Vizinha
Raquel Maria – Vizinha
Vítor Teles – Paulo

Figuração especial:
Amarílio Ferreira
António Carvalho
Ana Luísa
Diana
Helena Valis – Kika
Jorge Estreia
José Ferraz
José Figueiras
Marina Quental
Paulo Oliveira
Vera Sofia

Cacau da Ribeira mostra o dia-a-dia de uma produtora de televisão: os percalços, os momentos engraçados ou os problemas sérios vividos pelos que nela trabalham.

A série põe em evidência a luta com a concorrência, as dificuldades técnicas e a falta de entendimento muitas vezes existente entre as direções artística e administrativa.

Embora não tenham mãos a medir com tantas encomendas, os estúdios enfrentam algumas dificuldades. Os programas são produzidos com parcos recursos e, por vezes, não cumprem os requisitos impostos pela televisão.

Inês (Ana Zanatti), a produtora executiva, assumiu há pouco tempo a sua função, e tem de medir forças com Sara Martinez (Glória de Matos), a gestora financeira, que não quer que se invista nem mais um tostão e corta em tudo quanto pode.

Inês e Sara Martinez

O argumento fornece também pretexto para dar uma amostra dos programas que a Cacau da Ribeira vai realizando, de que é exemplo o infantil Histórias da Avó Formiguinha. A entremear o enredo, há ainda momentos de humor, de música e de dança.

A Avó Formiguinha

No final de cada episódio, duas vizinhas (Natalina José e Raquel Maria), sempre com muito que falar e “cortar”, comentam, em jeito de resumo, os principais acontecimentos do dia.

As vizinhas

Inês (Ana Zanatti)
Ex-atriz de teatro, é a atual produtora executiva dos estúdios Cacau da Ribeira, aos quais se dedica de corpo e alma – para desgosto do marido, Jonas. Faz o que pode, por vezes, tirando leite de pedra.

Sara (Glória de Matos)
Diretora financeira da produtora. Déspota, autoritária e extremamente rigorosa no exercício das suas funções. Quer fazer muito com pouco e, para garantir o controlo orçamental, resolve, à sua maneira, impor alterações no modo de produção dos programas.

Chico (Carlos Freixo)
Assistente de Inês. Divertido e sempre bem-disposto, gosta de pregar partidas e de namoriscar.

Paulo (Vítor Teles)
Assistente de Inês, por quem parece nutrir uma admiração que extravasa o plano profissional.

Lucília (Fernanda Borsatti)
É a caracterizadora. Disléxica e hipocondríaca, está sempre com achaques e com um rol de comprimidos para tomar.

Zezinha (Adelaide João)
Responsável pelo bar/cantina da produtora.

Pavão (Fernando Gomes)
É o paquete da produtora. Anda sempre num rodopio.

Jonas (José Neto)
Marido de Inês. É engenheiro de minas. Ciumento e mal-humorado, irrita-se com a dedicação da mulher à produtora.

Luísa (Júlia Correia Lagos)
Ciente de que não tem vocação para atriz nem para apresentadora, candidata-se a qualquer trabalho que surja na produtora. O seu comportamento causa alguma estranheza.

Ercília (Luísa Barbosa)
Apresentadora do programa Histórias da Avó Formiguinha, onde conta histórias para crianças de uma forma muito própria. É professora no Infantário de Santa Teresinha, cujos alunos também participam nas gravações, cantando músicas infantis.

Maria do Campo Maior e Abreu (Irene Isidro)
Tia de Inês. Assistente social de profissão, é convidada para apresentar uma rubrica semanal, Correio para Todos, na qual responde às cartas dos telespectadores, dando-lhes conselhos.

Vizinha (Natalina José)
Mora nas proximidades da produtora, estando sempre atenta às movimentações que por lá se dão.

Vizinha (Raquel Maria)
Outra que gosta de dar à língua, comentando a vida dos funcionários da produtora.

Cidália (Carlos Paulo)
Cigana que frequenta os estúdios, sempre à procura de compradores para a sua mercadoria contrafeita.

Empresário (Jorge Sousa Costa)
Responsável por uma produtora concorrente. Faz uma proposta de trabalho a Inês, que recusa veementemente.

1. (24/07/1988)

Participações especiais:
Armando Cortez
Eunice Muñoz
Alfredo Brissos
Almeno Gonçalves
Carlos Paulo
Paulo Ferreira

Atuações:
Afonsinhos do Condado
Juke Box
The Revolver Band
João Braga
João Maria Tudella
Tony Rios

2. (30/07/1988)

Participação especial:
Valentina Torres

Atuações:
Ana e Suas Irmãs
Associação Cultural “Ten-Chi-Tessen”
Georges Stobbaerts
Lara Li
Lena Coelho e Banda do Sucesso
The Revolver Band
Tony de Matos

3. (06/08/1988)

Participação especial:
Eládio Clímaco
Eunice Muñoz
Ruy de Carvalho

Em “Os saldos”:
Almeno Gonçalves
Carlos Paulo
Manuela Couto
Paulo Ferreira

Atuações:
Associação Cultural “Ten-Chi-Tessen”
Georges Stobbaerts
Dina
José Cid
Rádio Macau
The Revolver Band

4. (13/08/1988)

Participação especial:
Cucha Carvalheiro – Mulher no cinema

Atuações:
António Wagner
Carlos Mendes
Helena Afonso
Lena Coelho e Banda Sucesso
Luís Madureira
Mafalda Veiga

5. (20/08/1988)

Participação especial:
João de Carvalho

Atuações:
Associação Cultural “Ten-Chi-Tessen”
Georges Stobbaerts
Eugénia Melo e Castro
Lara Li
Paulo de Carvalho
Trovante

6. (27/08/1988)

Participações especiais:
Armando Cortez
Eunice Muñoz

Atuações:
Juke Box
Maria de Lourdes Resende
Luís Represas
Lena d’Água
Tony Rios

7. (03/09/1988)

Participação especial:
Cucha Carvalheiro – Mulher-polícia

Atuações:
João Maló
The Revolver Band
Rui Veloso
Simone de Oliveira
Tony de Matos

8. (10/09/1988)

Participações especiais:
Armando Cortez
Ruy de Carvalho
Valentina Torres
Alfredo Brissos
Paulo Ferreira

Atuações:
Eugénia Melo e Castro
José Freire
Mler Ife Dada
The Revolver Band

Cacau da Ribeira foi exibido no verão de 1988, aos sábados (com exceção do primeiro programa, exibido num domingo).

À semelhança de Humor de Perdição – que fora exibido até poucas semanas antes, no mesmo horário, mas aos domingos –, a ação desenvolvia-se também no interior de uma produtora de televisão.

A ideia do guião surgiu de uma troca de ideias entre Ana Zanatti e a direção de programas da RTP. Vingou a sugestão da RTP ao propor uma série que se enquadrasse no Ano Europeu de TV-Cinema, tendo como tema geral o mundo do espetáculo.

Pelo curto prazo concedido para escrever o texto, Ana Zanatti “fechou-se” em casa durante cerca de um mês, construindo os personagens em função dos atores que os iriam “encarnar”, dando-lhes determinadas características.

Curiosamente, a personagem que mais dificuldade sentiu em escrever foi a sua: “Foi-me muito difícil escrever para mim. A Inês é a personagem mais incaracterística de toda a história. É, apenas, o elo de ligação. Porquê? Não sei. Talvez tenha sido por pudor que senti essa dificuldade”.

Inês (Ana Zanatti) e Paulo (Vítor Teles)

A autora explicou que o programa retratava muitas situações verídicas, que os anos em que trabalhara na televisão e a sua experiência no cinema e no teatro lhe haviam proporcionado.

O programa não seguia uma estrutura linear. Ana Zanatti classificou-o como não sendo nem dramático nem humorístico. Talvez tenha sido precisamente o facto de não ser “carne nem peixe” que fez com que se transformasse numa verdadeira miscelânea, que misturava ficção, sketches de (pouco) humor e música, sem convencer em nenhum desses eixos.

Quase todos os personagens tiveram um tratamento superficial. A própria autora reconheceu que poderiam ter sido mais aprofundados, e que esta sua primeira experiência como autora não foi totalmente conseguida, atribuindo tal facto a “imensos incidentes de percurso e condicionalismos” criadores de situações que impediram um produto final fiel ao que imaginara.

Na história, discutia-se o destino que Inês daria aos programas musicais gravados ao vivo no bar da produtora (na realidade, um bar lisboeta). Este material, que deu ensejo à participação de conhecidos artistas portuguesas, era recusado pela televisão devido à sua fraca qualidade, tanto de som como de imagem – e que pôde, aliás, ser comprovada pelos telespectadores.

Foram também mostradas audições nas quais se avaliava o talento de aspirantes a cantores ou a atores. O maestro Jorge Machado acompanhava ao piano as audições musicais.

Alguns cenários eram próprios da produtora Telecine – a régie, a sala de visionamentos, os estúdios e o gabinete – e outros foram construídos na mesma produtora.

A realização foi assinada pelo brasileiro Álvaro Reis, que tinha o seu nome ligado a produções apresentadas entre nós na mesma altura, como a novela Os Imigrantes e a série Joana.

Álvaro Reis

Os sketches contaram com as participações de luxo de Eunice Muñoz, Armando Cortez e Ruy de Carvalho.

Armando Cortez
Eunice Muñoz
Ruy de Carvalho

José Figueiras, muito antes de se tornar apresentador, aparecia num pequeno papel.

Embora, no genérico, Ana Zanatti fosse vista a escrever à máquina, o guião foi escrito à mão, já que a autora não sabia datilografar.

O tema do genérico, da autoria de Carlos Mendes (música) e Ana Zanatti (letra), foi interpretado por Carlos Mendes e Lara Li.

O programa encontra-se disponível para visualização no portal RTP Arquivos.

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Cacau da Ribeira