No Pinhal de São Torcato, em pleno Ribatejo, é provocado um incêndio por mão criminosa. Os bombeiros são chamados por Securas (Nicolau Breyner), um bêbado que ali dormia. Entre as cinzas, é encontrado o esqueleto de alguém que aparenta ter morrido há mais de 25 anos. O aparecimento deste corpo faz renascer acontecimentos há muito esquecidos.
Ali perto, na Herdade de Todos-os-Santos, mora a família Veiga. O patriarca é o viúvo Rui Veiga (Armando Cortez). Com ele moram os filhos Pedro (Ricardo Carriço), engenheiro agrónomo, extremamente agarrado ao mundo rural e nada virado para os negócios; e a problemática Matilde (Maria João Luís), uma neurótica depressiva, casada com o boémio e manipulador Jaime Abreu (Júlio César). Carlos (André Gago), o terceiro filho, mora em Lisboa, onde dirige a empresa-mãe da família, a Veimar.
Rui Veiga herdou o património do sogro, Raimundo Amaral (Luís Santos), pai da falecida Ester e de João Eduardo Amaral, que se crê ter morrido na guerra colonial. Mas rapidamente nos apercebemos de que ele está vivo: trata-se de Eduardo (Rui Mendes), dono de uma tasca no Bairro Alto – onde se come bem e bebe ainda melhor –, que explora com a mulher, Alice (Márcia Breia), e a filha, Sofia (Julie Sergeant).
João Eduardo sentiu-se traído e nem sequer pode ouvir falar na família Veiga sem que a cabeça lhe lateje. A marosca é fácil de contar: Rui, sabendo da predileção do sogro por João Eduardo, e receando um eventual benefício do cunhado no testamento do sogro, escondeu as cartas enternecidas de Raimundo para o filho. Para Rui, Eduardo era uma pedra no caminho na estrada íngreme da ascensão. Para além do muito que herdaria a mulher, queria o muitíssimo que o sogro tinha. Combalido pelas feridas da guerra e sem desconfiar de nada, João Eduardo levou a sério a desconsideração do pai. Não compreendia a atitude de Raimundo e, regressando a Portugal com paludismo, vetou a família ao esquecimento.
No início da história, volta a Portugal, após uma ausência de décadas, a tia da falecida mulher de Rui Veiga, Maria Antónia (Mariana Rey Monteiro), que é dona do Solar do Mirante, antiga casa grande da família Amaral, e de uma fortuna colossal, fruto de investimentos certeiros nos negócios e nos casamentos. Rui, hábil negociador, vê no regresso da tia a oportunidade perfeita para unir o património e propõe à recém-chegada uma participação nos negócios da Veimar. É que a empresa navega num mar de ondas incertas: a frota da Veimar está desgastada e a necessitar de reparações urgentes para não ficar a ver navios nos cais da CEE. Para levar a cabo a renovação da frota, os cofres da Veimar estão ávidos de dinheiro, que os bancos em uníssono negam, argumentando de que o incêndio e o aparecimento do cadáver em propriedade dos Veigas lhes cheira a esturro. A oportunidade de redenção parece clara para Rui: só Maria Antónia lhe pode valer. Galante, tenta falar-lhe ao coração, mas percebe que Maria Antónia o tem bem empedernido. Nem quando, sentimental, a pede em casamento, a tia desfaz o cubo de gelo, prometendo pensar. Prefere não se precipitar e manter as ânsias de Rui em banho-maria. Manda chamar a consultora financeira Laura (Magda Cardoso) que vem de Sydney para fazer um check-up à saúde das empresas Veiga, exigindo uma auditoria financeira.
Mas Maria Antónia também guarda esqueletos no armário: esconde que tem um filho que mora com ela na Austrália, John (João Grosso), cujo pai se chama Afonso. Os espectadores conhecem-no por… Securas. Se agora é apenas um bêbado, no passado foi polícia e, desgostoso por Maria Antónia ter partido, abalou para África. Declarou guerra aos facínoras e, disfarçado de bandido, infiltrou-se num bando perigoso cujo cabecilha, belga, se dedicava ao tráfego de diamantes, transportados em contentores de madeiras. Lá, travou amizade com um dos membros do grupo, Romão (Rui Luís), com quem desenvolveu forte afetividade. Tornaram-se unha e carne, desconhecendo o meliante que não puxavam para o mesmo lado. Hoje, Afonso é um farrapo. Coberto de andrajos, vive ao deus-dará, para lá do sol-posto, e diz que se chama Securas. A alcunha vem do facto de ter a boca seca e uma voraz sede por vinho. Romão é o tasqueiro de São Torcato.
Carlos está noivo de Anabela (Helena Laureano), filha de Amílcar Santos (António Montez), homem rancoroso, boçal e sem caráter, que pretende vingar-se de Rui Veiga por este ter o ter vigarizado num contrato de promessa de venda do Solar do Mirante e do Pinhal de São Torcato, valendo-se da sua manha enquanto notário. Ostensivo e grotesco, Amílcar, arregala os olhos, lambe os beiços pelo revés dos Veigas e, manhoso, arquiteta um plano para abocanhar o império com que sempre sonhou. Começa por São Torcato, para onde manda o homem de mão Sequeira (Eduardo Viana). Na vila, este apresenta-se como Silvestre e canta a canção do bandido, excitando São Torcato com a promessa de investir em massa no clube da terra, ao qual os Veiga devotam pouca atenção, mesmo sendo Pedro Veiga o seu presidente. Silvestre solta trunfo para a mesa e coloca acendalha no prestígio da família: propõe Romão para ser o líder do clube e larga promessas de que o clube irá competir ombro-a-ombro com os mais pintados clubes nacionais. E mais: adorna de escudos a caixa das esmolas do Padre Rovisco (Ladislau Ferreira) e espalha à boca solta, por entre copos e dominó, na tasca de Romão, que é especulador imobiliário e que o Pinhal de São Torcato lhe interessa. O zunzum chega aos ouvidos de Rui Veiga, que de um momento para o outro já não se importa de vender o pinhal.
Para além do incêndio, outros factos começam a prejudicar gravemente a imagem da família Veiga e das suas empresas. Em São Torcato, aparece mais um morto: Severino, um antigo maioral da Herdade de Todos-os-Santos, com contas antigas a ajustar com o atual caseiro, Joaquim Botica (Morais e Castro). A animosidade entre ambos nunca foi segredo. Entre os dois e Ana (Anna Paula), mulher de Joaquim, havia um pacto que só conhecemos no final da novela. Poucos dias depois, é Romão que surge enforcado na adega da herdade, com visíveis sinais de estrangulamento.
Mais tarde, a polícia encontra contrabando num dos navios da Veimar, o Aurora, cujo capitão Tomás (Benjamim Falcão) é encontrado com droga no tabaco. Também o crime tem impressão digital de Amílcar, embora tenha sido Sequeira a sujar a mão e a carga. Amílcar recruta ainda outro homem de mão: Jaime Abreu. Alicia-o para seu lado, acenando-lhe com a promessa de que terá, como presidente da Veimar, aquilo que os Veiga nunca lhe deram: poder e dinheiro. Depressa, Jaime mete mãos à obra e rouba os salários da Veimar, fazendo com que as culpas recaiam em Jorge (Alexandre Veiga), filho da secretária da administração, Mariana Antunes (Helena Isabel) e de Rui Veiga, paternidade só mais tarde revelada.
Por seu lado, Carlos, que aparentava ser um empresário exemplar, mete-se numa trapalhada acumulando dívidas de jogo e, ameaçado de morte, foge para o Brasil, delapidando o património da empresa. Durante um atentado no seu apartamento, bandidos confundem Pedro com o irmão e alvejam-no, deixando o cavaleiro em perigo de vida. Pedro recupera, mas o coração de Rui, fragilizado a cada abalo, não aguenta e morre, velado por Ana, a mãe de mais um filho que a história atribuiu a Rui: Luís (Fernando Mendes). Não chega a saber que foi Matilde, num dos seus momentos agudos de neurose, que deitou fogo ao pinhal. Quem o descobriu foi Jaime, que, na cadeia para onde vai pelas aldrabices que praticou na Veimar, o revela à mulher, exibindo-lhe o anel que esta deixara fortuitamente no meio das cinzas… para onde vão ser atirados os fragmentos e lembranças desta história de vida de um homem que firmou um pacto com Deus e com o Diabo e que aprendeu, por si, que todo o homem é pó e em pó se há de transformar…