No dia em que o Dr. Augusto Natércio Natanael do Prado (Adriano Reys) termina a sua carreira como juiz de Direito, as suas filhas Otávia (Priscila Camargo) e Bruna (Sílvia Salgado), bem como a governanta Frau Herta (Norma Blum), resolvem comemorar-lhe o aniversário. Prado reage muito mal: este é também o dia de aniversário do seu casamento fracassado. A esposa, Laura (Eva Wilma), há muito se separou dele e vive com Virgínia (Lucélia Santos), a terceira filha. O facto de as duas se encontrarem ausentes numa festa seria muito difícil de explicar aos convidados.

Entretanto, Laura sofre de perturbações neuropsicológicas e a sua convalescença é assistida pelo Dr. Daniel (Armando Bógus), a única pessoa que consegue lidar com a doença, chegando ao ponto de a levar a teatros vazios, para que Laura possa assistir aos seus concertos imaginários.

É neste ambiente de tensão que Virgínia é convidada por Prado a ir morar para a mansão. Quando lá chega, porém, não se consegue identificar com o ambiente que a rodeia. Frau Herta manda desinfetar os seus pertences, Otávia é a sua maior rival no amor que sente por Luís Carlos (Roberto Pirillo) e Bruna mostra-se muito arrogante.

A doença de Laura agrava-se e, se a princípio havia uma esperança de cura com um tratamento nos Estados Unidos, em pouco tempo se torna evidente que não há remédio possível. Na véspera do casamento de Bruna com o ambicioso Sérgio (Edson Celulari), ela tem uma forte discussão com Frau Herta, que reivindica a maternidade das suas filhas mais velhas. Pouco antes da cerimónia, é Prado quem diz que a odeia. Mais tarde, enquanto conversa com Lili (Ana Lúcia Torre), Laura acaba por morrer, enquanto recorda o passado.

Frau Herta exulta, por ter sobrevivido a Laura. Na verdade, Frau Herta sofre de cancro, mas não quer admitir a doença perante ninguém. Todavia, o seu segredo aos poucos começa a ser revelado, ao mesmo tempo que outra verdade terrível vem à tona: Virgínia não é filha de Prado, mas sim de Daniel.

Finalmente casada com quem sempre quis, Bruna regressa de lua-de-mel e exige a Prado que expulse Frau Herta da mansão, pois está grávida e não quer que o seu filho conviva com uma pessoa doente. Ao ser mandada embora, Frau Herta amaldiçoa Prado, dizendo que nunca ninguém gostará dele. Virgínia promete cuidar de Frau Herta e fá-lo até ao último dia da sua vida, quando a antiga governanta lhe pede que entregue dinheiro ao partido nazi em troca de uma informação. Virgínia irrita-se e grita que não quer ouvir nada, mas acaba por ficar a saber que Prado prendeu Laura num porão durante seis meses. Ainda antes de morrer, Frau Herta tem tempo de se deslocar à mansão e, num acesso de fúria, destruir o retrato de Laura.

Pouco depois, em sequência do stress, Prado sofre uma trombose, sem chegar a concretizar o seu sonho de se tornar Ministro do Supremo, enquanto Daniel usufrui os seus últimos momentos de vida pensando em Laura. Por seu turno, Virgínia acaba por encontrar o amor junto de Eduardo (Marcelo Picchi), seu vizinho de longa data, e Bruna não podia ter um final mais infeliz: para além de ser traída por Sérgio, é a toda a hora incomodada pelo pai, que, numa cadeira de rodas, está constantemente a chamá-la.

Com a exibição de Ciranda de Pedra, regressaram as emissões da RTP à hora do almoço, que se manteriam ainda durante um ano e meio, até serem novamente suspensas.

Ainda em 1981, aquando da aquisição de Olhai os Lírios do Campo, Maria Elisa, então diretora de programas, a propósito das críticas feitas em relação à escolha dessa telenovela, manifestou algum agrado numa exibição futura de Ciranda de Pedra, mas que preferia aguardar alguns meses, pois estava fora de questão a transmissão simultânea de telenovelas em Portugal e no Brasil.

Ciranda de Pedra veio a estrear logo no início de 1982, ainda quando Olhai os Lírios do Campo era vista entre nós. Porém, ninguém teve dúvidas de que se tratava de uma telenovela incomparavelmente melhor, mesmo para aqueles que não apreciavam o género. O período de maior êxito foi no verão, quer devido a uma maior disponibilidade dos telespectadores, quer devido à maior carga dramática das derradeiras semanas.

Lygia Fagundes Telles, a autora do romance em que se baseou a novela, não gostou da adaptação, como declarou em diversos jornais e revistas, incluindo a TV Guia: “Às vezes ia ver um capítulo na televisão, olhava e interrogava-me: Meu Deus, mas que personagem é esta, mas o que está acontecendo agora? Eu ficava muito interessada, porque não sabia o que ia acontecer, não sabia nada. Eu não tinha a menor participação nessa telenovela. No entanto entendo que Ciranda de Pedra é uma novela feita com muita dignidade”.

O seu romance seria novamente adaptado para televisão em 2008, mas, tirando o núcleo central, a telenovela não tem nada a ver com a Ciranda de Pedra de 1981. Apesar disso, houve uma personagem aproveitada da primeira para a segunda versão e que não existia no livro. Foi Eduardo, para formar par com Virgínia, já que no romance ela fica sozinha. Lygia Fagundes Telles, ao contrário do que acontecera há 27 anos, elogiou a nova adaptação, ainda que a mesma seja menos fiel ao livro.

Na novela de 2008, a morte de Laura, um dos factos mais marcantes de todo o romance, não ocorre. Daniel também fica vivo até ao fim, para se juntar a Laura no final, o que também não acontece nem no livro nem na novela de Teixeira Filho.

É também curioso reparar que, em toda a primeira parte do livro, Virgínia ainda é uma criança e que foi durante esse período que Laura deixou Prado para ir viver com Daniel. Na novela de 1981, Virgínia está prestes a tornar-se adulta, mas todos sabem que a separação do casal Prado ocorreu quando todas as filhas eram crianças. Na novela de 2008, Laura vai viver com Daniel no início da história, quando as filhas já são quase maiores.