Contos e Vigários

Exibição:
22/04/1988 – 27/05/1988 (RTP 1)

Número de episódios:
06

Autoria e realização:
António Victorino d’Almeida

Produção:
Fotograma
RTP

1. A face escura da Lua
Antunes é (ou aparenta ser) um daqueles funcionários exemplares de um banco, com muitos anos de casa, já perto de se reformar. Porém, deixa-se cair na conversa de Gastão e Fortunato, dois vigaristas, que o convencem a dar um desfalque no banco. Com a ajuda de um advogado esperto e habituado a lidar com este tipo de situações, Antunes consegue safar-se, mas abandona o emprego, indo trabalhar para uma loja de ferragens. Terá o pobre coitado aprendido a lição? Ou voltará a cair no conto do vigário?

Elenco:
Amália Saragga Banha – Palmira
Armando Venâncio – Antunes
Benjamim Falcão – Dr. João Gaspar
Clarisse Coelho – Alzira
João Franco – talhante
João Maria Pinto – Fortunato
Jorge Banha
José Carlos Gonzalez – Gastão
José Gomes – Dr. José Alves
Maria Ortega – Hortense
Rui Luís – Simão
… e ainda muitos outros

2. O cavalo de Tróia
O professor Cipriano Gonçalves é conhecido pela sua severidade, tanto para com os alunos do Conservatório, que massacra com exercícios de piano de extrema monotonia, como para a sua filha, Luísa, com a qual está em quase permanente confronto – ante os esforços conciliadores da mulher, Marina. A inesperada presença de uma mulher já de idade, muda e enigmática, que começa a surgir, todas as noites, frente ao portão da casa de Cipriano, vem modificar por completo a vida daquela família, sem encontrar forma de se livrar da indesejada “visita” noturna que perturba todos. No próprio Conservatório, Cipriano começa a ter manifestações até à data desconhecidas: apaixona-se por uma jovem aluna, mas tenta violar uma outra, acabando por ser expulso da escola…

Elenco:
Anne Marie Pradine – Aurora
Benjamim Falcão – Agente Semedo
Clarisse Coelho – velha
Clarisse Manuel – Clarisse
Guida Matos
Inês de Medeiros – Luísa
Isabel Queiroga
Joana Cunha Leal
Jorge Banha
José Carlos Gonzalez – Diretor do Conservatório
José Gomes – Cipriano Gonçalves
Manuel Villaverde – Filipe
Maria Ortega – Marina
Rui Luís – Dr. Camacho
… e ainda muitos outros

3. A eterna incógnita
Helena e Alfredo conversam sobre notas falsas e atraem – de forma propositada – a atenção de Juvenal dos Santos. Este segue-os e procura saber mais detalhes, deixando-se seduzir pela possibilidade de ver multiplicado o saldo da sua conta bancária. O casal leva-o até ao casebre onde é fabricado o dinheiro, e Juvenal vê-se envolvido com um grupo de falsários que também o burlarão. Do que é capaz um homem nestas circunstâncias?

Elenco:
Amália Saragga Banha – sogra de Juvenal
Anne Marie Pradine – Helena
Armando Venâncio – Severino
Branco Alves – Alfredo
Benjamim Falcão – Pintado
José Fanha – taxista
Maria Ortega – mulher de Juvenal
Rui Luís – Juvenal
… e ainda muitos outros

4. O peso da palavra
Homem novo, a quem o casamento com uma mulher rica e bastante mais velha do que ele fez crescer substancialmente a conta no banco, Venâncio pertence a uma organização de extrema-direita. No decorrer de um dos muitos assaltos à mão-armada que constituem a forma de luta adotada pelos terroristas, um dos assaltantes entra num banco “armado” com um trombone – que é o mesmo que dizer desarmado –, indo parar direitinho à prisão. Ao saber que Venâncio foi o grande responsável pelo insucesso da operação, o meliante resolve vingar-se logo que recupere a liberdade…

Elenco:
Amália Saragga Banha – Julieta
Anne Marie Pradine – Lucília
António Victorino d’Almeida – pianista
Armando Venâncio – Rodolfo
Benjamim Falcão – 
Clarisse Coelho – Elisete (Zezete)
Jorge Banha
José Carlos Gonzalez – Padre
João Maria Pinto – Vitório
Manuela Queirós – Tina
Maria Ortega
Rui Luís – Venâncio Alarcão
… e ainda muitos outros

5. Um homem sério
Manuel Salgado viveu 47 anos na cadeia, o que não o impediu de ser um dos maiores falsários de dinheiro de sempre. Trabalhava na própria cadeia, a coberto de se dedicar, com anuência das autoridades, à fotografia. Por questões “patrióticas”, nunca fabricava escudos, fazendo apenas notas estrangeiras com uma enorme perfeição. Por outro lado, nunca utilizou qualquer nota falsa na sua vida privada, trabalhando apenas por encomenda. Uma das maiores encomendas foi-lhe feita por Álvaro Monteiro, cerca de 500 mil dólares falsos para passar no Rio de Janeiro. Estava-se em 1956.

Elenco:
Amália Saragga Banha – Judite
Armando Venâncio – Carvalho
Benjamim Falcão – Gonçalves
Clarisse Coelho – cliente do banco
João Franco – funcionário da casa de câmbio
João Maria Pinto – Ternura
José Gomes – diretor do banco
José Carlos Gonzalez – Álvaro Monteiro
Juca Brazuca – Salcedo
Maria João Pinto
Mário Sargedas – guarda
Rui Luís – Inspetor
Ribeiro Marques – Manuel Salgado
… e ainda muitos outros

6. Uma boa informação
Uma fundação bastante rica decide abrir concurso entre arquitetos para a construção da sua nova sede. Contudo, sabe-se que o arquiteto Carrasqueiro tem grandes proteções e deverá ganhar o concurso, não obstante o seu currículo ser um desastre… Um outro arquiteto, com o auxílio de um jornalista, consegue travar o favoritismo de Carrasqueiro através de uma coluna que o responsabiliza por uma fuga de macacos de uma jaula que ele teria construído no Jardim Zoológico.

Elenco:
Amália Saragga Banha
Armando Venâncio
Benjamim Falcão – Jorge Parreira
Clarisse Coelho – Alda Antunes
Clarisse Manuel – Francelina
Jaqueline Gonzalez
João Franco – Carrasqueiro
João Maria Pinto – Alberto Abreu
José Gomes – Aurélio Fezas
José Carlos Gonzalez – Embaixador Ariosto Reboredo
Paula Nogueira
Ribeiro Marques
Rui Luís – Bispo
Sílvia Ercoli
… e ainda muitos outros

Burlas, falcatruas e vigarices, pequenas patifarias, falsários, advogados de invulgar sabedoria e um sem-fim de histórias pitorescas, combinadas na perfeita recriação do submundo lisboeta, aparecem recontadas nesta série da autoria de António Victorino d’Almeida.

A partir das vigarices e trafulhices praticadas neste país de “chicos espertos”, a maior parte delas colecionadas ao longo da sua prática constante na qualidade de estudioso das gentes e das mentalidades, o maestro construiu uma galeria de figuras humanas que dividiu em vigaristas propriamente ditos e vigários “de trazer por casa”.

Os seis episódios, cada um com uma história completa, foram exibidos à sexta-feira, por volta das 21:10, depois de Roque Santeiro.

Embora não existisse qualquer elo de ligação entre as histórias, o elenco era quase sempre encabeçado pelos mesmos atores, alguns deles sem experiência e amigos pessoais do maestro. Destacaram-se:

Amália Saragga Banha
Anne Marie Pradine
Armando Venâncio
Benjamim Falcão
Clarisse Coelho
João Franco
João Maria Pinto
José Carlos Gonzalez
José Gomes
Maria Ortega
Rui Luís

No episódio O peso da palavra, Julieta (Amália Saragga Banha) comenta com o irmão Rodolfo (Armando Venâncio) que o “doutor” (personagem de Rui Luís) se parece muito com “o Osvaldo da telenovela”. Referia-se, em concreto, ao personagem de Rui Luís em Palavras Cruzadas. Curiosamente, quando estes filmes foram gravados, em 1986, a novela não tinha ainda estreado na RTP.

Armando Venâncio e Amália Saragga Banha

António Victorino d’Almeida declarou à revista Contigo! ter feito estes filmes “com uma verba muito pequena”. E acrescentou: “Li há dias, talvez num semanário, uma notícia sobre as novas produções para a RTP e verifiquei que a verba atribuída é muito superior. Mas não encaro isso como um facto negativo. Prefiro pensar que a Televisão chegou à conclusão de que deveria investir mais nas suas produções”.

O maestro, que chegou a atuar num dos episódios, tinha em mente a produção de uma segunda série, mas o projeto não saiu do papel.

António Victorino d’Almeida no episódio O peso da palavra

Partilhar:

Contos e Vigários