Dancin’ Days

Exibição:
15/10/1979 – 19/06/1980 (RTP 1)

Número de capítulos:
174

Produção:
Rede Globo (1978/1979)

Novela de:
Gilberto Braga

Direção geral:
Daniel Filho

O ponto de partida do enredo é a saída de Júlia Matos (Sónia Braga) de um estabelecimento prisional, onde cumpria uma pena de vinte e dois anos. No passado, após uma noite de boémia, ela havia atropelado mortalmente uma pessoa, por acidente, mas o comportamento irresponsável, impressionando o tribunal pela negativa, acabara por constituir uma agravante na determinação da sua pena. Cumpridos onze anos de prisão, Júlia é colocada em liberdade condicional, vindo a defrontar-se com dificuldades que não está preparada para ultrapassar.

Júlia com Madá (Neusa Borges), prestes a sair da penitenciária

Júlia tem uma filha, Marisa (Glória Pires), criada pela sua irmã, Yolanda Pratini (Joana Fomm), que fica apavorada com a possibilidade de uma aproximação entre as duas. Yolanda é casada com Horácio (José Lewgoy) e é devido a esse facto que ocupa uma posição privilegiada na sociedade. Da mesma forma que tenta convencer Júlia a afastar-se de Marisa, Yolanda aconselha-a a fazer um bom casamento, que considera ser a sua única saída possível.

Yolanda Pratini

Sem que irmã saiba, Júlia inscreve-se no curso de sapateado que Marisa frequenta, com o intuito de estabelecer uma aproximação, ainda que sem revelar a sua identidade. Ao mesmo tempo, envolve-se com Cacá (António Fagundes), um diplomata que se encontra em crise de identidade e insatisfeito com a vida que leva.

Cacá e Júlia

Quando o seu casamento de com Horácio se desmorona, Yolanda vê na união de Marisa com Beto (Laura Corona), irmão de Cacá, o expediente mais fácil para que sejam resolvidos todos os seus problemas financeiros. No dia do casamento de Marisa, Júlia procura-a, confessa que é a sua mãe e pede-lhe que não se case. Marisa reage mal e, após uma série de incidentes, Júlia acaba por esbofetear Franklin (Cláudio Corrêa e Castro), pai do noivo, chegando a ser detida pela polícia em plena festa.

Marisa, Beto e Vera Lúcia

Nesta fase, Júlia, contando com o apoio dos seus amigos, Ubirajara (Ary Fontoura) e Solange (Jacqueline Laurence), sai do Brasil. Após uma viagem prolongada, regressa completamente modificada, causando sensação na inauguração da discoteca Dancin’ Days, propriedade de Hélio (Reginaldo Faria). Mostrando-se determinada em dar o troco àqueles que a fizeram sofrer, a começar por Yolanda, passa a sair com Arthur (Mauro Mendonça), por quem a sua irmã confessou estar “loucamente apaixonada”. Por outro lado, assume uma personalidade fútil, frequentando os lugares e fazendo-se rodear das pessoas que fazem parte do universo social dos Pratini, de maneira a que Yolanda se sinta ofuscada pela sua presença.

Júlia após a mudança

Porém, ao fim de algum tempo, Júlia compreende que não pode continuar a negar que são Cacá e Marisa as pessoas que lhe interessam verdadeiramente e que a sua vingança contra Yolanda não faz o menor sentido. Este esforço de aproximação é o mote principal da última fase da novela, que culmina com a reconciliação de Júlia e Yolanda, após uma cena intensa em que as duas se insultam e agridem violentamente.

Dando-se a conhecer ao público português em 15/10/1979, Dancin’ Days foi exibida no horário nobre da RTP 1, terminando em 19/06/1980.

O último capítulo, por ter uma duração superior ao habitual, foi exibido em duas partes, nos dias 18 e 19. Ao mesmo tempo em que eram exibidas as derradeiras cenas, a RTP 2 punha no ar Inquérito Dancin’ Days, um programa de opinião sobre a novela. Pelo facto da exibição ser simultânea, era de esperar que só quem não acompanhou a novela fosse dispor-se a assistir a este programa sobre a mesma…

Embora no início de 1980 um televisor a cores fosse ainda considerado um bem de luxo, quem já dispunha de um pôde acompanhar os últimos capítulos de Dancin’ Days a cores.

Nesta época, a proliferação da língua inglesa não tinha ainda atingido o nível que se verifica hoje em dia, pelo que algumas pessoas poderiam ter dificuldade em entender o título da novela. Talvez por isso a TV Guia usasse frequentemente a expressão Dias Dançantes para se referir à mesma.

Durante a exibição de Dancin’ Days, foram lançados em Portugal os livros Manuscrito do Heróico Empregadinho de Bordel e À Hora do Café, escritos por Mário Lago e Joana Fomm, respetivamente.

Tamanho foi o sucesso da novela que até um chocolate com a sua marca apareceu por cá. Foi um lançamento dos Chocolates Rajá, que ainda ofereciam, em cada tablete, um cromo a cores com figuras e cenas da novela!

O coordenador de produção de Dancin’ Days, Almeida Santos, é de origem portuguesa. Iniciou a sua atividade cinematográfica em Lisboa, nos anos 50, indo mais tarde para o Brasil, onde também produziu a primeira novela exibida em Portugal, Gabriela.

A novela teve direito a uma revista própria, publicada em 34 números.

A Agência Portuguesa de Revistas lançou ainda uma versão romanceada da novela.

Em 1988, foram vendidos em Portugal alguns volumes da coleção Telenovelas – Campeões de Audiência, entre os quais uma outra adaptação de Dancin’ Days.

Algumas músicas da banda sonora foram lançadas num maxi EP.

AMANHÃ – Guilherme Arantes
DANCIN’ DAYS MEDLEY – Harmony Cats
ANTES QUE ACONTEÇA – Marília Barbosa
AMANTE AMADO – Jorge Ben
AGORA É MODA – Rita Lee
KITCHE ZONA SUL – Ronaldo Resedá

Foi ainda lançado um LP pelas Edições Rossil, que continha versões piratas dos temas nacionais e internacionais da novela.

Em fevereiro de 1980, vieram a Portugal os atores Mário Lago, Gracinda Freire e Lauro Corona, que foi a estrela do Carnaval de Tomar.

As Frenéticas, intérpretes do tema de abertura da novela, foram estrelas no Festival RTP da Canção e tiveram o seu êxito lançado num single.

Em 1985, as Seleções do Reader’s Digest lançaram um disco intitulado Sucessos das Telenovelas, que, apesar de trazer na capa o logotipo de Dancin’ Days, não continha qualquer música desta novela…

Dancin’ Days voltou aos ecrãs portugueses em 1999, no canal GNT.

Em fevereiro de 2011, foi destaque na imprensa o bizarro caso de Augusta Martinho, uma idosa cujo cadáver foi encontrado quase nove anos depois desta ter morrido, no apartamento em que vivia sozinha, em Rio de Mouro. Entre os objetos que decoravam a sua sala, estava um poster do ator Cláudio Corrêa e Castro, da época de Dancin’ Days.

Em junho de 2012, a SIC estreou, em regime de co-produção com a TV Globo, a versão portuguesa de Dancin’ Days.

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