Dona Xepa

Exibição:
01/09/1980 – 11/02/1981 (RTP 1)

Número de capítulos:
132

Produção:
Rede Globo (1977)

Novela de:
Gilberto Braga

Inspirada na peça Dona Xepa, de Pedro Bloch

Direção geral:
Herval Rossano

Carlota Pires da Costa, conhecida como Dona Xepa (Yara Côrtes), trabalha há trinta anos com uma barraca de legumes nas feiras da zona sul carioca. O marido, Joel (Castro Gonzaga), deixou-a há muitos anos e é ela quem sustenta a casa. Tudo isso para que os filhos, Edson (Reynaldo Gonzaga) e Rosália (Nívea Maria) tenham as oportunidades de vida que ela não teve.

Dona Xepa

Edson aproveitou o sacrifício da mãe e estudou, acalentando o sonho de se tornar escritor. Rosália, ao contrário, é ambiciosa e só tem um objetivo: a ascensão social. Para atingir essa meta, casa-se com Heitor (Rubens de Falco), apesar de não ser indiferente a Daniel, (Edwin Luisi), seu vizinho, que a ama perdidamente.

Rosália e Heitor

Heitor é filho do empresário Raul Pires Camargo (António Patiño) e enteado de Glorita (Ana Lúcia Torre), uma mulher fútil e interesseira, que pretende aproximar-se da socialite Isabel Becker (Ida Gomes), com vista a aparecer nas colunas sociais.

Glorita
Henrique e Isabel Becker

Sentindo-se rejeitado por Rosália, Daniel vai acabar por esquecê-la depois de conhecer Heloísa Becker (Fátima Freire), filha de Isabel e Henrique Becker (Ênio Santos). Entretanto, o casamento de Rosália com Heitor entra em crise e os dois pensam em separar-se. Todavia, abruptamente, Heitor morre num acidente de viação.

Apesar de viúva, Rosália não beneficia com a morte do marido, pois a família Camargo encontra-se em grandes dificuldades económicas. Além disso, Raul é preso, por ter dado um golpe em Henrique Becker. Glorita vê então que a única saída que lhe resta é arranjar um bom casamento para a filha. Para tal, resolve dar uma grande festa, contraindo um empréstimo bancário em nome da cozinheira. Edson, por seu turno, consegue concretizar o sonho de escrever uma peça de teatro sobre a vida da sua mãe. A peça é um grande sucesso e Rosália é a única a não gostar de se ver retratada. Dona Xepa, todavia, fica muito orgulhosa e Edson aconselha-a a que não altere jamais a sua espontaneidade. Assim, Xepa continua a criar a neta da mesma forma que criou os filhos, desejando-lhe, no futuro, um casamento muito feliz com um oficial da marinha igual aos que desfilam na parada do dia sete de setembro.

Dona Xepa estreou no dia 01/09/1980. Foi exibida de segunda a sábado, tendo terminado a 11/02/1981.

A peça homónima de Pedro Bloch, que serviu de inspiração para a novela, foi escrita em 1952 e representada pela primeira vez em 1953, com Alda Garrido, Milton Moraes, Glauce Rocha e Átila Iório nos principais papéis. Em setembro do mesmo ano, esta companhia apresentou a peça em Lisboa, no Teatro Avenida.

Em Portugal, Dona Xepa foi alvo de duas adaptações televisivas: a primeira em 1965, apresentada em direto do Porto e com Madalena Braga no papel-título, cabendo a António Montez e Alina Vaz os papéis de Edson e Rosália, filhos de Xepa. Em 1967, foi feita uma nova encenação, protagonizada por Mirita Casimiro. Integravam ainda o elenco Maria João Aguiar, antiga locutora da RTP, e Nicolau Breyner.

Curiosamente, anos depois, em 1980, Nicolau Breyner viria a fazer uma imitação de Dona Xepa no seu humorístico Eu Show Nico. Esta personagem aparecia em Moita Carrasco, primeiro esboço de uma telenovela portuguesa, onde apareceu igualmente Edson, o filho de Dona Xepa, interpretado por Joel Branco.

Dona Xepa (Nicolau Breyner)
Edson (Joel Branco)

A atriz Luísa Barbosa também encarnou Dona Xepa numa representação teatral, em 1987.

Foi no intervalo do 82.º capítulo desta novela, na noite de 04/12/1980, que Raul Durão apareceu em direto a anunciar ao país a morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro.

Apesar do sucesso relativo, Dona Xepa sofreu bastantes críticas por parte da imprensa. A TV Guia referiu-se à novela como “um cansaço chamado Dona Xepa”. Também o jornal Se7e, para além de fazer semanalmente uma contagem decrescente para o tão desejado final da novela, em certa ocasião descreveu-a como “uma das mais incomensuráveis pachochadas exibidas pela RTP”.

Conforme já acontecera com O Astro Dancin’ Days, existiu uma revista dedicada a Dona Xepa. Ao longo de 20 fascículos, para além de uma adaptação literária dos capítulos, eram dados a conhecer factos sobre os artistas brasileiros, alguns ainda pouco conhecidos do nosso público.

A Agência Brasileira de Revistas editou um livro com o texto integral da peça, bem como um resumo da novela e um texto de Gilberto Braga explicando a sua adaptação para a televisão.

A banda sonora foi lançada em LP.

A XEPA – Ruy Maurity
OPUS DOIS – Antônio Carlos e Jocafi
FEIRA LIVRE – Ataulfo Jr.
DOM DE ILUDIR – Maria Creuza
TEMA DA VILA – Orquestra Som Livre
PELA LUZ DOS OLHOS TEUS – Miucha e Antônio Carlos Jobim
TUDO MENOS AMOR – Martinho da Vila
EU GOSTO DE VOCÊ – Ricardo
TEMA DO ASSOVIADOR – Sá e Guarabyra
PENSANDO NELA – “Dom” Beto

Alguns destes temas foram também lançados em single, entre os quais Eu gosto de você.

O estúdio Arnaldo Trindade gravou ainda um outro single com versões lusitanas dos temas de Rosália e Heloísa.

Partilhar:

Dona Xepa