Elsa

Exibição:
19/04/2001 – 12/07/2001 (RTP 1)

Número de episódios:
13

Autoria:
José Fanha

Direção de produção:
Alexandre Sines

Realização:
José Eduardo Abreu

Produção executiva:
Miragem

Elsa (Luísa Cruz) é uma mulher com cerca de 40 anos, mãe solteira de Samuel (David Personne), de 16. Trabalha como assistente social num posto de atendimento da Segurança Social, numa zona muito degradada e com graves problemas sociais, onde tem como coordenador do posto Vasco (João Reis), um jovem ambicioso com uma sólida formação técnica e académica, mas a quem falta a experiência de trabalho de campo de Elsa. Os dias de Elsa vão passando entre a azáfama do Centro e os problemas da adolescência do filho, por vezes os mais complicados.

Elsa e Samuel

Vasco e Elsa pertencem a culturas diferentes. Ele lê os suplementos de economia dos jornais, vai à Internet e assume o papel que esperam dele. Elsa é uma filha de segunda geração do final dos anos 60: pouco formal, vai ao teatro e ao cinema, lê poesia e luta apaixonadamente por todas as causas humanas, com uma imensa generosidade, vendo-se frequentemente envolvida em situações muito complicadas: idosos abandonados e carentes, pobreza, doença, desemprego, alcoolismo, prostituição, droga, famílias desestruturadas, sub-rendimento escolar, crianças abandonadas, menores grávidas, adoções, etc.

Vasco

Elsa Seara (Luísa Cruz)
Assistente social de 40 anos. Mãe (solteira) de Samuel. Entrega-se de corpo e alma e com muita garra aos casos dramáticos que ajuda a resolver no posto de atendimento da Segurança Social. Tem uma relação complicada com Vasco, por considerar que está tão ou mais preparada do que ele para assumir a coordenação do posto. Com o filho, é hiperprotetora e mãe-galinha.

Vasco Rodrigues (João Reis)
Coordenador do posto. Homem frio e vaidoso, mais interessado nas novas tecnologias e na boa ordem administrativa dos processos do que nas pessoas que procuram os serviços do posto. Tirou um mestrado em Edimburgo, mas a sua experiência em trabalho de campo é quase nula. Tem um reconhecido mau gosto para a escolha das suas gravatas.

Samuel (David Personne)
Filho de Elsa, 16 anos. Inseguro e dependente. Não vive sem a mãe, a quem procura constantemente a pedir ajuda. Toca guitarra e interessa-se por computadores.

Albino Sousa (João Maria Pinto)
É chefe dos serviços administrativos do posto, mas a sua principal ocupação é preparar-se para participar num concurso televisivo de cultura geral. Gosta que lhe façam perguntas, desde que lhe sejam sempre apresentadas quatro opções de resposta. O seu maior sonho é ficar rico.

Lurdinhas (Marina Albuquerque)
Empregada faz-tudo do posto. É do bairro, com muito orgulho, e foi graças à sua situação familiar desfavorável que conseguiu o emprego. Gosta de dar conselhos a toda a gente, mas só diz disparates. Cabeça-de-vento, modernaça e bem-disposta, uma verdadeira especialista da cultura veiculada pelas revistas do coração que proliferam nos cabeleireiros. Mete-se com toda a gente, é irreverente, gosta de “andar nos trinques”.

1. (19/04/2001)
O posto ainda não abriu aos utentes. Desembrulham-se caixotes, instala-se material, fazem-se as apresentações. Ricardina, uma mulher de meia-idade, aproveita a porta aberta para vir insistentemente pedir uma moedinha. Começam os primeiros atritos entre Elsa e Vasco. Albino pede ajuda a torto e a direito para se treinar para os concursos da televisão. Lurdinhas tenta sem sucesso montar o seu computador. Samuel aparece a pedir que a mãe lhe cosa um rasgão nas calças. Subitamente, Lurdinhas vem avisar que houve um assalto ao posto e, no meio de caixotes, aparece Ricardina, com sinais de uma agressão que ela nega ter acontecido. Os esforços de todos redobram para que o posto possa abrir. Samuel ajuda Lurdinhas a montar o computador e começa a ensiná-la a trabalhar com ele. Ricardina acaba por confessar a Elsa que, se anda a pedir esmola, não é porque precise, mas para dar ao filho, que é drogado e que foi quem a agrediu. Horácio, o filho, aparece em estado de carência, exigindo dinheiro e ameaçando toda a gente com uma faca na mão. Elsa fala com ele. Oferece-lhe carinho, propõe-lhe uma cura e, quando a situação se torna insustentável, consegue abraçá-lo, quando o fio da ansiedade está quase a quebrar-se e a agressão se anuncia quase inevitável. O episódio chega ao fim com o espanto de Vasco que pergunta a Samuel se a mãe é sempre… uma mulher assim!

Atores convidados:
Amélia Videira – Ricardina
António Pedro Cerdeira – Horácio


2. (26/04/2001)
Samuel é um membro importante da equipa de vólei da escola. Vai pedir à mãe que o acompanhe a um centro comercial para comprar urgentemente uns ténis novos. Lurdinhas pede a Samuel imensas explicações sobre o funcionamento do computador e faz a fantasia de um romance entre os dois, sem se consciencializar da óbvia diferença de idade. Elsa está cheia de trabalho e, para se descartar de Samuel, propõe que seja Lurdinhas a acompanhá-lo na compra dos ténis, o que leva Samuel a desistir provisoriamente. Arminda, uma pobre mulher desesperada, é recebida por Elsa. Depois de uma vida de dramas, encontrou um homem bom, de quem tem dois filhos. Mas agora há uns homens que o querem matar. Na sala de espera aparece um homem numa cadeira de rodas, que Lurdinhas julga morto. Mas é engano, porque Vasco entra no posto e, em pânico, o homem aponta-lhe uma pistola. Sabemos então que o homem da cadeira de rodas, Vladimir, é um trabalhador clandestino moldavo, marido de Arminda e vítima de uma agressão dos mafiosos russos que lhe partiram as pernas, por se recusar a pagar proteção. Elsa e Vasco falam-lhe da lei que confere o direito de qualquer pessoa a ser atendida pelos serviços médicos, hospitalares ou de segurança social. Elsa chega a querer levar Arminda e o marido para casa, até que ele se legalize e arranje outro emprego. Samuel regressa com o problema dos ténis e reconhece em Vladimir um ex-campeão olímpico de vólei. De imediato telefona a tentar que contratem o moldavo para treinador de vólei dos alunos da escola.

Atores convidados:
Lucinda Loureiro – Arminda
Jorge Pinto – Vladimir


3. (03/05/2001)
Logo pela manhã, Elsa encontra um homem, Dionísio, completamente bêbado, na sala de entrada do posto. Dionísio tinha-se comprometido a deixar de beber e a ser levado aos Alcoólicos Anónimos por Elsa. Foi levado a esse compromisso já que, caso não deixe de beber, a mulher não o deixa voltar a pôr os pés em casa. Com a ajuda de Lurdinhas, Elsa tenta pôr Dionísio sóbrio. Samuel aparece para fazer uma importantíssima comunicação à mãe: está apaixonado por Nélia Sofia, uma colega que Elsa detesta e acha particularmente “pirosa”. Vasco vai abrir uma garrafa de Porto para comemorar terem aceitado o seu plano de doutoramento. Acaba por ser intercetado por Dionísio, que já estava a caminho da sobriedade e volta a cair na tentação do álcool. À frente da mãe, Samuel telefona a Nélia Sofia, que lhe diz que já não quer nada com ele. Elsa fica furiosa com a rapariga. Quem é ela para recusar o seu maravilhoso Samuel? Samuel tenta convencer a mãe de que Nélia Sofia é vítima de um pai terrivelmente alcoolizado. No meio da conversa, chega-se à conclusão de que Nélia Sofia é filha de Dionísio. Albino aparece com duas garrafinhas de tinto “lá da terra”. Dionísio tenta agarrá-las. Na confusão, as garrafas partem-se. Elsa fica encharcada e Vasco até chega a julgar que ela esteve a beber. Por tudo isso, Elsa fica furiosa e abandona Dionísio. E é Samuel que fala com ele, contando-lhe os dramas da filha e levando-o a tomar a decisão firme de abandono do álcool.

Ator convidado:
Orlando Costa – Dionísio


4. (10/05/2001)
Raul é um homem relativamente jovem, que se apresenta perante Elsa a pedir para voltar a ser internado no Hospital do Lorvão, de onde acabou de ter alta. Depois da primeira surpresa, Elsa percebe que Raul foi preso acusado de piromania e, considerado inimputável, foi internado para tratamento psiquiátrico. Junto de Vasco, Elsa defende a ideia de que, se o regresso ao hospital dá equilíbrio a Raul, eles deviam aconselhar o seu internamento. Vasco opõe-se, pois acha que esse é um assunto médico. Se Raul teve alta, não lhes cabe a eles ignorar a resolução dos médicos. A atitude de Vasco é tão firme que leva Samuel a perguntar-lhe se não estará, por acaso, apaixonado pela mãe. Elsa comunica a Raul que o regresso ao hospital está fora de causa, e ele resolve demonstrar que continua a ser perigoso: tenta pegar fogo ao posto e depois ao fato de Vasco. Aqui, os papéis invertem-se. Vasco quer chamar a Polícia para levar Raul de volta ao hospital. Elsa pretende conversar com Raul e tentar perceber quais são as suas motivações. A Polícia vem buscar um Raul todo satisfeito. Só que, nesse momento, aparece Irene, outra doente do Lorvão que acaba de ter alta e vem procurar Raul. Eles amam-se e querem estar juntos. Se Irene teve alta, Raul já não quer ser preso. O amor vence, naturalmente. Vasco e Irene retiram a queixa contra Raul e até o polícia é convidado para padrinho do casamento dos dois pombinhos.

Atores convidados:
João Didelet – Raul
Maria Henrique – Irene
Jorge Mota – Polícia


5. (17/05/2001)
De um lar que recebe gente sem-abrigo, telefonam a dizer que o Sr. Honório voltou a fugir. Elsa recebe um telefonema de Samuel a pôr-lhe dúvidas de matemática a que ninguém no posto sabe responder. No entanto, subitamente, uma voz esclarece essas dúvidas todas com a maior clareza. É o Sr. Honório, que se vem despedir porque está farto de viver, sentindo-se um inútil na vida e no lar onde, segundo ele, só recebe e não dá nada em troca. Elsa leva o Sr. Honório para o gabinete e começa a tentar convencê-lo a não voltar para a rua. Sai por instantes do gabinete para falar com Vasco e apercebe-se, de repente, que Honório – aparentemente – fugiu. Fica desesperada por ter falhado a tentativa de o fazer voltar ao lar. Mas, afinal, Honório não fugiu: está a ajudar Samuel a estudar matemática. De facto, Honório tem paixão pela matemática e explica-a de uma forma que deixa Samuel excecionalmente entusiasmado. Os professores nunca lhe tinham falado assim da matemática – é porque não lhe sabem ouvir a música nem chegam à alma dos números, diz Honório. Honório fala a Samuel da sua vida, do desespero e de como está farto deste mundo sem música. Elsa e Vasco espreitam a conversa. Elsa fica inquieta por ver o filho a olhar para o lado negro da vida e quer acabar com a conversa com Honório. Vasco evita que ela intervenha: os jovens não podem pensar que a vida é só alegria; também a tristeza faz parte do crescimento. No final, o entusiasmado Samuel convenceu Honório a não voltar para a rua e a ir dar explicações de matemática aos seus colegas de escola.

Ator convidado:
Raul Solnado – Honório


6. (24/05/2001)
Um homem, Aurélio, ficou a dormir toda a noite nos bancos do posto. Ninguém sabe quem é nem como é que ali ficou. Tentam acordá-lo, mas em vão. Depois de várias tentativas, ele confessa que a mulher não o deixa dormir em casa porque ressona muito. Elsa vai conversar com ele no gabinete e tem de enxotar Samuel, que aparece com a urgência de acabar um trabalho escolar sobre violência na família. Elsa vai-se apercebendo de que Aurélio é um mitómano delirante. Faz-se muito importante, professor em várias universidades, amigo de ministros. Elsa tenta entender-se com ele quando aparece a mulher, Florinda, que o ameaça e contradiz, acusando-o de ser preguiçoso, desempregado e inútil. Entretanto, Samuel conversa com Vasco e, num exercício de ironia, discute com ele a possibilidade de lhe alugar a mãe aos sábados de manhã. Entretanto, a confusão com Florinda e Aurélio torna-se excessiva. São ambos delirantes. Aurélio declara-se apaixonado por Elsa. Florinda acusa-a de assédio sexual. Elsa explode. E, depois de se ter posto ordem na situação, viremos a saber que Aurélio e Florinda estão em tratamento psiquiátrico e não tomaram os comprimidos diários. Depois de o fazerem, acalmam-se. O problema agora é saber qual dos dois é verdadeiramente doente e qual é que tem uma perturbação induzida. Mas isso é problema dos médicos. No final, Samuel, sempre a meter-se com Vasco e as suas gravatas, afirma que, depois daquilo a que assistiu, vai deixar a violência familiar e escolher para tema do trabalho: “O mau gosto a escolher gravatas entre os assistentes sociais formados em Edimburgo”…

Atores convidados:
Mário Moutinho – Aurélio
Rosa do Canto – Florinda


7. (31/05/2001)
Vasco e Albino recebem a visita de inspeção da Dr.ª Leopoldina. Tentam pintar de negro as carências do posto. Leopoldina faz ouvidos de mercador às queixas e considera que está tudo a correr o melhor possível. Entretanto, Elsa recebe Viriato, um negro, trabalhador ilegal e sem contrato, cujo filho precisa de ser internado no hospital. Elsa informa-o de que o menino pode ser internado mesmo que o pai não esteja legalizado e trata das questões relativas ao internamento. Além disso, avança também para tratar da legalização de Viriato. Para tanto, o seu patrão tem de lhe passar um contrato. Mas isso é que o patrão não quer. Leopoldina interrompe a conversa de Elsa com Viriato. Elsa não lho permite e, depois de algumas inconveniências de Leopoldina, corre com ela do gabinete para fora. Leopoldina pede a Vasco para levantar um processo disciplinar a Elsa. Albino explica que isso não é possível, inventando a falta do impresso próprio. Samuel anda, entretanto, num desatino. Entra várias vezes no gabinete da mãe para vir buscar pautas de música ou a palheta da viola de que se esqueceu. Por telefone, Elsa ameaça o patrão de Viriato com a Polícia, caso não queira passar o contrato. Leopoldina insiste exigindo o levantamento do processo disciplinar a Elsa, quando Vasco lhe pergunta pelo marido, que foi seu colega de curso. Leopoldina vai-se abaixo: o marido deixou-a no dia anterior e ela desabafa com Vasco, que lhe faz ver que Elsa é um belíssima profissional que só merece elogios. Elsa conseguiu, entretanto, que o patrão de Viriato lhe passasse o contrato, permitindo assim que Viriato se legalize. Terminados os problemas trazidos por Viriato e Leopoldina, Vasco e Elsa combinam um jantarinho, quem sabe se romântico. No entanto, o jantar fica sem efeito, porque Samuel passou à fase final de umas audições musicais, vai ter a final nessa mesma noite e nem lhe passa pela cabeça que a mãe não possa estar presente.

Atores convidados:
Márcia Breia – Leopoldina
Alberto Magassela – Viriato


8. (07/06/2001)
O dia inicia-se no posto, com Elsa a dar dinheiro a Samuel para comprar uma viola nova e a deixar o recado a Lurdinhas de que não está se a terrível D. Ernestina a procurar. Aparece um utente, Romeu, um homem muito tímido e nervoso. Dirige-se a Lurdinhas e, ao fim de poucas palavras, declara-se apaixonado por ela e pede-a em casamento. Lurdinhas despacha Romeu para Elsa, que fica a conhecer a sua história: viveu sempre com a mãe, que nunca o deixou casar-se. Agora que a mãe morreu, Romeu sente-se muito sozinho e quer casar-se. Elsa fala-lhe sobre o sentido do amor e dos afetos e sobre os rituais que eles exigem. Romeu não tem tempo a perder e declara-se apaixonado por Elsa. Entretanto, aparece a terrível D. Ernestina e, contra as opiniões de Lurdinhas e Albino, Vasco decide atendê-la. D. Ernestina é um repositório interminável de doenças e tem uma capacidade inesgotável de conversar sobre elas. Vasco foge de D. Ernestina. Elsa corre com Romeu. Ernestina e Romeu encontram-se na sala de espera e descobrem que têm imenso em comum e que Romeu adora ouvir as maleitas da senhora, desde que ela lhe dê a mão. Vasco e Elsa espreitam-nos com a esperança de que aquelas duas vítimas da solidão consigam encontrar um território de tranquilidade e equilíbrio.

Atores convidados:
Carlos Areias – Romeu
Ângela Pinto – Ernestina


9. (14/06/2001)
Samuel não tem aulas e vai para o posto ensaiar viola. Elsa recebe Óscar, um jovem marginal com um cadastro feito de atos de vandalismo, assaltos à mão armada e uso de drogas pesadas. Óscar conta-lhe um pouco da sua vida: pai morto na cadeia com SIDA, mãe desaparecida, uma vida de miúdo na rua ao deus-dará. Óscar está disposto a aproveitar a última oportunidade do Tribunal de Menores, que o entrega à custódia do lar do padre Celso, e fala do seu sonho de ser artista de circo. O padre, aparentemente seco, duro e pouco dado a poesias, oferece-lhe em troca muito trabalho, dureza e esforço, se quiser recuperar-se. Samuel pede a Lurdinhas que lhe guarde a viola com cuidado. Chamado por Elsa, Vasco vai ter uma conversa algo tensa com o padre sobre a forma de tratar aquele tipo de jovens, que o padre diz ser raro recuperarem. Óscar, que entretanto espera fora do gabinete, na entrada, fica fascinado pela viola de Samuel ali deixada por Lurdinhas, que foi comprar sandes. Sonha com o circo, pega na viola e sai. Quando Samuel dá pela falta da viola, o padre insiste para que chamem a Polícia. Vasco acaba por estar de acordo com ele. Samuel percebe que a mãe quer evitar a Polícia porque, se é apanhado mais uma vez, acaba-se a hipótese de recuperação para Óscar. Samuel desaparece; vai à procura de Óscar. Elsa fica em pânico, porque o filho não está habituado a movimentar-se no mundo da marginalidade. Elsa, Vasco e o padre vão tentar encontrar Samuel, mas regressam sem o conseguir, e muito preocupados com ele. Vão acabar por encontrá-lo no posto em amena cavaqueira com Óscar, a tocar viola e a combinar formar um conjunto musical no lar do padre Celso. O padre dá a mão à palmatória, aceitando que a bondade e a ternura às vezes dão resultado e, quando se apercebe dos olhares cruzados de Vasco e Elsa, oferece-se para o caso de um dia precisarem de um padre para o casamento.

Atores convidados:
Henrique Viana – Padre
Pedro Górgia – Óscar


10. (21/06/2001)
Vasco e Elsa discutem a mútua dependência que existe entre Elsa e o filho, Samuel. Isaura, uma jovem com um bebé de três meses, vem pedir o apoio de Elsa. O pai da criança abandonou-a e Isaura já não tem dinheiro para dar de comer ao bebé. Elsa manda fazer rapidamente um biberão e, enquanto Lurdinhas dá de mamar ao bebé, Isaura desaparece e, desesperada, deixa um bilhete onde pede que entreguem o bebé a quem puder e souber tratar dele. Quando Elsa se apercebe da situação, com o seu voluntarismo habitual, disponibiliza-se para adotar o bebé. Samuel vem procurar a mãe, e Lurdinhas diz-lhe que o bebé que tem nos braços vai ser irmão dele. Samuel fica furioso, perdido: não quer ter irmãos, não quer repartir o afeto da mãe. Resolve partir “para nunca mais voltar”. Quando toma conhecimento da situação, Elsa fica aflita. Tenta desesperadamente contactar o filho pelo telemóvel, que se mantém desligado. Cheia de remorsos e saudades, Isaura regressa, disposta a arrostar com as dificuldades para dar o carinho e o futuro que o seu filho merece. Depois de alguma reflexão, Samuel regressa também, disposto a aceitar o irmão, acabando por confrontar-se com Isaura, que o reivindica como filho. No final, todos resolvem colaborar para tornar melhor a vida de Isaura e do seu bebé. Até Samuel lhe oferece uma sacada dos seus velhos brinquedos de menino. Vasco mostra-se enternecido com Samuel e, sobretudo, com Elsa. Samuel faz-lhe notar que o coração da mãe está ocupado e não pode repartir-se…

Atriz convidada:
Mónica Delgado – Isaura


11. (28/06/2001)
Mónica, uma amiga de Samuel, quer suicidar-se e deixar-lhe o seu bichinho de estimação, que é um coelho chamado Teodoro. Samuel convence-a a falar com a mãe, antes de fazer qualquer coisa irremediável, e leva-a ao posto onde Elsa trabalha. Samuel consegue desviar Elsa de uma discussão sobre questões administrativas com Vasco e Albino. E, enquanto Samuel explica a situação à mãe, Mónica vai aos sanitários e pede a Lurdinhas que lhe tome conta do coelho por instantes. Lurdinhas deixa fugir o coelho, e Mónica acha que o desaparecimento do coelho é uma despedida e um augúrio que antecipa o seu projeto de suicídio. O coelho acaba por ser encontrado, e Elsa conversa com Mónica, tentando entender o que a levou a esta decisão tão drástica e procurando passar-lhe uma mensagem de gosto pela vida, nomeadamente através de um poema escrito por Pablo Neruda à hora da morte. Mónica insiste. Elsa, já sem paciência, resolve dizer-lhe que sim: se ela quer suicidar-se, que o faça, mas primeiro mate o coelhinho, porque ele é seu e deve seguir o seu destino e, além disso, a responsabilidade pelo coelho é sua e não está certo atirar essa responsabilidade para cima de outros. Deixada sozinha, Mónica reflete e acaba por sentir que a vida vale a pena, sobretudo quando se encontram pessoas como a mãe do seu amigo Samuel.

Atriz convidada:
Daniela Ruah – Mónica


12. (05/07/2001)
A médica do posto de saúde enviou uma mulher, Silvina, para ter uma entrevista com Elsa. Silvina tem sinais de ter sido agredida, não se mostra disposta a dialogar e mente sobre as razões das marcas físicas que apresenta. Depois de insistências de Elsa, Silvina acaba por confessar que foi agredida pelo marido, mas que ninguém tem nada a ver com isso. Elsa fala-lhe sobre os direitos da mulher e explica-lhe que os homens têm de aprender que a agressão física não conduz a nada. Samuel aparece, muito excitado: deu uma tareia a um colega racista. Apesar de apoiar a causa, Elsa não apoia os meios e, sobretudo, fica posta em causa exatamente no momento em que pregava a tolerância e a não-violência. Silvina aproveita para provocar Elsa, que a expulsa do seu gabinete e corre com Samuel, que cortou com a possibilidade de diálogo com Silvina. Enquanto Samuel desabafa com Vasco, Silvina regressa ao gabinete de Elsa e pede-lhe desculpa. Explica finalmente que as nódoas negras na cara resultam de ter sido agredida pelo marido, que está no desemprego, alcoolizado e praticamente impotente. Domingos, o marido de Silvina, aparece no posto a exigir que a mulher vá para casa fazer o almoço. Empurra Samuel e ameaça fazer mais desmandos, quando Albino o reconhece. Trata-se de um antigo campeão de boxe. Albino lembra-se dos feitos dele. Elogia-o, mas, logo de seguida, apercebe-se de como a vida deitou o campeão abaixo. E pergunta-lhe se agora só é capaz de bater nas mulheres… Domingos cai em si. Junto de Silvina e em frente de Elsa e dos outros, promete que vai tratar-se e fazer tudo para voltar ao ringue do boxe. Talvez ao do boxe seja difícil, dizem-lhe. Mas é possível voltar ao ringue da vida.

Atores convidados:
João Lagarto – Domingos
Emília Silvestre – Silvina


13. (12/07/2001)
Lurdinhas procura um quarto para viver com os seus canários, porque a degradação em casa dos tios chegou ao limite do insuportável. Samuel namora por internet com uma indiana e, para desespero de Elsa, quer ir à Índia. Aparece uma senhora para falar com Elsa. Trata-se de Adriana, professora de Educação Musical na reforma, pessoa um tanto agreste e que começa por ter uma valente discussão com Lurdinhas. Elsa acalma-a e ela conta-lhe que lhe morreu marido e filho – só lhe resta um aquário de peixes e sente-se muito sozinha. Está a ficar com idade, e o único familiar que lhe resta, um sobrinho, quer interná-la num lar de terceira Idade, coisa que ela rejeita. Samuel aparece com urgência de comunicar com a namorada. Elsa manda-o para o computador de Vasco, que está avariado, e é Adriana que convence Elsa a deixar Samuel usar o seu computador. Elsa tem uma ideia: levar Lurdinhas a viver em casa de Adriana e fazer-lhe companhia. Mas a briga das duas volta a rebentar e Elsa, incomodada, deixa-as sozinhas e sai. Samuel, desesperado, corre para junto da mãe. A namorada indiana zangou-se e resolveu deixá-lo. Elsa fica furiosa. Resolve ir ela à Índia pôr na ordem a atrevida que tratou mal o seu filho. Adriana e Lurdinhas acabam por entender-se e chegam à conclusão de que canários e peixes sempre se deram bem – e, ainda, que ambas adoravam ter um papagaio. Resolvida essa situação, Samuel baixa à terra e conclui que a namorada na Índia era um delírio excessivo. Elsa desiste da viagem e vão jantar com Vasco, que até aceita tirar a gravata e tudo.

Atriz convidada:
Luísa Barbosa – Adriana

Elsa foi uma sitcom produzida no Porto, pela produtora Miragem, e exibida às quintas-feiras à noite.

Escrita por José Fanha, a série teria o título de Elsa, Uma Mulher Assim, que acabou por ser abreviado.

Daniela Ruah participou num dos episódios, como amiga do personagem de David Personne, com quem já havia contracenado na novela Jardins Proibidos.

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