Ao chegar a casa, Luísa (Maria Amélia Matta) é confrontada com a fúria do seu marido, Rui (Rogério Samora), que a acusa de ter um amante. Ela faz uma retrospetiva do seu percurso amoroso, cujo início remonta a uma noite em que sonhou com Brueghel, o pintor renascentista. Recorda-se de uma festa dada pela sua amiga Flores (Io Appolloni), onde se encontravam pessoas bizarras e interessantes, como o conhecido travesti Belle Dominique (Domingos Machado) e o psiquiatra Diogo (Sinde Filipe), por quem se apaixonou loucamente.

Luísa separa-se de Rui e vai viver para casa de Constança (Maria do Céu Guerra), uma antiga professora sua. Apesar de compartilhar da felicidade de Luísa, Constança conta-lhe ter uma amiga, Lili (Teresa Roby), que em tempos se envolveu com Diogo e foi abandonada por ele após engravidar. Ainda que fique um tanto intrigada, Luísa decide ir viver com o médico e consegue impressionar pela positiva todas as pessoas que fazem parte do seu universo, como a governanta Josefina (Fernanda Alves), e os amigos Xavier (Amílcar Botica) e Chico Barreiros (Rui Mendes).

Pouco depois, muito embora ame Diogo, Luísa cai em tentação e envolve-se com Pepe (Júlio César), um amigo de longa data, mas arrepende-se. Começa então a sentir-se adoentada, e Chico Barreiros convence Diogo a levá-la ao ginecologista. Fica-se a saber que Luísa está com uma gravidez extra-uterina e que terá de abortar. Porém, após passar por esse momento difícil, Luísa percebe que Diogo a trata com muita frieza, chegando ao ponto de a avisar de que tudo acabou entre os dois.

Sem perceber a reação do marido, Luísa entra em depressão e reaproxima-se de Pepe. Ao mesmo tempo, a saúde de Diogo não vai bem. Chico Barreiros aconselha-o a fazer uma dieta, mas não é bem-sucedido no seu propósito. Por seu turno, Pepe acusa Luísa de só o procurar para saber pormenores sobre o caso de Diogo com Lili, a sua antiga amante.

Luísa rompe com Pepe, mas não desiste de apurar os mistérios do passado de Diogo, e conhece Lili em casa de Constança. Após um momento constrangedor, as três mulheres acabam por jantar amistosamente e abordam a personalidade do marido de Luísa, que conta como é tratada por ele desde o episódio da gravidez extra-uterina. É então desfeito o mistério, quando Lili revela que Diogo não pode ter filhos.

Subitamente, por não obedecer aos conselhos de Chico Barreiros, Diogo é internado. Luísa acompanha-o na sua convalescença e ele perdoa-lhe a traição, iniciando-se um futuro que se adivinha mais feliz.

Luísa (Maria Amélia Matta)
Definida como uma mulher em busca de si própria, é através da escrita que paulatinamente se descobre. Desde o início ao fim do enredo, a necessidade de passar para o papel o que lhe vem à mente é uma constante, ocupando a obra de Brueghel uma influência decisiva na forma como vê o mundo.

Rui (Rogério Samora)
Primeiro marido de Luísa, apenas aparece no início para a acusar de adultério. Após a separação, ausenta-se da sua vida e do seu leque de amigos.

Diogo (Sinde Filipe)
Psiquiatra de renome, apaixona-se por Luísa, que se separa de Rui para viver com ele. Portador de um segredo que não confessa nem aos amigos mais íntimos, toma a resolução de romper com a mulher, propondo-lhe um casamento de aparências após um episódio muito doloroso vivido por ela.

Constança (Maria do Céu Guerra)
Antiga professora de Luísa, tornou-se a sua melhor amiga e confidente. Também conhece Lili, aquela que um dia foi abandonada por Diogo depois de engravidar.

Flores (Io Appolloni)
Amiga íntima de Luísa, é quem a apresenta a Diogo numa festa em Bruxelas, onde estão presentes convidados de mundos muito diversos.

Pepe (Júlio César)
Amante de Luísa enquanto ela é casada com Diogo. Bon vivant, aprecia os momentos agradáveis que lhe são proporcionados por Luísa, até se dar conta de que ela apenas quer saber informações sobre a antiga amante do seu marido.

Lili (Teresa Roby)
Amiga de Constança, teve um caso amoroso com Diogo no passado. Depois de ouvir a história da gravidez frustrada de Luísa, revela-lhe que Diogo não pode ter filhos, sendo esse o motivo do inesperado rompimento.

Josefina (Fernanda Alves)
Governanta da casa de Diogo, é também uma excelente cozinheira. Muito conservadora e moralista, sofre com o desentendimento dos patrões.

Chico Barreiros (Rui Mendes)
Melhor amigo de Diogo, está constantemente a aconselhá-lo a ter mais cuidado com a sua saúde.

1. Os dias felizes (28/10/1989)
Cansada da monotonia do seu casamento, Luísa inicia uma relação extraconjugal com Diogo, que conheceu numa festa em Bruxelas. Rui, o marido, descobre o adultério alguns anos depois, e a rutura é inevitável. Luísa refugia-se temporariamente em casa de Constança, sua antiga professora. Esta mostra-se surpreendida com o comportamento de Luísa e, embora não o reprove, tenta desconstruir a imagem de perfeição que ela tem do amante.

2. O exílio (04/11/1989)
Na rua, Luísa encontra casualmente um velho amigo, Pepe (não tão velho como isso). Ele leva-a para o seu apartamento e, apesar da relutância de Luísa, chegam às vias de facto, aventura que trará a Luísa alguns dissabores. Alguns dias depois, Luísa começa a sentir-se mal; é-lhe diagnosticada uma gravidez extra-uterina. A partir desse momento, Diogo começa a tratar a mulher friamente e, embora permita que ela continue a morar em sua casa, exclui-a por completo da sua vida.

3. O segredo (11/11/1989)
Luísa tenta convencer o amante, Pepe, a aproximar-se de Lili, a fim de obter informações sobre a sua suposta rival. Pepe percebe a jogada de Luísa e fica furioso. Diogo enfrenta alguns problemas de saúde, mas esconde-o da mulher. Constança promove um encontro entre Luísa e Lili. Esta revela um segredo sobre Diogo que faz Luísa, finalmente, entender as atitudes do marido.

Esta minissérie marcou a estreia do novo Núcleo de Teledramáticos da RTP.

O enredo constituía uma adaptação do romance homónimo de Fernanda Botelho.

O romance foi publicado em 1987, após quinze anos de silêncio da autora, tendo sido galardoado com o Prémio da Crítica em 1988.

Isabel Medina, responsável pela adaptação, realçou que se tratou de um desafio complexo: “Foi um bocadinho complicado, porque a história não é linear. A grande qualidade do livro acaba por ser o grande problema técnico. O que Luísa vai contando na autobiografia que está a escrever vai saltando no tempo e no espaço”.

Ainda relativamente ao trabalho de escrita, Artur Ramos fez questão de realçar que Isabel Medina “trouxe uma sensibilidade feminina importante e uma preocupação literária que ajudou muito”.

Depois de pequenos papéis em televisão, nomeadamente em Os Maias e A Tragédia da Rua das Flores, Maria Amélia Matta – atriz essencialmente de teatro – conheceu, com este trabalho, a sua primeira grande interpretação para o pequeno ecrã.

À TV Guia, a atriz revelou temer a falta de aceitação do público: “É um grande risco imaginar que os telespectadores me ajuizarão apenas pelo que eu represento em Luísa. Luísa resulta de um grande esforço e de um grande trabalho, mas é uma personagem condenada a desagradar. O público não vai gostar daquele seu ar apagado e não vai partilhar as suas ambições, desejos e atitudes. Essa reação do espectador não me deixaria apreensiva se estivéssemos ou noutro país ou noutro estágio de trabalho no nosso país. Se fosse nos Estados Unidos, Luísa, a protagonista da história, podia ser a Sue Ellen do Dallas e então o seu comportamento não deixaria estranhos os espectadores, aceitá-la-iam. Em Portugal, é um risco a correr”.

A série encontra-se disponível para visualização no portal RTP Arquivos.