Festa é Festa

Exibição:
16/10/1982 – 25/06/1983 (RTP 1)

Número de programas:
31

Autoria e apresentação:
Júlio Isidro

Produção:
Piedade Maio
Olívia Varela

Realização:
Margarida Gil

Ao contrário do seu antecessor (O Passeio dos Alegres) e do seu sucessor (A Festa Continua), que foram exibidos aos domingos, Festa É Festa tomou conta das tardes de sábado.

Júlio Isidro definiu este programa como “a evolução, de conteúdo e de estética” de O Passeio dos Alegres.

Com as habituais três horas de duração, era transmitido diretamente do Teatro Aberto.

Entretenimento, arte e cultura eram, uma vez mais, as palavras de ordem, com muita música – nacional e estrangeira – a dar o tom.

Desta feita, havia sempre um convidado central, o Rei ou a Rainha da Festa, que, sentado no “trono”, mantinha diálogo com Júlio Isidro durante todo o programa.

Mário Viegas, que já “dera as caras” em participações pontuais n’O Passeio dos Alegres, teve uma colaboração fixa em Festa É Festa, aliando a poesia ao humor.

Desta feita, o “júri vampiroso” era composto por figuras interpretadas por Ana Bola, Orlando Costa, Melim Teixeira, João Medina e Maria Vieira. Tratava-se de um júri internacional, com a presença de uma americana, um africano, um sul-americano, um russo e um chinês – o FáXiXi, representado por Maria Vieira, que aqui teve o seu primeiro trabalho de destaque.

Foi também o início de uma dupla – Maria Vieira e Ana Bola – que se manteria nos programas seguintes de Júlio Isidro. Neste caso, interpretavam as engraçadas figuras Cri-Cri e Piu-Piu.

Em 2017, as duas atrizes tiveram um sério desentendimento, depois de Ana Bola criticar severamente um post de Maria Vieira favorável ao recém-eleito presidente norte-americano, Donald Trump, considerando que a colega se transformara “numa criatura execrável”. Maria Vieira exerceu o seu direito de resposta, ameaçando processar Ana Bola.

Depois da D. Dores Paciência de O Passeio dos Alegres, Margarida Carpinteiro regressava com uma nova personagem, a ciganita Carmencita.

Foi também neste programa que Júlio Isidro iniciou uma rubrica que transitaria para A Festa Continua: o leilão de quadros. O objetivo era, por um lado, divulgar os artistas plásticos e, por outro, arranjar dinheiro para instituições de solidariedade. A este respeito, disse o apresentador: “Sei perfeitamente que as centenas de contos que vão sendo, desse modo, fornecidas para essas instituições não vão solucionar os problemas de saúde, de proteção social que o país tem. Mas esta “demagogia” vale, semanalmente, umas centenas de contos. Não é, pois, só a demagogia das palavras (que só dá ideias, esperanças e ilusões); esta demagogia vale dinheiro e, se tenho ao meu alcance a possibilidade de, através de um espetáculo, proporcionar dias melhores a outras pessoas, tenho obrigação de o pôr em prática”.

Destaque para a presença internacional de Patrick Duffy, o Bob Ewing da série Dallas, que na altura era exibida na RTP com grande sucesso.

No mês de abril de 1983, as emissões de Festa É Festa foram suspensas durante o período de campanha eleitoral. A decisão foi tomada pelo Conselho de Gerência da RTP em virtude da intervenção de Júlio Isidro na tempo de antena do Partido Socialista.

Rezava a ordem de serviço emanada daquele órgão:

No sentido de preservar a isenção e neutralidade da empresa perante candidaturas e partidos políticos concorrentes ao próximo ato eleitoral, o conselho de gerência deliberou suspender, durante o período da campanha, a participação em programas da RTP de quaisquer colaboradores que sejam candidatos ou intervenham no tempo de antena para o efeito reservado na RTP.

Júlio Isidro colocou em causa a legalidade deste ato: “Eu não sabia que as leis funcionavam com efeito retroativo… A produtora do programa foi informada no dia 8 de que não havia programa no dia 9, porque eu aparecera no dia 5 no Tempo de Antena do PS… Primeiro, viram quem iam atingir, depois fizeram a «ordem de serviço» em conformidade… Os outros abrangidos (o locutor do Porto, Agostinho Branquinho, do PSD; o jornalista desportivo Carlos Quinas, do CDS; e a locutora de continuidade Isabel Bahia, da APU) são exemplos que foram arranjados para encobrir a minha suspensão”.

Por sua vez, a Comissão Nacional de Eleições considerou esta decisão “um exagero” e notificou a RTP para rever o seu despacho de modo a permitir a todos os visados que retomassem as atividades profissionais sem prejuízo das atividades políticas.

O programa foi retomado depois de uma suspensão de três semanas.

Partilhar:

Festa é Festa