Exibição:
14/11/1991 – 28/11/1991 (RTP 1)
Número de episódios:
03
Ideia e argumento:
Carlos Barradas
Diálogos:
Abel Neves
Produção:
José Couceiro Neto
Realização:
Carlos Barradas
Exibição:
14/11/1991 – 28/11/1991 (RTP 1)
Número de episódios:
03
Ideia e argumento:
Carlos Barradas
Diálogos:
Abel Neves
Produção:
José Couceiro Neto
Realização:
Carlos Barradas
1. Amor é fogo que arde… (14/11/1991)
Catarina, uma bailarina em final de carreira – e cheia de problemas psicológicos por esse facto –, trava conhecimento com Artur, um arquiteto ferido na guerra colonial. Ao sentir que a sua solidão poderá ter chegado ao fim, predispõe-se a abandonar a dança, mas entre ela e o homem da sua vida interpõe-se uma personagem sinistra…
Elenco:
Alexandra Lencastre – Catarina
Marques d’Arede – Artur
Lúcia Maria – Margarida
Paulo Braga – Diabrete
Abel Neves
Argumento:
Carlos Barradas
2. Prelúdio e fuga (21/11/1991)
A cumprir uma pena em regime de prisão preventiva, Marta descobre que se encontra grávida. Decidida a não perder a criança, traça com Jorge, seu companheiro e também ele recluso na mesma prisão, na ala dos homens, os planos para o futuro do filho.
Elenco:
Rita Salema – Marta
Maria Simões – Rosa
Almeno Gonçalves – Jorge
Clara Rocha – Médica
Amélia Videira – Guarda prisional
Asdrúbal Teles – Inspetor
João Victor
Gil António
Duarte Victor – Guarda prisional
Isabel Ganilho
Cláudia Ferreira
Cremilde Paulo
Fátima Reis
Maria João Sobral – Reclusa
Argumento:
Carlos Barradas
João Louçã
Rui Cunha
Diálogos:
Abel Neves
3. Os assassinos herdam a terra (28/11/1991)
O “Lobo Mau” é o chefe de um tenebroso gang de motos, em constante luta com um segundo grupo, não menos tenebroso, que se digladiam para tomar conta da cidade. A “Capuchinho Vermelho”, uma inocente educadora de infância, é assediada pelo “Lobo Mau”, que a quer “papar”. Um dia, ela vai pelo bosque levar fruta à sua avó, quando ele surge e lhe oferece boleia. Irá a inocente “Capuchinho” aceitar a dita cuja?
Elenco:
Natália Luiza – “Capuchinho Vermelho”
Nuno Melo – “Lobo Mau”
Adelaide João – Avó
Luísa Barbosa – Avó
Carlos Rodrigues – Pai
Maria Clementina – Mãe
Carlos César – Taxista
Sílvia Brito
Asdrúbal Teles – Inspetor
Laurinda Alves – Repórter
Argumento:
Carlos Barradas
Diálogos:
Abel Neves
Carlos Barradas, autor e realizador desta série, descrevia o fantástico como “outra maneira de olhar e ver o quotidiano, o outro lado das coisas, o outro lado do espelho”. Pegou, então, em três contos infantis tradicionais – O Capuchinho Vermelho, O Soldadinho de Chumbo e Cinderela – e fez a transposição dessas histórias para um cenário urbano, como o de Lisboa, para serem vividas por gente adulta, inequivocamente mais perversa.
Aos três contos infantis, juntou Carlos Barradas um quarto, este saído da sua imaginação e passado numa prisão.
O objetivo seria usar quatro géneros diferentes – fantasia, drama, terror e musical –, havendo um elemento comum a interligá-los: o facto de todos os contos acabarem “mal e inesperadamente”.
As gravações decorreram em 1989, mas tanto a equipa como os equipamentos foram sendo desviados para outras produções, o que provocou o arrastamento e a interrupção dos trabalhos.
A série apenas foi para o ar no final de 1991, com um episódio a menos do que o previsto. Foi exibida nas madrugadas de quinta para sexta, por volta da 1h.
O episódio inspirado em Cinderela, que não saiu do papel, teria a forma de um musical, com música composta por Carlos Mendes. O elenco seria composto por Ana Luís (“Cinderela”), Alexandre Pinheiro (“Príncipe encantado”) e Maria José (Madrinha), entre outros.
Deixamos aqui o resumo do que seria esse episódio:
A “Cinderela” é uma rapariga que trabalha na cozinha de uma grande e ultra-sofisticada empresa de computadores. O seu diretor é novo, encantador e tem um Ferrari. Ele torna-se o seu príncipe encantado e é alvo de um amor platónico, alimentado por novelas e fotonovelas à farta. O pior é que “Cinderela” vive com um padrasto muito bruto e tem três irmãos piores ainda. Em contrapartida, é afilhada de uma madrinha meio maluca, a qual trabalha no guarda-roupa de um teatro. Para ela, não há impossíveis, pelo que logo arranja maneira de surripiar um traje completo do teatro, de modo a que a sua querida afilhada possa ir a um baile todo chique, festejando o lançamento de um novo computador. Assim transfigurada, “Cinderela” ganha o amor do seu príncipe encantado. Mas dão as doze badaladas! É preciso entregar o fato para o dia seguinte. Ele fica sozinho, com o anel da sua amada na mão. Todos os dias passa por ela sem a reconhecer e acaba por apaixonar-se pela atriz principal do teatro, a cujo guarda-roupa pertence o vestido que “Cinderela” usou na noite do baile. O anel serve-lhe na perfeição, pois também pertence aos adereços. “Cinderela” suporta tudo, até que um dia…
A noite era o principal componente natural e obrigatório de Histórias Fantásticas, já que a ação decorria (como convinha ao cinema fantástico) principalmente depois de o dia acabar.
Carlos Barradas procurou revestir este trabalho de características únicas: “A germinação desta ideia iniciou-se há doze anos. Entretanto, eu venho do mundo da banda desenhada. Por isso, a linguagem utilizada e a exposição da narrativa e da ação têm muito a ver com as histórias aos quadradinhos. Penso que, em Portugal, nunca se fez nada como isto, porque, na verdade, este projeto é de loucos…”.
O autor/realizador quis apostar na inovação: “Queremos dar uma ‘bofetada’ na estagnação que se verifica em Portugal no que respeita aos filmes de ficção”.
Para uma correta realização e produção desta série, seriam precisos, no mínimo, dez mil contos por episódio, quando a verba atribuída pela RTP rondou os 3500 contos, por cada uma das histórias. A viabilidade do projeto deveu-se, pois, a uma equipa empenhada e com grande espírito de sacrifício. Beneficiou-se ainda da boa vontade de um conjunto de anónimos que, nas filmagens de exteriores, emprestaram as suas casas e os seus carros, favorecendo a hipótese de um bom produto final, com um mínimo de custos e investimento.
Nuno Melo, que fez de “mau da fita” na recriação do Capuchinho Vermelho, revelou um grande entusiasmo com este trabalho: “Acho que nunca se tinha feito em Portugal uma coisa assim com tanta ação. Eu entreguei-me de corpo e alma a este trabalho, chegando mesmo a magoar-me; as cenas são por vezes duríssimas, mas motivadoras – por exemplo, andar uma noite inteira metido num pântano de lodo, ou uma cena de pancadaria em que me metem a cabeça dentro de água – são cenas extenuantes. O Carlos Barradas está a tentar fazer uma coisa nova com meios tão parcos como os que tem… Esperemos que resulte bem e que seja apreciado pelo público, de forma a que novos trabalhos deste género surjam”.
O duplo de Nuno Melo nas cenas de maior perigo foi Fernando Mendes, um mecânico de oficinas, em detrimento de dois cascadeurs franceses, que pediram cachês de ouro, incomportáveis pelo orçamento da produção.
A jornalista Laurinda Alves apareceu como uma repórter, no mesmo episódio.
A avó do “Capuchinho Vermelho” foi interpretada por duas atrizes: Adelaide João e Luísa Barbosa (cujo rosto não chega a ser mostrado).
Maria José Paschoal iria protagonizar o episódio Amor é fogo que arde…, mas, devido ao atraso no início das gravações e a outros compromissos profissionais da atriz, esta viu-se obrigada a abandonar o projeto, o que fez com que as cenas que já tinham sido gravadas com uma bailarina parecida com ela tivessem de ser regravadas.
A série encontra-se disponível para visualização no portal RTP Arquivos.