Introdução
Criado em 2008, este site destina-se a todos aqueles que são do tempo em que ainda não havia Internet nem TV Cabo. Existiam apenas dois canais de televisão, cujas emissões ocupavam apenas uma pequena parte do dia, o que contribuiu para que os programas que passavam nessa altura fizessem parte do dia-a-dia das pessoas, marcando a memória coletiva de várias gerações.
Inicialmente pensado para versar apenas sobre séries de animação, o site tomou o título de Brinca Brincando, nome do espaço infantil que, durante anos, a RTP dedicava diariamente aos mais jovens. No entanto, ao concluirmos que rapidamente esgotaríamos o rol de títulos, decidimos alargar o âmbito a diversos géneros televisivos.
Não é nosso objetivo elaborar uma lista exaustiva de todas as séries, magazines, telenovelas ou desenhos animados que passaram na televisão portuguesa, mas antes recordar os momentos mais marcantes. Por outro lado, vamo-nos focar essencialmente numa época de que nos lembramos melhor e que vai desde o final da década de setenta até ao final da década de noventa, o que não significa que não surjam no site produções posteriores.
Dado o trabalho de pesquisa que envolve uma abordagem deste género, este site estará permanentemente em construção.
Entretanto, como evidência do papel que a televisão assumia, é oportuno recordar que, sendo a RTP detida pelo Estado durante esse tempo, o seu percurso foi muito permeável à situação política, económica e também social que se vivia no momento.
Por exemplo, em 1981, as emissões passaram, durante algum tempo, a encerrar pouco depois das onze da noite, devido à necessidade de poupar energia.
Em outubro de 1983, com o aproximar de maior crise económica desde o 25 de abril, a televisão reduziu drasticamente o número de horas de emissão, com o objetivo de cortar na despesa pública. No ano seguinte, a situação agravou-se: a inflação estava à beira dos 30%, enquanto se assistia à maior crise de salários em atraso dos últimos anos. Apesar de várias solicitações, por parte da administração da RTP, com vista a um alargamento das emissões, foi recusada pelo governo qualquer atuação nesse sentido. De segunda a sexta, as emissões da RTP 1 abriam às 17 horas e as da RTP 2 abriam a partir das 19. Apenas em maio de 1985, o alargamento seria possível, com o início das emissões diárias por parte da RTP Porto.
Em 1987, foi decretada a suspensão do programa Fisga, em exibição na RTP 1, cuja sessão dedicada ao tema patriotismo foi considerada ofensiva aos símbolos nacionais.
João Grosso interpretando uma rábula no programa Fisga de 05/12/1987
Em 1988, houve outra intervenção por parte do Estado, que até hoje é lembrada pelos mais atentos. Desta vez, o programa suspenso foi Humor de Perdição, de Herman José. A causa residia nas fictícias Entrevistas Históricas, que escandalizaram os setores mais conservadores da sociedade. Os últimos episódios desta série só seriam vistos, pela primeira vez, no ano de 1996.
Em fevereiro de 1991, ocorreu uma das maiores polémicas em que a televisão portuguesa se viu envolvida. A exibição do filme O Império dos Sentidos, na RTP 2, desencadeou a indignação por parte do Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, contra a administração da RTP. O mesmo viria a público dizer que aprendera mais vendo dez minutos de filme do que em 67 anos de vida, o que deu origem a uma grande celeuma.
A exibição de O Império dos Sentidos em destaque no Jornal de Notícias (21/02/1991)
É importante lembrar também que, até 1991, era paga uma taxa pelo serviço público de televisão, que variava consoante o televisor fosse a preto e branco ou a cores. Regularmente, os dois canais da RTP exibiam um anúncio em que os telespectadores eram exortados a pagar a aludida taxa, que veio a ser abolida pelo segundo governo de Cavaco Silva. Mais recentemente, passou a ser incluída uma importância com uma função semelhante na conta da eletricidade.
É este o contexto da época que nos propomos lembrar, através de memórias a que os nossos visitantes certamente irão aderir.
Estamos, entretanto, abertos a sugestões, críticas ou partilha de informações úteis, através do email info@brincabrincando.com.
Visitem-nos também no YouTube, onde, desde 2023, algum do nosso espólio pessoal começou a ser disponibilizado no canal Máquina do Tempo.
Ficha técnica do site
Autoria e conteúdos:
João Costa
Nuno Sobral
Gonçalo Vaz
Afonso Gageiro
Coordenação:
João Costa
Web design:
Pedro Nascimento
Agradecimentos:
Artur Correia Jr.
Catarina Coelho
Cristina Moniz-Pereira
Filipa Costa
Inês Sousa (Ficção Portuguesa)
João Albuquerque
João Paulo Seara Cardoso
Júlio César Martins
Luís Laureano Santos
Madalena Miguel
Martim Albuquerque
Miguel Meira
Nilson Xavier
Ricardo Santos
Rogério Ceitil
Tó Sequeira