Jornalinho

Exibição:
28/01/1984 – 04/04/1987 (RTP 1)

Número de programas:
122

Autoria e coordenação:
António Santos

Apresentação:
António Santos
Carlos Ribeiro
Jorge Passarinho
Manuela de Sousa Rama
Natália Oliveira
Pedro Castelo
Sílvia Soares

Colaboração especial:
João Viegas
José Lúcio
Vasco Brilhante
Alice Vieira
Natércia Rocha

Bonecreiros:
António Gualdino
José Ramalho

Produção:
Leonor Bernardo

Realização:
Luís Miranda
Fernando Midões

Jornalinho é um telejornal dirigido às crianças e, como tal, tem um estilo bem próprio, com um ritmo vivo mas que, ao mesmo tempo, procura transmitir informação e conhecimentos.

A redação do Jornalinho

Reportagens, entrevistas, sugestões, música e muitas ideias divertidas são os ingredientes deste programa dedicado aos mais jovens e que pretende contar “as últimas do país” no que lhes diz respeito.

Os correspondentes do Jornalinho são os próprios telespectadores, que, através de cartas e desenhos, enviam as notícias das zonas onde vivem. Os repórteres do programa também se deslocam às escolas e a outros pontos de interesse.

Convite enviado pela Escola Secundária do Restelo ao Jornalinho

Presentes na redação, para além de jornalistas de “carne e osso”, estão também os bonecos Elias e Horácio, que intervêm ativamente na apresentação do programa.

A ideia partiu de António Santos: fazer um programa de informação para os mais jovens, tratando os temas de forma simples e compreensível.

Exibido aos sábados ao fim da manhã, o programa esteve no ar entre 1984 e 1987, em quatro temporadas.

A fim de não maçar os jovens espectadores, as reportagens eram muito curtas, não ultrapassando os 2 minutos. Exceção feita à “grande reportagem”, que chegava a atingir os… 5 minutos!

Para António Santos, um dos segredos do sucesso do programa foi ter, na sua equipa, jornalistas profissionais. Procurou-se que a linguagem utilizada tivesse um registo coloquial e depurado, sem ser paternalista ou mimado.

António Santos

Na equipa inicial de apresentadores/repórteres, coordenada por António Santos, estiveram Carlos Ribeiro, Manuela de Sousa Rama e Jorge Passarinho.

Carlos Ribeiro
Manuela de Sousa Rama
Jorge Passarinho

Em entrevista ao Há Conversa, Carlos Ribeiro comentou que achava muita piada quando a equipa se deslocava às escolas e os miúdos se referiam ao Jornalinho como “o seu telejornal”.

Carlos Ribeiro e Manuela de Sousa Rama saíram no final da segunda temporada, abraçando novos projetos também ligados ao público jovem. Carlos Ribeiro foi apresentar o concurso Arco-Íris, e Manuela de Sousa Rama, o Clube Amigos Disney, em parceria com Júlio Isidro.

Assim, na terceira temporada, António Santos passou a ter como colegas de apresentação os jornalistas Pedro Castelo e Natália Oliveira.

Natália Oliveira
Pedro Castelo

Os momentos de humor eram assegurados pelas rábulas protagonizadas pelos simpáticos bonecos Elias, Horácio e Clementina, com textos de Alice Vieira e manipulação a cargo do Grupo Lanterna Mágica.

Elias e Horácio

O Elias começou por aparecer sozinho. Só ao fim de três meses o pássaro Horácio fez a sua primeira aparição, mais concretamente no dia 28/04/1984.

Na última temporada, os dois amigos passaram a dispor de uma companhia feminina, a pouco recordada Clementina.

Elias, Clementina e Horácio num ensaio geral do programa

Um dos colaboradores fixos do Jornalinho foi João Viegas, com a rubrica de desenho.

João Viegas

Neste espaço, João Viegas ensinava as crianças a melhorarem o seu traço, mostrando que desenhar não era tão difícil como poderia parecer à partida.

Eram também mostrados os trabalhos enviados pelas crianças, feitos a partir de temas sugeridos no programa.

João Viegas foi também o responsável pela conceção dos bonecos presentes no programa.

Havia ainda lugar à rubrica “A Loja do Mestre Zé”, em que José Lúcio ensinava pequenos truques de trabalhos manuais, incentivando as crianças à construção dos próprios brinquedos.

Outro colaborador habitual era Vasco Brilhante, que falava sobre cinema.

O mais jovem elemento do programa era a pequena Sílvia, responsável pela leitura do boletim meteorológico, naturalmente “trocado por miúdos”.

Mário Augusto estreou-se em televisão no Jornalinho, por indicação de Carlos Ribeiro.

Durante o programa, foram exibidas duas séries de desenhos animados com caráter didático, oriundas de França: Pluma D’Alce, que, através das aventuras de um índio, ensinava as regras de trânsito; e O Mágico Archibald, que transmitia cuidados de saúde.

Pluma d’Alce
O Mágico Archibald

Outro personagem de animação que marcou também presença no Jornalinho, em episódios de curta duração, foi Lucky Luke.

No final de cada programa, era exibido um teledisco, muitas vezes exclusivo, geralmente com a intervenção do Coro Juvenil da TAP.

Jornalinho rendeu a António Santos dois prémios em 1985: o Prémio Regra de Ouro (RTP), para melhor autor de televisão; e o Troféu Verbo, para melhor divulgador de livros, na Comunicação Social.

Foi também nomeado para o Sete de Ouro, nos anos de 1984, 1985 e 1986, para melhor autor de televisão.

Jornalinho em destaque no Se7e de 26/03/1986, juntamente com os programas Arco Íris e Sebastião Come Tudo

No que diz respeito à divulgação de livros, o Jornalinho contou com a colaboração da escritora Natércia Rocha, que fazia a seleção das obras sugeridas no programa.

O primeiro genérico do programa foi concebido a partir de desenhos infantis selecionados por António Santos, a que o realizador Luís Miranda juntou algumas fotografias. A música foi escolhida pela equipa e, de tudo isso, resultou, nas palavras de António Santos, “um genérico simples, despretensioso e que custou à RTP zero escudos…”

Na terceira temporada, o genérico ganhou nova roupagem, passando a ter como tema uma canção interpretada pelos Queijinhos Frescos, posteriormente lançada em single.

Jornalinho teve grande recetividade junto do seu público, cuja participação foi bastante estimulada. Atesta-o o número de cartas que a redação do programa recebia semanalmente: entre cinco a sete mil.

Frequentemente, o programa procedia ao sorteio de idas ao cinema, ao teatro, a museus ou a eventos desportivos.

Jornalinho teve uma presença muito forte (e de certa forma pioneira em Portugal) a nível de merchandising. Foram vários os produtos lançados com a marca do programa, entre os quais:

– Jogos didáticos
– Peças de vestuário
– Produtos alimentares
– Bonecos em PVC

António Santos esteve no programa Antenas no Ar exibido no dia 12/08/1997, dedicado às crianças, e conversou com Júlio Isidro sobre o Jornalinho. Foram exibidos curtíssimos trechos da edição n.º 44, presumivelmente exibida no dia 01/06/1985, já que é feita uma referência ao Dia Mundial da Floresta (22 de maio), que teria ocorrido na semana anterior.

Em 2017, comemorando os 30 anos do final do programa, a revista N-TV recolheu depoimentos dos apresentadores iniciais:

António Santos
O programa tinha uma equipa toda ela tão boa, que a até a minha porteira (ou alguém sem experiência) faria do programa um sucesso. Quem falava de livros era a Natércia Rocha, conselheira cultural da Gulbenkian. Quem escrevia os textos dos bonecos era a Alice Vieira. Quem falava de música era o José Lúcio. A produção da RTP era excelente e os realizadores eram os melhores da casa.

Carlos Ribeiro
Até ali, as crianças eram sempre tratadas, na televisão, como se fossem atrasadas mentais. Nós passámos a tratar as crianças por tu, sendo pedagógicos, acessíveis, fazendo reportagens com linguagem clara, que pudesse ser compreendida por todos.

Manuela de Sousa Rama
O jornalista também tem como missão ensinar, explicar, contextualzar. Nós fazíamos isso tudo ali. E, ao contrário do que se possa pensar, era um trabalho difícil. Não é fácil fazer isso para as crianças. Fazer entender acontecimentos, desmistificar papões…

Jorge Passarinho
Nós tínhamos dois bonecos em estúdio e um dia levei um boneco ao dentista para fazer uma reportagem. O boneco só tinha dois dentes, combinei com um dentista e levei o boneco ao médico. A ideia era fazer uma reportagem que sensibilizasse as crianças para a importância da higiene oral. A reportagem correu tão bem que, nos dias seguintes, choveram telefonemas na RTP, de pais que queriam saber o nome do dentista porque as crianças queriam ir lá.

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