Louco Amor

Exibição:
08/07/1985 – 03/03/1986 (RTP 1)

Número de capítulos:
168

Produção:
Rede Globo (1983)

Novela de:
Gilberto Braga

Direção geral:
Paulo Ubiratan

A embaixatriz Renata Dumont (Tereza Rachel) é uma mulher pérfida, arrogante e ambiciosa. Embora ganhe muito bem, o embaixador André (Mauro Mendonça) não tem fortuna pessoal, pois o património da família pertence a Edgar (José Lewgoy), seu irmão mais velho. Assim, Renata instiga o filho, Lipe (Lauro Corona), e a enteada, Patrícia (Bruna Lombardi), a paparicarem o tio, para garantirem o futuro. Os seus planos todavia nem sempre têm sucesso: Patrícia tem uma relação íntima com Luís Carlos (Fábio Jr.), o filho da cozinheira Isolda (Nicette Bruno), o que deixa Renata em polvorosa. Para o humilhar, Renata obriga Luís Carlos a servir numa festa, no decorrer da qual faz questão de fazer ver a todos a sua posição subalterna. Em resposta, Luís Carlos solta os cães em cima da embaixatriz, provocando o pânico dos convidados.

Patrícia e Luís Carlos

Passam-se vários anos. Após uma temporada em Londres e Buenos Aires, Renata e André vêm passar férias ao Rio de Janeiro, onde não faltam preocupações. Para além do problema de Patrícia com Luís Carlos, Lipe começa a namorar com Cláudia (Glória Pires), oriunda de um meio muito modesto. Ficamos também a saber que Renata esconde as suas origens duvidosas, bem como um filho ilegítimo, Márcio (Carlos Alberto Riccelli). Para complicar, há o facto de Patrícia também ter dado à luz uma criança, João, fruto do relacionamento com Luís Carlos. Todos pensam que João foi adotado por Renata e André, mas Luís Carlos não descansa enquanto não descobre a verdade e, ao confirmar as suas suspeitas, resolve levá-lo consigo. Para o incriminar, Renata acusa-o de pedir um resgate de 500 mil dólares. Aparecendo no local do sequestro, André fica a saber do plano, mas não tem uma sorte melhor: João sobe ao telhado e, ao tentar salvá-lo, o embaixador morre, caindo de uma altura muito elevada.

André e Renata

Renata fica a viver na casa de Edgar, que lhe arranja uma nova preocupação. Encantado pela esteticista, Gisela (Lady Francisco), pede-a em casamento e nem os ardis de Renata são suficientes para os separar. Por seu turno, cada vez mais longe de Luís Carlos, Patrícia transforma-se numa mulher fútil, enquanto ele se apaixona por Cláudia, para grande alegria de Renata, que os considera “gentinha” sem nível.

Luís Carlos e Cláudia

Entretanto, a verdadeira identidade da embaixatriz é revelada perante todos. Ela é Agetilde Rocha, a mulher perigosa que levou ao suicídio o outro irmão de Edgar e André, muitos anos antes. A única pessoa que sabia de tudo era Isolda, que, à altura, tomava conta dos filhos de ambas, Luís Carlos e Márcio.

Pouco tempo depois, Renata tem um outro desgosto. Fernando (Carlos Eduardo Dolabella), o homem de confiança de Edgar, resolve matá-lo, explodindo-lhe a lancha, mas quem acaba por morrer é Márcio. As surpresas, porém, não ficam por aqui: inconsolável, Isolda revela a Renata que era a mãe de Márcio. Com o intuito de assegurar o futuro dele, Isolda trocara as duas crianças que tinha a seu cargo, entregando o seu filho à embaixatriz e ficando com o dela. Ao descobrir que é mãe de Luís Carlos, Renata pede-lhe perdão, mas ele não a aceita, aconselhando-a a meter-se debaixo de um carro. Embora não seguindo tais conselhos, Renata afasta-se e vai morar para uma pequena pensão, onde terá de conviver com a “gentinha lerda” que sempre detestou.

Aquando da estreia, a imprensa definiu Louco Amor como um típico folhetim. Ao contrário de O Bem-Amado e Guerra dos Sexos, vistas no ano anterior, Louco Amor não pretendia ser especialmente criativa nem inovar a linguagem utilizada neste tipo de produto.

Mesmo assim, pode dizer-se que Louco Amor foi um sucesso, talvez devido ao facto de ser a única telenovela brasileira a ser transmitida em Portugal durante todo o tempo em que esteve no ar.

Louco Amor em destaque nos primeiros números do destacável de televisão da Nova Gente

Na véspera do primeiro capítulo, a RTP transmitiu uma edição especial do programa RTP Brasil, intitulada Louco Amor está chegando, onde foram apresentadas as personagens e vistas algumas das primeiras cenas da telenovela.

Foram exibidas entrevistas com os atores Fábio Jr., Tereza Rachel, Nicete Bruno, Beth Goulart, Lauro Corona, Glória Pires e José Lewgoy, bem como com o diretor Paulo Ubiratan e o autor Gilberto Braga.

Nicete Bruno e Beth Goulart, mãe e filha, foram entrevistadas no mesmo cenário, o que motivou o aparecimento do chefe de família, o ator Paulo Goulart, para também ele enviar uma saudação ao público português.

Mesmo sem ter trazido nada de novo, Louco Amor teve uma particularidade que não passou despercebida. Se os vilões têm sempre um papel importantíssimo em qualquer telenovela, neste caso, a megera Renata (Tereza Rachel) ultrapassou em protagonismo qualquer dos possíveis heróis do folhetim. Se, vistos os primeiros capítulos, parece que o enredo principal assenta no amor impossível de Luís Carlos (Fábio Jr.) e Patrícia (Bruna Lombardi), com o passar do tempo, esta trama acaba por perder a importância, principalmente quando Luís Carlos se apaixona por Cláudia (Glória Pires). Sem qualquer dificuldade, verificamos que o eixo central da telenovela vai mudando consoante o alvo de Renata. Patrícia, se aparentava ser protagonista no início, acaba por perder a importância no seguimento da história e, no último capítulo, apenas aparece fugazmente no final de uma cena, sem que permaneça no pequeno ecrã ao menos durante um minuto.

A vilã Renata Dumont (Tereza Rachel)

Edgar e Gisela também tiveram um destaque digno de registo. O anúncio publicitário da revista Eva do Natal fazia alusão ao popular casal, ouvindo-se o diálogo de dois atores a imitar as personagens de José Lewgoy e Lady Francisco, onde não podia faltar o conhecido bordão “E eu não sei?”.

Outra curiosidade prende-se com o facto de a telenovela ser vista, à altura, por todos os candidatos às eleições presidenciais, aos quais foi questionado se conheciam as personagens de Louco Amor.

Diogo Freitas do Amaral: “Claro que sim: dr. Edgar, Muriel, Giselle, Filipe, Luís Carlos, Patrícia, Lúcia, Alda Maria”.

Maria de Lourdes Pintasilgo: “Conheço todos, claro. As que mais me dizem são a Muriel, a Cláudia e o Alfredo”.

Mário Soares: “Claro, como toda a gente: o “Edgarzinho meu amor”, a Giselle, a Patrícia e, sem dúvida, a Muriel”.

A novela terminou no dia 03/03/1986, tendo o último capítulo repetido no dia seguinte.

Foram entretanto lançadas duas coleções de calendários, uma com atores de Louco Amor e outra com atores de outras novelas já exibidas em Portugal.

Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli deslocaram-se a Portugal e foram entrevistados por Fernando Pessa no Telejornal. Ao lado de ambos, encontravam-se alguns amigos íntimos do casal, entre os quais o arquiteto Tomás Taveira.

"E esta, hein?"

Na RTP Açores, a novela teve o seu genérico censurado e substituído por uma tela estática com o logotipo. Nesta versão, o nome de Tereza Rachel apareceu escrito de forma bastante bizarra…

O tema We’ve Got Tonight, interpretado por Kenny Rogers e Sheena Easton, fez bastante sucesso e foi lançado num single que, na capa, trazia o logotipo da novela.

Foram importados alguns exemplares da versão romanceada da novela, pertencente à coleção As Grandes Telenovelas, da Editora Rio Gráfica.

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Louco Amor