Ninguém como Tu

Exibição:
03/04/2005 – 20/12/2005 (TVI)

Número de capítulos:
185

Autoria:
Rui Vilhena

Guionistas:
Raquel Oliveira
Irina Gomes
George Martins

Coordenação de elenco:
José Martins

Coordenação de elenco infantil:
Rui de Sá

Produção:
Raul Soares

Direção de projeto:
André Cerqueira

Realização:
André Cerqueira
Gonçalo Mourão
Rodrigo Riccó

Elenco:
Albano Jerónimo – Tiago
Alexandra Lencastre – Luiza
Alexandre Ferreira – Nuno
António Pedro Cerdeira – Frederico
Benedita Pereira – Teresa
Cláudia Aguizo – Mariana
Cláudia Oliveira – Elisa
Dalila Carmo – Júlia
Fátima Custódia – Rosário
Fernando Guimarães
Frederico Barata – João
Grace Mendes – Sandra
Guilherme Barroso – Henrique
Joana Figueira – Ofélia
Joana Seixas – Inspetora Irina
João Pedro Cary – Jaime
João Secundino – Guilherme
Joaquim Horta – Alexandre
Jorge Mota – Inspetor Rui
José Fidalgo – Miguel
José Neves – Afonso
Lauro Figueiroa
Lia Gama – Conceição
Liliana Santos – Isabel
Lourenço Henriques – José
Manuela Couto – Dulce
Márcia Breia – Eugénia
Márcia Leal – Ana
Maria João Falcão – Inês
Maria Simões – Lurdes
Miguel Sá Monteiro – Rui
Nuno Homem de Sá – António
Patrícia Adão Marques – Vânia
Patrícia Franco – Carmo
Patrícia Roque – Mónica
Paulo Rocha – Rafael
Pedro Gouveia – Sérgio
Pedro Lima – Gabriel
Ricardo Carriço – Pedro
Rita Tomé – Fátima
Rosa Lobato de Faria – Milu
Rosalina Nogueira
São José Correia – Leonor
Sinde Filipe – Luciano
Sofia Aparício – Guida
Sofia de Portugal – Glória
Sónia Cláudia – Carla
Suzana Borges – Beatriz
Tina Barbosa – Natália
Vera Alves – Paula
Vítor Norte – Mário

Participações especiais:
Almeno Gonçalves – ator
Anna Paula – Berta
António Aldeia – Inspetor
António Melo – ator
Bruno Rossi – Álvaro
Carlos Barradas – Gonçalo
Guida Ascensão – rececionista do condomínio residencial
Júlio Cardoso – Ricardo Gomes
Laurinda Ferreira – Manuela Gomes
Luís Alberto – Dr. Carlos
Orlando Costa – Vítor
Rui de Sá – Albano
Rui Quintas – carteirista
Sofia Póvoas – funcionária do laboratório

Luiza Albuquerque (Alexandra Lencastre) cedo chegou aos escaparates das revistas cor-de-rosa e a uma vida descontraída, graças a um casamento financeiramente proveitoso com o empresário do ramo da construção civil Mário Albuquerque (Vítor Norte). Nunca fora pobre, mas o dinheiro não abundava. Antes de embrulhar os milhões de Mário na carteira, apaixonara-se por Pedro (Ricardo Carriço) com quem vivera ardente romance, mas a voz do dinheiro falou mais alto. O mesmo dinheiro, que Mário descobre não ter – depois de um golpe certeiro aplicado por Afonso (José Neves), diretor financeiro da empresa –, abre-lhe a porta à penúria e dita o fim do casamento.

O ego escalavra-se também porque Teresa (Benedita Pereira), a filha mais nova de Luiza e de Mário, se apaixona à primeira vista por Miguel (José Fidalgo), na véspera do casamento, e manda, sem pestanejar, o enlace para as urtigas, lançando-se na demanda do seu sonho com um rapaz remendado e sem capacidade para lhe sustentar caprichos. A outra filha, Isabel (Liliana Santos), parece viver à sombra do dinheiro: dada a futilidades como a mãe, vive em Nova Iorque e bate o pé a ter de regressar à boçalidade de Portugal.

Sem um chavo, e com a vida de pernas para o ar, Luiza põe astúcia na manha e lança a rede a António Paiva Calado (Nuno Homem de Sá), marido da sua amiga Beatriz (Suzana Borges), achando que dessa forma recuperará o seu conforto financeiro.

António enriqueceu à custa do casamento com Beatriz, que transformou num mero pró-forma. Gaba-se de ser um conquistador inveterado, para desgosto da mulher, que, amargurada, procura libertar-se do colete-de-forças onde está metida. Luiza desafoga-lhe as mágoas apresentando-a a Rafael (Paulo Rocha), um pintor de rua que a encanta. Sem medo de perder o pé, Beatriz apaixona-se por Rafael e dá o seu grito de liberdade, para espanto dos filhos, Nuno (Alexandre Ferreira) e Inês (Maria João Falcão). Nuno trabalha com o pai, moendo-lhe o juízo pelas ideias modernas que tenta trazer ao negócio. Já Inês é cleptomaníaca e amiga de Teresa.

O casamento com António não dá a Luiza o céu, deixa-a antes num limbo: agarrado ao dinheiro, António racha-lhe os sonhos de riqueza. Angustiada e com a felicidade em corda bamba, notícia bombástica deixa-a sem chão: tem um aneurisma não curável que pode rebentar a qualquer instante. Para viver no paraíso em que sonhara, tem de inverter rumos. Conseguirá ir a tempo de acertar contas com o coração? Lança-se em frenesim sobre o cunhado Pedro (Ricardo Carriço), um amor ainda quente e avassalador, que precocemente interrompeu.

Pedro ainda sente a chama acesa, mas coloca água fria na paixão: é casado com Dulce (Manuela Couto) – irmã de Luiza – e, conservador e formal, não se vê com coragem para rasgar o casamento. A relação arrasta-se num tédio, virou rotina, o dinheiro rareia, e era a ajuda de Luiza que servia para compor a mesa e a vida. Quando o desemprego de Pedro encurrala cada vez mais o orçamento familiar, Dulce arregaça as mangas e desperta dentro de si um talento: o de doceira. O filho João (Frederico Barata) tem uma particularidade: é gay. Só o percebe quando nota que os olhos faíscam com as curvas elegantes de Henrique (Guilherme Barroso), um bailarino que diz a todos vir para Lisboa da província estudar para ser médico. Com Henrique a não lhe corresponder no afeto, João sente o estigma da rejeição do pai, da mãe e do avô, que, preocupados, o tentam convencer a mudar a sua orientação sexual. Consegue desempoeirar-lhes a mente, levando-os a aceitá-lo na sua diferença. Ana (Márcia Leal), a filha de Dulce e de Pedro, cursa jornalismo, mas tem amargo passado que sempre guardou para si: fez um aborto sozinha, por se sentir desamparada. O pai do filho que a deixou sem auxílio é Miguel – o mesmo que pôs o coração de Teresa em polvorosa. E pelo ex-namorado é capaz de tudo, declarando guerra à prima, de cujas indecisões sentimentais se aproveita.

Com a vida em negrume está também Júlia (Dalila Carmo), a irmã mais nova de Luiza, com quem vive num jogo de gato e do rato. Nunca amparou os golpes da irmã, critica-lhe os vícios e tenta ser uma mãe zelosa de Jaime (João Pedro Cary). O filho faz finca-pé e foge de casa, por não aceitar a sua precária situação financeira. Sobre Jaime, o novelo vai-se desenrolando, colocando Júlia com o coração a palpitar: é que Jaime é seu filho adotivo. Quem o teve foi Vera, a sua melhor amiga, na sequência de uma noite de farra bem regada, com pai cuja identidade se desconhece. As buscas de Jaime levam-no a descobrir, por entre espanto, que é filho de Gabriel (Pedro Lima), cirurgião plástico de renome e meio-irmão de António (com quem tem relação briguenta). De Vera e da noite que acabou na cama, mais nada soube; julgou não ter tido consequências. Tem uma filha, Carmo (Patrícia Franco), que vive com o sonho de arranjar alguém que ocupe o lugar da mãe, morta, em casa.

Mal vê Júlia, a pulsação de Gabriel acelera. E em frenesim fica quando percebe que, por entre as angústias de Júlia, pode encontrar final feliz na sua história. É que Jaime pressiona a mãe para que esta se case com o cirurgião, mas Júlia, que cedera ao amor à primeira vista com Tiago (Albano Jerónimo), não quer perder o romance que penou para arranjar. Vive em angústia, temendo ser encarcerada por ter falsificado a certidão de nascimento de Jaime, caso o segredo venha à tona.

Tiago partilha casa com Leonor (São José Correia) – cujas extravagâncias a levaram a secar as contas de Mário e que, burlada por Afonso, regressa a Lisboa sem um cêntimo no bolso – e com Miguel. Dispensado da empresa de Mário, Tiago dá corda ao sonho de ser programador informático e lança-se na aventura de fazer um jogo que as empresas do ramo queiram fabricar. Já Leonor não aquece o lugar: o palminho de cara e o corpo sensual oferecem-lhe um lugar na agência de António, mas quando a máscara lhe cai e revela que deseja compensações financeiras, atira-se sedenta a um lugar no consultório de Gabriel, tentando também seduzir o patrão.

Também o pai de Luiza, Dulce e Júlia, Luciano (Sinde Filipe), obriga a enfermeira a ter sempre aspirina na carteira: vive a vida em devaneios de um negócio que lhe traga a fortuna que sempre almejara. A vida em África deu-lhe um casamento feliz com Milu (Rosa Lobato de Faria) e, chegado a Lisboa, encheu a cabeça de sonhos. Trabalhou na Lisnave e, quando veio a reforma, burilou esdrúxulas ocupações para a sua vida: um cabeleireiro para cães, uma casa de sestas e uma agência funerária para animais de estimação enlevam-no em fugaz travessia para conseguir patrocínios. Quando um acidente de carro lhe rouba a mulher, Luciano desce à terra e, sedutor, deixa Eugénia (Márcia Breia) e Conceição (Lia Gama) perdidas de amor por ele.

Eugénia é a mãe de Paula (Vera Alves), a melhor amiga de Júlia, de quem é vizinha. Os filhos, Jaime e Gui (João Secundino) são compinchas e colegas da escola. Eugénia vem da província para tentar encadear o casamento tumultuoso de Paula e de Frederico (António Pedro Cerdeira). É que a promoção aberta na empresa de viagens de António, que Frederico ambiciona, é dada a Paula, e ele, contrafeito, não cala a revolta.

Conceição também tem um filho, o excêntrico Alexandre (Joaquim Horta), que trabalha na agência de António e tem um hobby: é cartomante. Ao ler as cartas, desvenda futuros e sacia curiosidades. Com eles vai viver Henrique, para estudar Medicina, diz – para ser bailarino, descobre-se depois. Para esconder a sua história, coloca à prova a tia, que, em dúvida, aperta o cerco ao sobrinho, por lhe parecerem pouco credíveis as histórias que este lhe conta.

Por Almada, também vivem Glória (Sofia de Portugal) e José Pires da Fonseca (Lourenço Henriques), cujas manigâncias espevitam a curiosidade, obrigando o espetador a prestar-lhes demasiada atenção. Pelintras, tentam infiltrar-se no jet set, alardeando posses fictícias e parentescos inverdadeiros. Depressa apanham o calcanhar de Aquiles de Luiza e, em troca do silêncio, recebem amparo desta. Posarão para a capa de uma das mais famosas revistas do jet set, a Beautiful, cuja editora-chefe, Guida (Sofia Aparício) é unha com carne com Luiza.

Subitamente, numa noite de invernia agreste, António aparece morto em casa. Investigação preliminar aponta para que tenha sido assassinado à queima-roupa. Os inspetores Rui (Jorge Mota) e Irina (Joana Seixas) vão lançando alvitres e logo chegam a uma conclusão: suspeitos para acabarem com a vida de António não faltam, e a esmo vão saindo da toca motivos que podem justificar o crime…

Família Albuquerque

Luiza (Alexandra Lencastre)
Nasceu numa família humilde. Apaixonada por Pedro, largou-o para se tornar uma reputada figura do jet set. Quando a falência da empresa do marido a leva à penúria, vê em António a luz no fundo do túnel. Apertando os dotes de estrategista, pinta de azul um futuro que parecia sombrio. Cínica e descarada, vai ajudando a mitigar os problemas da família (menos os de Júlia, que nada pede a Luiza por orgulho) e, por entre a tormenta de um casamento sofrido com António, dores de cabeça lancinantes obrigam-na a repensar a vida.

Mário (Vítor Norte)
Empresário da Construção Civil. Casou com Luiza, a grande paixão da sua vida. Crédulo e inocente, assina um papel que atira a empresa para a falência e a ele para a ruína. Não é homem de acomodar-se perante as dificuldades, é antes assaz trabalhador. Abandonado por Luiza, vai viver para o prédio de Júlia – depois de vender por uma pechincha os seus bens a António –, onde tenta recomeçar a vida amorosa e laboral.

Teresa (Benedita Pereira)
Filha mais nova de Mário e de Luiza. De convicções firmes, não vacila em atirar o noivo para cima do bolo, fugindo de uma vida com a qual não se identificava para correr atrás de Miguel, que conhecera horas antes. Incompatibiliza-se com a mãe, recusando-se a ser vazia como Luiza, e ressentindo-se por esta ter abandonado o pai. Tenta ser feliz, descobrindo um outro lado da vida que até ali lhe era estranho.

Isabel (Liliana Santos)
A filha favorita de Luiza, a quem, em desdém, acusam ser a mãe em ponto pequeno. Vive em Nova Iorque e, se pudesse, por lá continuaria a viver. Ao ser obrigada a ficar em Portugal, por Mário não a poder sustentar, resmunga e vocifera contra o “T0” que é o país. Aos poucos, vai soltando dentro de si cópias dos atos da mãe, atropelando seja quem for para se dar bem.

Família Gaspar dos Santos

Júlia (Dalila Carmo)
A filha mais nova de Milu e de Luciano. Enfermeira num hospital. Ferve em pouca água, mas é também uma espécie de bonança quando rebentam as tempestades na família. É a mãe adotiva de Jaime, a quem não consegue dar tudo o que ele quer. Vai trabalhar com Gabriel.

Jaime (João Pedro Cary)
O filho rebelde de Júlia. Revoltado pela falta de dinheiro da mãe, já fugiu de casa várias vezes e coloca os nervos dela em franja. Adora jogar computador e andar de skate. Quer a toda a força saber quem é o pai.

Luciano (Sinde Filipe)
Casado com Milu, que lhe deu três filhas. É hipocondríaco e um sonhador inveterado. Sobrevive das lembranças do passado sofrido, mas feliz. Evoca os tempos em que, depois de ter chegado de Moçambique, trabalhou na Lisnave. Apesar dos apertos financeiros, faz questão de manter a aparência, assumindo dívidas que não pode pagar. Tem sempre a saltitar-lhe da cabeça algum negócio promissor, que raramente acaba a ser o que promete.

Milu (Rosa Lobato de Faria)
Mulher de Luciano e o seu principal pilar. Preza a harmonia familiar. Antes de morrer, apela à união das três filhas.

Família Paredes da Silva

Dulce (Manuela Couto)
A filha do meio de Milu e de Luciano. Vive com a corda na garganta financeiramente: Pedro está desempregado, o que a faz pedir, à revelia do marido, ajuda a Luiza para desapertar o cinto. Intimamente, sabe que a paixão de Pedro foi sempre a irmã. Devota à casa e aos familiares, preza a paz e a harmonia. Em sufoco, liberta de dentro a solução para os seus problemas: o talento para fazer sobremesas.

Pedro (Ricardo Carriço)
É a grande paixão de Luiza e, embora não o admita, tem o coração em palpitações por ela. Orgulhoso, retrógrado e machista, grita aos quatro ventos que não gosta da cunhada, chegando mesmo a dizer que sente asco. Desempregado, ranzinza e mal-humorado, mostra-se conservador e pouco condescendente em relação às escolhas dos filhos.

Ana (Márcia Leal)
Filha de Dulce e de Pedro. Empertigada, de génio agreste, esconde algum recalcamento. É o ombro amigo de Teresa, e quem primeiro se apercebe de que, entre Luiza e o pai, algo se passou num passado que se pode voltar a ser presente. Gela ao saber que o Miguel que se apaixonou pela prima é o mesmo Miguel de quem engravidou e que, por falta de apoio, fez sozinha um aborto.

João (Frederico Barata)
Filho de Dulce e de Pedro. Luta jiu jistu. É o primeiro amigo de Henrique e descobre ser gay.

Família Paiva Calado

António (Nuno Homem de Sá)
O seu melhor amigo é ele mesmo e, a seguir, o Euro. Empresário de sucesso na área do Turismo, é um sedutor incorrigível. Por se encantar com qualquer mulher, os empregados apelidam-no de “abelha”, que coloca o “ferrão” em tudo quanto use uma saia. Autoritário, seco e prepotente, mantém um casamento de aparências com Beatriz, que usou como trampolim para a fortuna. Desconfia de tudo e de todos e frustra os planos de Luiza quando esta se casa com ele. É misteriosamente assassinado, sendo longo o rol de suspeitos.

Beatriz (Suzana Borges)
Ao contrário de António, nasceu rica e foi por amor que se casou com ele. É uma mulher conformada pela pouca atenção que o marido lhe dedica e vai passeando a sua inutilidade por conversas ocas com Luiza e Guida, enquanto cuida da casa e dos filhos. Um comentário banal de que aprecia pintura vai mudar-lhe a vida.

Inês (Maria João Falcão)
Filha de António e Beatriz. Cursou Direito e sonha em fazer um mestrado. Tem um vício que é uma doença: é cleptomaníaca. Muito próxima de Beatriz, vai declarar guerra a Luiza.

Nuno (Alexandre Ferreira)
Filho de António e Beatriz. Trabalha na agência do pai e vai fazendo um esforço hercúleo para lhe suportar o feitio irascível. Trabalhador abnegado. Tem um fraquinho por Teresa, que vai tentando conquistar.

Gabriel (Pedro Lima)
Médico cirurgião de renome, meio-irmão de António. A mulher morreu-lhe cedo, fruto de um acidente que se especula ter sido suicídio. Trata com desvelo a filha, Carmo, e o seu bonsai.

Carmo (Patrícia Franco)
Filha de Gabriel. Tem por passatempo arranjar namorada ao pai, o que por vezes descabela Gabriel.

Família Macieira Duarte

Frederico (António Pedro Cerdeira)
Marido de Paula, pai de Guilherme. Trabalha na agência de António. Tem um desejo: ser promovido para melhorar a saúde financeira do agregado familiar. Ao ver que não é reconhecido, fica colérico e capaz de tudo por dinheiro.

Paula (Vera Alves)
Mulher de Frederico. Vizinha e melhor amiga de Júlia. O casamento com Frederico está no limbo. Desde que Guilherme nasceu que nota um certo desinteresse do marido. Também trabalha na agência de António e, de supetão, provoca algum interesse do patrão em si.

Guilherme – Gui (João Secundino)
Filho de Frederico e Paula. É o melhor amigo de Jaime e vai ajudá-lo a encontrar o pai.

Eugénia (Márcia Breia)
Mãe de Paula. Vem da província – onde sempre viveu – para a grande cidade, para ajudar a filha e o genro a cuidarem de Guilherme. Incomoda-se com facilidade. Arrepiam-se-lhe as orelhas quando ouve “Gui” em vez de Guilherme. Vai baixando as defesas e fica amiga de Conceição, de quem se tornará rival.

Família Martins

Guida (Sofia Aparício)
Editora chefe da revista Beautiful. Amiga e cúmplice de Luiza, de quem conhece segredos e desabafos.

Mariana (Cláudia Aguizo)
Filha de Guida. O seu ar roliço apropria-se à alcunha que lhe dão: “baleia”. É uma adolescente que adora comer e conviver com os amigos. Quer descobrir o primeiro amor.

Família Costa

Alexandre (Joaquim Horta)
Vizinho de Júlia. É cartomante nas horas vagas, encontrando nas cartas conselhos e angústias para deixar a parte do elenco. Empregado na agência de António, foi ele o inspirador da alcunha que repete descontraidamente sempre que fala do patrão: “abelha”. É gay e vive bem com isso.

Conceição (Lia Gama)
Mãe de Alexandre, cuja atividade de cartomante não vê como futuro promissor. Enche-se de brios por vir a albergar um sobrinho médico. Tem a língua afiada e descarrega a sua ira arremessando pratos. Devota de Santo António. Prestável, afila-se perante algumas atitudes de Henrique que a levam a desconfiar de que o sobrinho tem algum esqueleto no armário. Vai apaixonar-se por Luciano.

Henrique (Guilherme Barroso)
Sobrinho de Conceição. Oficialmente, vem da província para estudar Medicina. Encanta a tia, que desconhece a sua verdadeira vocação: ser bailarino.

Família Pires da Fonseca (Leite de Almeida)

Glória (Sofia de Portugal)
Tudo nela é falso e dissimulado. Para pôr o seu nome a flamejar nas revistas sociais, é capaz de tudo: inventar um passado, bens que nunca possuiu e uma casa eternamente em obras. Leva à certa Luciano, que, cândido, vê nela a investidora ideal para negócios mirabolantes. Recorrendo à chantagem, consegue alguns favores de Luiza.

José (Lourenço Henriques)
Marido de Glória. Com um bigode falso, atesta ser exímio jogador de golfe e negociador nato. Sorriso cínico, maldoso, partilha com a mulher o sonho de emergir para o mundo dos ricos.

Amigos de Almada

Miguel (José Fidalgo)
Vive com Tiago e com Leonor em Almada. Apaixonado por Teresa, é algo imaturo e inconsequente. Amigo do seu amigo, não gosta de sair da sua zona de conforto.

Leonor (São José Correia)
É a secretária de Mário, a quem, de conluio com Afonso, aplicará um golpe fatal. Fogosa, tem um fetiche: ligar um gravador onde voos são anunciados enquanto faz amor. Ambiciosa, não olha a meios para atingir os fins. É perspicaz e vai dizendo algumas verdades.

Tiago (Albano Jerónimo)
A falência na empresa de Mário atira-o para o desemprego. Programador informático de temperamento reto, cria um jogo que, espera, lhe venha a proporcionar algum desafogo financeiro. Sentimentalmente, encontra o amor à primeira vista em Júlia.

Polícia Judiciária

Rui (Jorge Mota)
Inspetor da PJ. Com muitos anos de tarimba, tenta solucionar o caso da morte de António, desdenhando por vezes os métodos e intuições de Irina.

Irina (Joana Seixas)
Agente diplomada e bastante arguta da PJ. Percebe-se algum desconforto de Rui em trabalhar com ela, mas que não o intimida.

Outros personagens

Lurdes (Maria Simões)
É o que se espera de uma boa empregada: cega, surda e muda. Atura, sem resmungar, as más-educações e ameaças de Luiza, não esboçando reação a não ser o “sim, minha senhora” que se cola a qualquer ordem da patroa.

Elisa (Cláudia Oliveira)
Colega de Henrique nas aulas de dança. Uma fiel parceira nas trapaças para iludir Conceição e também, às vezes, a consciência de Henrique. Ingenuamente, acaba por ter língua comprida e trair o amigo.

Carla (Sónia Cláudia)
Secretária da Viagens Calado. Engole a seco os gritos e humilhações a que António a submete.

Fátima (Rita Tomé)
Secretária da Union Viagens, a agência de Mário.

Vânia (Patrícia Adão Marques)
Rececionista do consultório de Gabriel a quem Leonor, interessada no lugar, convence a ir procurar um futuro melhor em Londres.

Sandra (Grace Mendes)
Empregada de Guida. Uma das maiores censoras na qualidade dos alimentos ingeridos por Mariana.

Natália (Tina Barbosa)
Empregada de Gabriel.

Rosário (Fátima Custódia)
Empregada de Beatriz.

Rui (Miguel Sá Monteiro)
Noivo de Teresa no início da trama.

Afonso (José Neves)
Diretor financeiro da empresa de Mário. Dá um desfalque com a cumplicidade de Leonor e foge com o dinheiro para o estrageiro, provocando a falência da empresa.

Rafael Pinheiro (Paulo Rocha)
Pintor de rua que arrebata o coração de Beatriz. É a primeira acha atirada por Luiza para dinamitar o casamento dela com António.

Sérgio (Pedro Gouveia)
Jovem engenheiro, conhece João num bar gay e tenta fazê-lo esquecer Henrique.

Mónica (Patrícia Roque)
Substitui Leonor como rececionista do consultório de Gabriel.

Berta (Anna Paula)
Madrinha de António, que a vota quase ao desprezo, pagando-lhe apenas o lar onde vive. É a testa-de-ferro do empresário. Morre no acidente que vitima Milu e a afilhada, que conduzia o carro num passeio recreativo até Óbidos.

Vítor (Orlando Costa)
Ex-colega de Luciano na Lisnave. Recorda com saudade os tempos de trabalho profícuo. Hoje, vive na mais completa miséria, sensibilizando o amigo.

Carlos (Luís Alberto)
Médico de Luiza. Diagnostica-lhe o aneurisma.

Psicólogo (Bruno Rossi)
O psicólogo a quem Inês recorre, contrafeita, por ser cleptomaníaca.

Gonçalo (Carlos Barradas)
Ex-empregado de António, com passado pouco recomendável. Inês lembra-se dele para um plano que leva Luiza e a empresa de viagens à ruina.

Antero
Contabilista que descobre o rombo nas contas da Viagens Calado.

Ofélia (Joana Figueira)
Já trabalhava na casa de Luiza, mas apenas sai da obscuridade quando assume o lugar de Lurdes, depois de esta, em conluio com Teresa, viajar para a Suíça.

Ricardo Gomes (Júlio Cardoso)
Já tentara comprar a Viagens Calado a António, mas o negócio fracassara. Fez fortuna na área dos automóveis. Frederico apanhou a ideia, lançou-lhe o isco e ele mordeu-o, sendo a última esperança para resgatar o futuro de Luiza.

Manuela (Laurinda Ferreira)
Mulher ciumenta de Ricardo. Abespinhada fica quando encontra junto aos pertences do marido um anel de Luiza, abortando o negócio.

Albano Ferreira (Rui de Sá)
Foi ele que vendeu o veneno do escorpião que o assassino deitou no copo fatal que matou António. Entrega a identidade do envenenador à polícia.

Gaspar (Eurico Lopes)
Namorado de Alexandre. Os olhares de ambos faíscam ao verem-se numa consulta de tarot.

Apesar do estrondoso sucesso em que se viria a tornar, Ninguém como Tu enfrentou alguns problemas antes da sua estreia, sucessivamente adiada. Por ordem de José Eduardo Moniz, muitos episódios foram regravados, alguns atores foram substituídos por outros, e o próprio enredo foi alvo de ajustes.

Rosa Lobato de Faria considerou que a produção acabou por ganhar com as regravações: “Foi ótimo porque deu-nos a oportunidade de repensar as personagens. Estava a fazer tudo mal e agora faço melhor. Encontraram-me outro penteado, outra maquilhagem, uma outra maneira que me ajudou a compor a personagem. Foi um infeliz acontecimento para a produção mas bom para os atores”.

Também Dalila Carmo – que entrou no lugar de Sofia Alves, primeiro nome pensado para o papel de Júlia – elogiou a decisão: “Foi extraordinário. De facto, havia coisas que podiam ser melhoradas. Houve um salto qualitativo. Serviu para refletir que o futuro da ficção está no aperfeiçoamento e no rigor”.

A novela marcou a estreia do autor Rui Vilhena na TVI. Antes, assinara, na RTP, a telenovela Terra Mãe (1998) e a série Bastidores (2001).

Sendo conhecida a admiração de Vilhena pelas novelas do brasileiro Gilberto Braga, não é difícil apontar algumas semelhanças entre a trama central de Ninguém como Tu e a de Pátria Minha, novela de 1994, exibida na SIC com o título de Vidas Cruzadas.

A protagonista de Pátria Minha é Lídia Laport (Vera Fischer), uma alpinista social que decide casar-se com o poderoso empresário Raul Pelegrini (Tarcísio Meira) e, para isso, arquiteta um plano que destrói o seu casamento com Teresa (Eva Wilma): fá-la sentir-se carente e proporciona um flagrante de adultério entre ela e o professor Rafael (Fúlvio Stefanini).

Tarcísio Meira e Vera Fischer em Pátria Minha

Usando exatamente a mesma estratégia, em Ninguém como Tu, Luiza também planeia a separação de António (Nuno Homem de Sá) e Beatriz (Suzana Borges), ambicionando casar-se com ele. E o pivot da separação é também um Rafael (Paulo Rocha), desta vez pintor.

Por seu turno, Luciano (Sinde Filipe), com os seus negócios que não lembravam ao Diabo, assemelhava-se muito ao personagem Alberico (Mário Lago) de Dancin’ Days (1978).

Ninguém como Tu marcou a estreia de Alexandra Lencastre nas telenovelas da TVI. Em 2002, aquando da estreia de Fúria de Viver, na SIC, a atriz confessara não se sentir atraída pelas novelas da estação de Queluz, por considerá-las melodramáticas e repetitivas.

Luiza Albuquerque foi a grande sensação da novela, elevando ao expoente máximo a popularidade da atriz. Uma pesquisa levada a cabo pela TV Guia concluiu que as principais razões do sucesso junto do público eram a construção da história (38,6%) e a atuação de Alexandra Lencastre (26,7%).

Em contrapartida, foi um trabalho extenuante para a atriz, chegando a especular-se que estaria doente, devido à notória perda de peso.

No final das gravações, numa entrevista à revista Única, do Expresso, Alexandra Lencastre desabafou sobre as condições impostas pela NBP: “Eles têm uns horários desumanos e, por muito que verifiquem que estão a dar cabo dos atores, insistem, insistem até ao máximo”.

Contudo, afirmou nunca se ter desentendido com a produção, nem com o autor: “Ele dizia que sofria muito porque se entusiasmava a escrever coisas para mim. Escrevia cenas enormes, com muito texto. […] E todas as cenas eram difíceis e muito trabalhadas”.

O fotógrafo António Gamito, namorado de Alexandra Lencastre na época, mostrou-se descontente com as cenas de sexo que a atriz foi obrigada a protagonizar com Nuno Homem de Sá: “Vi as imagens e acho que há coisas que podiam ser evitadas. Era escusado mostrarem aquilo tudo. […] Aquilo não estava no contrato dela. Quando começaram a gravar aquelas cenas, disseram-lhe, à última hora, que tinha de ser daquela forma… E foi. […] No fundo, estas imagens são para puxar pelas audiências”.

Criticou também o ritmo abusivo que Alexandra Lencastre era obrigada a enfrentar nas gravações: “Ela está a ser maltratada e abusada. […] Não têm respeito pela Alexandra”.

Seria injusto, porém, atribuir o sucesso de Ninguém como Tu unicamente a Alexandra Lencastre. O restante elenco mostrou-se competente e afiado, garantindo ao público o convívio com personagens assaz carismáticos.

Para além das maldades de Luiza, outro elemento prendeu a atenção do espetador: o misterioso assassinato de António.

O segredo foi gravado a sete chaves por Rui Vilhena até ao dia da exibição do último capítulo.

Existindo vários finais possíveis, a escolha do assassino recaiu sobre Guida (Sofia Aparício), uma personagem que, aparentemente, poucos motivos teria para matar o odioso empresário. O final foi transmitido com pompa e circunstância, mostrando-se o trajeto da cassete com a revelação de Vialonga (onde se localizava a NBP) até Queluz.

Os inspetores Rui (Jorge Mota) e Irina (Joana Seixas) tinham os nomes dos autores, Rui Vilhena e Irina Gomes.

Ninguém como Tu, que concorria diretamente com a brasileira Senhora do Destino, marcou um ponto de viragem na guerra pelas audiências. Pela primeira vez, a TVI conseguia destronar a SIC. Apenas em 2019 a estação de Carnaxide conseguiu atingir novamente a liderança.

Suzana Borges saiu da novela algum tempo antes do final (no capítulo 139), sem que a sua personagem tivesse sequer um desenlace. Tendo ficado ao corrente da insatisfação da atriz, o autor fez com que Beatriz regressasse no final.

Também os personagens Glória (Sofia de Portugal) e Zé (Lourenço Henriques) abandonaram o elenco a meio da novela, o que o cronista Carlos Castro considerou uma decisão “infeliz”.

Para interpretar o papel da “baleia” Mariana, Cláudia Aguizo foi obrigada a engordar, entre o primeiro e o segundo casting, cerca de sete quilos.

O ator Rui de Sá, diretor do elenco jovem, fez uma participação na reta final, de grande importância para a resolução do mistério da morte de António.

Autor de Dei-te Quase Tudo, a sucessora de Ninguém como Tu, Tozé Martinho fez uma participação no último capítulo, precisamente como um autor de telenovelas.

A mansão de António e Luiza era a Residência Faria Mantero, no Restelo. Esta casa foi também utilizada como cenário das novelas Palavras Cruzadas (1987) e Vidas de Sal (1996/1997).

A banda sonora, composta por 16 músicas, foi disco de ouro, vendendo, num mês, cerca de 10 mil cópias.

NÃO HÁ – João Pedro Pais (tema do genérico)
QUERO É VIVER – Humanos (tema de Luiza)
ESCURIDÃO (VAI POR MIM) – Jorge Palma
MATAS-ME COM O TEU OLHAR – UHF (tema de Leonor)
SEI QUE VOU MAIS ALÉM – Anjos (tema de Júlia e Tiago)
MAIS QUE UMA VEZ – João Pedro Pais
LAÇOS – Toranja (tema de Miguel)
CHUVA – Lúcia Moniz (tema de Paula e Mário)
QUASE PERFEITO – Donna Maria (tema de Teresa)
FUGIR DOS MEUS MEDOS – Beto (tema de Luciano)
MEDO DE VOLTAR A AMAR – Ménito Ramos (tema de Gabriel)
CHEGAR A TI – Rita Guerra (tema de Luiza e Pedro)
EU SOU ASSIM – Jorge Marante (tema de Dulce e Pedro)
I’LL STAND BY YOU – Girls Aloud (tema de Teresa e Miguel)
SE ESSE TEMPO VOLTASSE – Milénio (tema de Ana)
TODA A NOITE – Sexto Sentido (tema de Jaime)

Outras músicas tocadas na novela:

NUNCA É TARDE – Mafalda Sacchetti (tema de Beatriz)
FUGIR DO AMOR É MORRER – Beto (tema de João)
AVE À SOLTA – Gardénia (tema de Henrique)
DEPOIS DO NADA – Gardénia (tema de Júlia)
IT AIN’T EASY (ON YOUR OWN) – Ricky Fante

Antes de se tornar tema do genérico desta novela, Não Há, interpretada por João Pedro Pais, fizera parte da banda sonora de Olhos de Água.

Outra música do mesmo cantor, Mais que uma Vez, foi usada como tema do genérico de Olhos nos Olhos, novela de Rui Vilhena estreada em 2008.

Ninguém como Tu teve o título provisório de Anos Perdidos. O nome da protagonista seria Lúcia Albuquerque.

A novela teve também o seu papel didático, apelando incansavelmente à reciclagem e à utilização do ecoponto.

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Ninguém como Tu