Luiza Albuquerque (Alexandra Lencastre) cedo chegou aos escaparates das revistas cor-de-rosa e a uma vida descontraída, graças a um casamento financeiramente proveitoso com o empresário do ramo da construção civil Mário Albuquerque (Vítor Norte). Nunca fora pobre, mas o dinheiro não abundava. Antes de embrulhar os milhões de Mário na carteira, apaixonara-se por Pedro (Ricardo Carriço) com quem vivera ardente romance, mas a voz do dinheiro falou mais alto. O mesmo dinheiro, que Mário descobre não ter – depois de um golpe certeiro aplicado por Afonso (José Neves), diretor financeiro da empresa –, abre-lhe a porta à penúria e dita o fim do casamento.
O ego escalavra-se também porque Teresa (Benedita Pereira), a filha mais nova de Luiza e de Mário, se apaixona à primeira vista por Miguel (José Fidalgo), na véspera do casamento, e manda, sem pestanejar, o enlace para as urtigas, lançando-se na demanda do seu sonho com um rapaz remendado e sem capacidade para lhe sustentar caprichos. A outra filha, Isabel (Liliana Santos), parece viver à sombra do dinheiro: dada a futilidades como a mãe, vive em Nova Iorque e bate o pé a ter de regressar à boçalidade de Portugal.
Sem um chavo, e com a vida de pernas para o ar, Luiza põe astúcia na manha e lança a rede a António Paiva Calado (Nuno Homem de Sá), marido da sua amiga Beatriz (Suzana Borges), achando que dessa forma recuperará o seu conforto financeiro.
António enriqueceu à custa do casamento com Beatriz, que transformou num mero pró-forma. Gaba-se de ser um conquistador inveterado, para desgosto da mulher, que, amargurada, procura libertar-se do colete-de-forças onde está metida. Luiza desafoga-lhe as mágoas apresentando-a a Rafael (Paulo Rocha), um pintor de rua que a encanta. Sem medo de perder o pé, Beatriz apaixona-se por Rafael e dá o seu grito de liberdade, para espanto dos filhos, Nuno (Alexandre Ferreira) e Inês (Maria João Falcão). Nuno trabalha com o pai, moendo-lhe o juízo pelas ideias modernas que tenta trazer ao negócio. Já Inês é cleptomaníaca e amiga de Teresa.
O casamento com António não dá a Luiza o céu, deixa-a antes num limbo: agarrado ao dinheiro, António racha-lhe os sonhos de riqueza. Angustiada e com a felicidade em corda bamba, notícia bombástica deixa-a sem chão: tem um aneurisma não curável que pode rebentar a qualquer instante. Para viver no paraíso em que sonhara, tem de inverter rumos. Conseguirá ir a tempo de acertar contas com o coração? Lança-se em frenesim sobre o cunhado Pedro (Ricardo Carriço), um amor ainda quente e avassalador, que precocemente interrompeu.
Pedro ainda sente a chama acesa, mas coloca água fria na paixão: é casado com Dulce (Manuela Couto) – irmã de Luiza – e, conservador e formal, não se vê com coragem para rasgar o casamento. A relação arrasta-se num tédio, virou rotina, o dinheiro rareia, e era a ajuda de Luiza que servia para compor a mesa e a vida. Quando o desemprego de Pedro encurrala cada vez mais o orçamento familiar, Dulce arregaça as mangas e desperta dentro de si um talento: o de doceira. O filho João (Frederico Barata) tem uma particularidade: é gay. Só o percebe quando nota que os olhos faíscam com as curvas elegantes de Henrique (Guilherme Barroso), um bailarino que diz a todos vir para Lisboa da província estudar para ser médico. Com Henrique a não lhe corresponder no afeto, João sente o estigma da rejeição do pai, da mãe e do avô, que, preocupados, o tentam convencer a mudar a sua orientação sexual. Consegue desempoeirar-lhes a mente, levando-os a aceitá-lo na sua diferença. Ana (Márcia Leal), a filha de Dulce e de Pedro, cursa jornalismo, mas tem amargo passado que sempre guardou para si: fez um aborto sozinha, por se sentir desamparada. O pai do filho que a deixou sem auxílio é Miguel – o mesmo que pôs o coração de Teresa em polvorosa. E pelo ex-namorado é capaz de tudo, declarando guerra à prima, de cujas indecisões sentimentais se aproveita.
Com a vida em negrume está também Júlia (Dalila Carmo), a irmã mais nova de Luiza, com quem vive num jogo de gato e do rato. Nunca amparou os golpes da irmã, critica-lhe os vícios e tenta ser uma mãe zelosa de Jaime (João Pedro Cary). O filho faz finca-pé e foge de casa, por não aceitar a sua precária situação financeira. Sobre Jaime, o novelo vai-se desenrolando, colocando Júlia com o coração a palpitar: é que Jaime é seu filho adotivo. Quem o teve foi Vera, a sua melhor amiga, na sequência de uma noite de farra bem regada, com pai cuja identidade se desconhece. As buscas de Jaime levam-no a descobrir, por entre espanto, que é filho de Gabriel (Pedro Lima), cirurgião plástico de renome e meio-irmão de António (com quem tem relação briguenta). De Vera e da noite que acabou na cama, mais nada soube; julgou não ter tido consequências. Tem uma filha, Carmo (Patrícia Franco), que vive com o sonho de arranjar alguém que ocupe o lugar da mãe, morta, em casa.
Mal vê Júlia, a pulsação de Gabriel acelera. E em frenesim fica quando percebe que, por entre as angústias de Júlia, pode encontrar final feliz na sua história. É que Jaime pressiona a mãe para que esta se case com o cirurgião, mas Júlia, que cedera ao amor à primeira vista com Tiago (Albano Jerónimo), não quer perder o romance que penou para arranjar. Vive em angústia, temendo ser encarcerada por ter falsificado a certidão de nascimento de Jaime, caso o segredo venha à tona.
Tiago partilha casa com Leonor (São José Correia) – cujas extravagâncias a levaram a secar as contas de Mário e que, burlada por Afonso, regressa a Lisboa sem um cêntimo no bolso – e com Miguel. Dispensado da empresa de Mário, Tiago dá corda ao sonho de ser programador informático e lança-se na aventura de fazer um jogo que as empresas do ramo queiram fabricar. Já Leonor não aquece o lugar: o palminho de cara e o corpo sensual oferecem-lhe um lugar na agência de António, mas quando a máscara lhe cai e revela que deseja compensações financeiras, atira-se sedenta a um lugar no consultório de Gabriel, tentando também seduzir o patrão.
Também o pai de Luiza, Dulce e Júlia, Luciano (Sinde Filipe), obriga a enfermeira a ter sempre aspirina na carteira: vive a vida em devaneios de um negócio que lhe traga a fortuna que sempre almejara. A vida em África deu-lhe um casamento feliz com Milu (Rosa Lobato de Faria) e, chegado a Lisboa, encheu a cabeça de sonhos. Trabalhou na Lisnave e, quando veio a reforma, burilou esdrúxulas ocupações para a sua vida: um cabeleireiro para cães, uma casa de sestas e uma agência funerária para animais de estimação enlevam-no em fugaz travessia para conseguir patrocínios. Quando um acidente de carro lhe rouba a mulher, Luciano desce à terra e, sedutor, deixa Eugénia (Márcia Breia) e Conceição (Lia Gama) perdidas de amor por ele.
Eugénia é a mãe de Paula (Vera Alves), a melhor amiga de Júlia, de quem é vizinha. Os filhos, Jaime e Gui (João Secundino) são compinchas e colegas da escola. Eugénia vem da província para tentar encadear o casamento tumultuoso de Paula e de Frederico (António Pedro Cerdeira). É que a promoção aberta na empresa de viagens de António, que Frederico ambiciona, é dada a Paula, e ele, contrafeito, não cala a revolta.
Conceição também tem um filho, o excêntrico Alexandre (Joaquim Horta), que trabalha na agência de António e tem um hobby: é cartomante. Ao ler as cartas, desvenda futuros e sacia curiosidades. Com eles vai viver Henrique, para estudar Medicina, diz – para ser bailarino, descobre-se depois. Para esconder a sua história, coloca à prova a tia, que, em dúvida, aperta o cerco ao sobrinho, por lhe parecerem pouco credíveis as histórias que este lhe conta.
Por Almada, também vivem Glória (Sofia de Portugal) e José Pires da Fonseca (Lourenço Henriques), cujas manigâncias espevitam a curiosidade, obrigando o espetador a prestar-lhes demasiada atenção. Pelintras, tentam infiltrar-se no jet set, alardeando posses fictícias e parentescos inverdadeiros. Depressa apanham o calcanhar de Aquiles de Luiza e, em troca do silêncio, recebem amparo desta. Posarão para a capa de uma das mais famosas revistas do jet set, a Beautiful, cuja editora-chefe, Guida (Sofia Aparício) é unha com carne com Luiza.
Subitamente, numa noite de invernia agreste, António aparece morto em casa. Investigação preliminar aponta para que tenha sido assassinado à queima-roupa. Os inspetores Rui (Jorge Mota) e Irina (Joana Seixas) vão lançando alvitres e logo chegam a uma conclusão: suspeitos para acabarem com a vida de António não faltam, e a esmo vão saindo da toca motivos que podem justificar o crime…