O Casarão

Exibição:
02/01/1978 – 11/08/1978 (RTP 1)

Número de capítulos:
160

Produção:
Rede Globo (1976)

Novela de:
Lauro César Muniz

Direção geral:
Daniel Filho

A ação de O Casarão desenrola-se, simultaneamente, em três períodos distintos.

Deodato Leme (Oswaldo Loureiro) é o chefe político do município de Tangará, situado no interior do Estado de São Paulo. É por sua influência que o caminho-de-ferro chega até à região. É também nesta época que é erguido o casarão da família, que centralizará grande parte da ação.

Deodato é casado com Olinda (Myrian Pires), mulher submissa e resignada, que aguenta em silêncio a frieza e os ciúmes doentios do marido. Olinda e Deodato têm uma única filha, Maria do Carmo (Analu Prestes), que, apesar de apaixonada pelo imigrante português Jacinto (Tony Correia), se casa com Eugénio (Edson França). É desta união que nasce Carolina.

Maria do Carmo, Deodato e Olinda

A cidade de Tangará apresenta visíveis sinais de progresso. Eugénio é agora o líder político. Jacinto e Francisca (Laura Soveral) são pais de Atílio (Denis Carvalho), com quem Maria do Carmo pretende casar Carolina (Sandra Barsotti), vendo nesta união a realização das suas próprias frustrações.

Mas as atenções de Carolina estão voltadas para João Maciel (Gracindo Jr.), filho adotivo do capataz Afonso Estradas (Lutero Luiz). João Maciel recebe a incumbência de esculpir uma santa para a capela da Fazenda Água Santa, promessa que Olinda fizera para o restabelecimento de Maria do Carmo, que se encontrava gravemente doente. O modelo para o rosto da santa será precisamente Carolina. João Maciel apaixona-se e, como forma de homenagem à amada, transforma a estátua numa escultura de Vénus, a deusa da beleza e do amor.

João Maciel

Nasce um grande amor entre Carolina e João Maciel. Os dois fazem planos de deixar a cidade e partir para São Paulo, onde pretendem iniciar uma vida em comum. Mas João acaba por partir sozinho e, para evitar problemas, enterra o corpo da estátua, colocando a cabeça num pedestal coberto com um véu. Após uma longa ausência, regressa a Tangará e fica a saber que Carolina está noiva de Atílio, com quem acaba por se casar.

Carolina com João Maciel...
... e com Atílio

Carolina (Yara Cortes) e Atílio (Mário Lago) viveram um casamento infeliz, do qual nasceram três filhos: Violeta (Aracy Balabanian), Alice (Daisy Lucidi) e Eduardo (Marcos Paulo). Atílio apresenta já alguns sinais de senilidade, mas Carolina mantém a sua vitalidade e não esquece o amor vivido com João Maciel (Paulo Gracindo).

A família de Carolina e Atílio

João Maciel tornou-se um famoso escultor e foi casado cinco vezes. Carolina, através da televisão, descobre que João teve um ataque cardíaco e escreve-lhe. João faz uma visita oficial à cidade e fica hospedado no casarão. Pouco a pouco, renasce o clima de romance entre os dois.

João Maciel

Lina (Renata Sorrah), filha de Alice, também enfrenta graves problemas no seu casamento com Estevão (Armando Bógus). A situação torna-se cada vez mais insustentável, especialmente com o aparecimento de Jarbas (Paulo José), amigo de João Maciel, que o acompanha na sua viagem a Tangará.

Lina entre Jarbas e Estevão

A morte de Atílio acaba por ser um passo decisivo no tão adiado reencontro entre João Maciel e Carolina. Já o casarão, que outrora representara o poder de Deodato Leme, torna-se um lugar decadente e destinado ao desaparecimento, ironicamente, com o prolongamento da estrada de ferro…

João Maciel e Carolina

O Casarão foi a segunda novela brasileira exibida no horário nobre da RTP 1, cerca de um mês e meio após o final de Gabriela.

Embora não repetisse a “febre” da sua antecessora, O Casarão foi alvo de rasgados elogios por parte do público e da crítica.

A novela contou com a participação dos portugueses Tony Correia (ainda hoje radicado no Brasil) e Laura Soveral.

A participação de Laura Soveral deu-se com um “empurrão” de Raul Solnado, que estava no Brasil e convidou Laura a ir visitar a Globo. A produção da novela estava à procura de uma atriz portuguesa para desempenhar o papel de Francisca. Laura acabou por ficar com a personagem e foi ainda convidada para participar na novela seguinte, Duas Vidas (nunca exibida em Portugal).

Também Tony Correia participou noutra novela em 1977, Locomotivas (que também não passou no nosso país), e chegou a deslocar-se a Portugal com Oswaldo Louzada para a gravação de algumas cenas.

Porém, não era a primeira vez que artistas portugueses davam as caras numa novela brasileira. Em 1971, quando estávamos ainda longe de começar a ver produções brasileiras, os atores Irene Cruz e João Lourenço fizeram parte do elenco da novela Os Deuses Estão Mortos, da Rede Record. Os seus nomes eram creditados como “atrações internacionais”!

Do núcleo português da novela, fez ainda parte a moçambicana Ana Maria Grova, que em 1978 tivemos também oportunidade de ver em Escrava Isaura.

A banda sonora da novela foi lançada em LP.

SÓ LOUCO – Gal Costa
MENINA DO MATO – Márcio Lott
CAROLINA – Aquarius
COISAS DA VIDA – Rita Lee
CAPRICHO – Nara Leão
FLOR DE LIZ – Djavan
NUVEM PASSAGEIRA – Hermes Aquino
FASCINAÇÃO – Elis Regina
TANGARÁ – Coral Som Livre
O CASARÃO – Dori Caymmi
LATIN LOVER – João Bosco
A DOR A MAIS – Francis Hime

Quem viu a novela, recorda certamente o tema Nuvem passageira, um estrondoso sucesso na época.

No final de O Casarão, a revista Plateia preparou um número especial sobre a novela.

Elis Regina esteve presente no Festival RTP da Canção de 1978, onde, para além de fazer parte do júri, interpretou vários temas, entre os quais Fascinação.

Sandra Barsotti esteve em Lisboa no final de 1978, quando participou no espetáculo A Batalha do Colchão, com Nicolau Breyner.

Em entrevista à revista Telenovelas, em 1999, Manuel Luís Goucha revelou ser esta a sua telenovela preferida: “Gostei bastante e marcou-me muito. Sobretudo porque era uma história contada em três gerações diferentes e tinha como tema base a emancipação da mulher. Sempre que ouço a cantora Elis Regina cantar o tema, que se intitula Fascinação, relembro, com saudades, as maravilhosas cenas da novela. Adorei!”.

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