O Crime Não Compensa

Exibição:
28/01/2003 – 15/07/2003 (SIC)

Apresentação:
José Figueiras

Direção geral:
Eriberto Lima

O Crime Não Compensa propõe-se fazer a reconstituição de crimes mediáticos, sobretudo os que não ficaram bem explicados junto da opinião pública, como crimes de colarinho branco e de sangue.

A intercalar a reconstituição, são exibidos depoimentos dos protagonistas, sejam eles os criminosos ou as vítimas, ou de outras pessoas com eles relacionados.

Inicialmente, O Crime Não Compensa foi exibido de 15 em 15 dias, na rubrica Terça em Grande, alterando com Escândalos e Boatos. Mais tarde, com o cancelamento deste, passou a semanal.

Carlos Cruz apresentou os poucos episódios de Escândalos e Boatos e esteve para apresentar também O Crime Não Compensa, mas, desagradado com ambos os programas, bateu com a porta e rescindiu o contrato com a SIC. Poucos dias depois, o apresentador foi detido, por suspeitas de envolvimento com a rede de pedofilia da Casa Pia.

À última hora, a SIC chamou José Figueiras para assumir a condução de O Crime Não Compensa, um formato muito diferente dos que apresentava habitualmente: “Vou estar sozinho em estúdio, com uma postura mais séria, a recordar crimes que aconteceram e foram tratados pela Comunicação Social. São histórias reais e há uma equipa de produção que faz a reconstituição do crime, entrevistas com algumas vítimas, mas em estúdio sou só eu, a contar a história, intercalado com essas reportagens”.

Também a jornalista Felícia Cabrita foi convidada, mas alegou falta de tempo para assumir o comando do programa, que considerava pedagógico: “Convidaram-me há três dias e ponderei, mas não tenho tempo”, disse ao Correio da Manhã.

Exatamente na mesma altura, a TVI estreava o programa Eu Confesso, apresentado por Júlia Pinheiro, levando José Eduardo Moniz a acusar a SIC de “clonagem”. Porém, o formato da TVI era um pouco diferente: o objetivo era, em estúdio, fazer a acareação entre os criminosos e as vítimas.

Os primeiros episódios de O Crime Não Compensa tiveram um registo mais sério, com depoimentos supostamente verídicos dos envolvidos nos crimes.

O texto era do mais clichê que havia, as interpretações eram grotescas, a banda sonora incidental exagerada. Quando se percebeu que era nestas características que residia a atratividade do programa, passou-se a levá-las ao exagero.

Assim, os depoimentos passaram a ser feitos também por atores e até as próprias histórias tornaram-se pura ficção, explorando-se a vertente de suspense: todos os personagens faziam ameaças, não se sabendo de antemão quem tinha matado e/ou morrido.

Em detrimento do tom sério e realista, adotou-se um registo tragicómico e sensacionalista.

A certa altura, já não havia qualquer resquício de seriedade no programa.

Os intérpretes eram quase todos amadores, da escola de atores Arte 6, dirigida pela atriz brasileira Thaís de Campos.

Houve, no entanto, algumas participações curiosas a registar, sobretudo na segunda fase do programa:

– Carla Ribeiro, que deu a voz ao Neco na série A Minha Família É uma Animação;

– A atriz Cleia Almeida;

– A cantora Luísa Sobral;

– A brasileira Anna Ludmilla, que conhecíamos de papéis de destaque em algumas telenovelas portuguesas, nomeadamente Terra Mãe;

– Melão, ex-integrante dos Excesso, formando com Quimbé uma fictícia dupla de cantores;

– Sara Jorge, que interpretou o papel principal na versão web de Diário de Sofia;

– António Aldeia, pai do ator Tiago Aldeia, que praticamente só costumávamos ver como figurante de produções da NBP;

– O ator Hoji Fortuna, que em 2001 fora vencedor do Bar da TV;

– Célia Ferreira, do Big Brother 1 (2000);

– Liliana Matos e Maurício Trigo, do Big Brother 2 (2001);

– Raquel Broegas, rival de Gisela no Masterplanreality show de 2002;

– O cantor Rui Bandeira.

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