O Vento do Mar Aberto

Exibição:
21/08/1989 – 15/09/1989 (RTP 1)

Número de capítulos:
20

Tele-romance de:
Mário Prata

Baseado num original de:
Geraldo Santos

Direção geral:
Edson Braga

Produção:
TV Cultura (1981)

Honório Ruano (Herson Capri) acaba de deixar a Penitenciária do Estado de São Paulo, depois de cumprir uma pena de vinte anos por um crime cometido em 1961, numa praia do litoral paulista. Honório tem agora 40 anos. Célia (Regina Braga), uma jornalista, espera-o à saída da prisão, propondo-lhe que lhe conte a sua história, pois pretende publicar um livro sobre o seu caso. Inicialmente Honório não está muito disposto a aceitar, mas, vendo-se desempregado e sem casa, resolve contar à jornalista como foi a sua vida até ao momento em que foi preso. Curiosamente, Célia é natural da mesma cidade de Honório e foi testemunha do crime – tinha então dez anos.

Fazendo uma retrospetiva, à medida que a trama se desenrola, o ex-presidiário conta os motivos que presidiram à prática do seu crime, passando-se a história em dois momentos cronológicos distintos: a fase atual, onde apenas intervêm Honório e Célia, e a fase anterior, em que aparecem os demais personagens. É aqui que conhecemos o contexto familiar do protagonista, bem como Camila (Kate Hansen), a sua grande paixão.

Perto do final, Honório revela ser esta última personagem a vítima fatal, e que por ciúmes teria soltado um cavalo desgovernado para a espezinhar.

Apesar de ser lançada num horário que à partida renderia uma boa audiência (18:45), O Vento do Mar Aberto não obteve a popularidade de SassaricandoSinhá Moça ou Amor com Amor se Paga, as novelas em exibição à mesma altura.

De qualquer modo, trata-se de um trabalho interessante, que fugiu dos padrões habituais na forma de apresentar o enredo. Tal como O Casarão ou O Tempo e o VentoO Vento do Mar Aberto passava-se em duas épocas distintas e a curiosidade do público era dirigida não para o que ia acontecer, mas para o que tinha acontecido.

Foi a primeira e a única produção da TV Cultura a ser transmitida em Portugal.

A produção de O Vento do Mar Aberto insere-se na rubrica Tele Romance, composta por séries inspiradas em livros como O Resto é Silêncio de Erico Veríssimo, Iaiá Garcia de Machado de Assis, O Coronel e o Lobisomem de José Cândido de Carvalho ou Pensão Riso da Noite, de José Condé. Esta última obra também serviu de base ao argumento da minissérie Rabo de Saia, já exibida pela RTP em 1985.

No caso de O Vento do Mar Aberto, a autoria esteve a cargo de Mário Prata, de quem tínhamos visto Helena há poucos meses.

Do elenco, vale a pena destacar Cleyde Yáconis, a mãe do protagonista. A consagrada atriz, sem ter aparecido em nenhuma das telenovelas lançadas em Portugal até esse momento, havia de se tornar uma das atrizes brasileiras mais respeitadas pelo seu desempenho em Rainha da SucataVampTorre de Babel e As Filhas da Mãe. Curiosamente, poucas semanas antes da estreia de O Vento do Mar Aberto, Cleyde Yáconis tinha estado em Lisboa com a peça Cerimónia do Adeus, dando vida a Simone de Beauvoir. Do mesmo trabalho participaram ainda Antônio Abujamra e Marcos Frota, o Beto de Sassaricando.

Outra curiosidade digna de registo é a música de abertura, o clássico São demais os perigos desta vida, de Vinícius de Moraes e Toquinho.

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O Vento do Mar Aberto