Exibição:
18/05/1987 – 05/07/1988 (RTP 2)
Número de capítulos:
285
Produção:
Rede Bandeirantes (1981/1982)
Novela de:
Benedito Ruy Barbosa
Renata Pallottini
Wilson Aguiar Filho
Direção geral:
Attílio Riccó
Henrique Martins
Exibição:
18/05/1987 – 05/07/1988 (RTP 2)
Número de capítulos:
285
Produção:
Rede Bandeirantes (1981/1982)
Novela de:
Benedito Ruy Barbosa
Renata Pallottini
Wilson Aguiar Filho
Direção geral:
Attílio Riccó
Henrique Martins
Os Imigrantes começa por contar a saga de um italiano, um português e um espanhol: António De Sálvio (Herson Capri / Rubens de Falco), António Pereira (David Arcanjo / Othon Bastos) e António Hernandez (José Piñero / Altair Lima), que se conhecem quando partem de navio para o Brasil, em busca de uma vida mais digna. Os três começam por trabalhar nas terras do fazendeiro Décio (Rolando Boldrin), mas ao fim de pouco tempo separam-se, embora fiquem sempre ligados por uma amizade muito forte.
De Sálvio torna-se um senhor respeitável após se casar com Isabel (Lúcia Veríssimo / Maria Estela), filha de Décio, que até o conhecer apregoava detestar italianos. Os dois conseguem ultrapassar a oposição da família dela, que a quer ver casada com Júlio (Luís Armando Queiroz).
Por ironia do destino, ao chegarem à maturidade, deparam-se com um conflito idêntico: Rosália (Íris Koschdoski), a filha de ambos, não aceita a união de conveniência com Ataliba (Hélio Cícero), fazendo frente a todos para ficar com Renato (Fausto Rocha), de uma condição económica bastante inferior. Por outro lado, Primo (Valdir Fernandes), o primogénito, encanta-se com a simplória Nina (Cristina Mullins), para grande inveja das restantes empregadas da família. Porém, Antonieta (Nicole Puzzi), a sua noiva oficial, consegue fisgá-lo quando conta a Isabel que foi sexualmente abusada por ele. Grávida de Primo, Nina dará à luz André (Paulo Betti), um homem marcado por um desejo de vingança contra a família do progenitor.
Enquanto isso, António Pereira dedica-se ao comércio e consegue prosperar no mundo dos negócios, mas as mulheres fazem-no perder a cabeça. As suas atenções dividem-se entre as irmãs Maria (Sandra Barsotti) e Antónia (Cláudia Alencar), filhas de seu Onofre (Arnaldo Weiss). Ao fim de muita indecisão, ele casa-se com a primeira mas, quando fica viúvo, escolhe Antónia para se consolar. É por esta altura que Pereira reencontra De Sálvio, vinte anos depois de chegarem ao Brasil, e fica a saber da existência de um filho que nunca chegou a conhecer, fruto do seu romance com Biá (Solange Couto / Chica Xavier), a fiel serviçal de Isabel.
Hernandez, dos três, é o que tem menos sorte, em parte devido aos seus ideais anarquistas, que o levam diversas vezes ao presídio, onde chega a assistir ao assassinato do seu colega Paco Valdez (Paulo Autran), também anarquista. As suas dificuldades são, no entanto, compensadas pela presença fiel de Mercedez (Yoná Magalhães), que o acompanha até ao fim dos seus dias.
À medida que as gerações se sucedem, novas personagens vão aparecendo na novela e outras ganham destaque. Conhecemos o drama de Fräulein Frida (Elizabeth Gasper), a governanta alemã dos De Sálvio, perseguida pela polícia quando rebenta a segunda guerra mundial. No núcleo humorístico, encontramos os irmãos libaneses Tufik (Dionísio Azevedo) e Youssef (Luís Carlos Arutin), cuja maior ambição é conseguir falar corretamente o português. E, na última fase, uma família de japoneses passa a participar ativamente na intriga da telenovela.
Anunciada desde o ano de 1983, a estreia de Os Imigrantes foi adiada pela RTP até maio de 1987.
A novela chegou mesmo a ser anunciada para substituir Cabocla, na programação de julho de 1983, enquanto Pai Herói passaria após Baila Comigo, à hora do almoço.
Numa entrevista à revista TV Guia, o ator brasileiro Raul Cortez – que, aliás, chegou a ser escalado para fazer parte do elenco – elogiou a novela de Benedito Ruy Barbosa, aguardando que a mesma fosse escolhida para um horário nobre, devido ao seu cariz pedagógico.
Apesar de ser considerada uma novela de grande qualidade, a verdade é que chegado o último capítulo de Cabocla, a produção que se seguiu foi uma repetição de Parabéns pra Você, a minissérie que tinha substituído Baila Comigo e que acabou por cair no esquecimento. Houve quem palpitasse que Os Imigrantes estava programada para estrear no outono, altura em que Origens chegaria ao fim, mas a telenovela portuguesa acabou por dar lugar a Pai Herói que, veiculada às duas da tarde, mudou para o horário noturno.
Paralelamente, também no outono, a RTP 2 anunciou a primeira transmissão de Gabriela a cores. O regresso da primeira telenovela vista em Portugal foi festejado com capas de revista e algum destaque, dada a rápida difusão dos televisores a cores nos primeiros anos da década de 80. Havia, pois, bastante curiosidade em saber como seriam as cores de Gabriela, uma vez que, aquando da primeira exibição, todas as transmissões da RTP eram feitas a preto e branco.
Prosseguindo, o jornal Se7e voltou a falar novamente em Os Imigrantes como provável substituta de Guerra dos Sexos, em 1984, sendo a notícia desmentida pouco depois, com a apresentação de A Sucessora.
Em 1987, a novela foi novamente anunciada. Ao contrário do que tinha sido noticiado das vezes anteriores, ficou assente que não ia ser exibida à noite, mas sim à tarde, num novo horário implantado na RTP 2, às 14:17 (logo após a abertura da emissão), a partir do dia 23/02/1987. A imprensa deu algum destaque ao evento, fazendo a apresentação das personagens e do enredo em geral.
Porém, na data prevista acabou por estrear uma outra produção. Falamos de Novo Amor, da Rede Manchete, que se manteve nesse horário até ao mês de maio. A TV alegou que a alteração se devia a “motivos de ordem técnica”.
Foi assim, em substituição de Novo Amor, que Os Imigrantes foi ao ar pela primeira vez. Quer a imprensa, quer a RTP fizeram publicidade à estreia com grandes elogios, porquanto que se tratava de uma novela cujo enredo atravessa várias décadas do século XX, tendo os acontecimentos históricos como pano de fundo. O jornal Se7e anunciou, inclusivamente que esta nova novela era uma verdadeira lição de História.
Outra particularidade de Os Imigrantes prende-se com o facto de ser a primeira novela da Bandeirantes a ser exibida em Portugal e também a mais longa, pelo menos até à altura. Ainda assim, ela nunca foi vista na totalidade pelos portugueses: a versão que passou na RTP tem 285 capítulos e termina com a morte de António De Sálvio. A cena em que o patriarca expira rodeado por toda a família precedeu a palavra FIM, mas esta não é esta a cena final da novela de 333 capítulos, que deu origem a uma continuação, a chamada Os Imigrantes – Terceira Geração, com 126 capítulos adicionais.
Na sequência original da primeira novela, até ao capítulo 333, ainda assistiríamos à morte de algumas das personagens principais, como por exemplo a de Mercedez, interpretada por Yoná Magalhães.
Pudemos, pois, constatar que a versão vista por aqui era uma montagem, embora muito maior do que as versões comercializadas nas décadas seguintes. Com efeito, ainda assistimos à fase em que a autoria muda de mãos, quando Benedito Ruy Barbosa se mudou para a Globo e foi substituído por Renata Pallotini e Wilson Aguiar Filho, vendo o seu nome suprimido nos créditos da abertura. Outra curiosidade prende-se com o facto de o autor original não concordar com o destino dado a algumas suas personagens, ameaçando revelar o verdadeiro final, idealizado por si, segundo consta numa matéria do Jornal do Brasil, em 08/02/1982. Divergência semelhante ocorreria 20 anos mais tarde, aquando da exibição da novela Esperança, altura em que Benedito Ruy Barbosa pediu para sair alegando motivos de saúde e Walcyr Carrasco assumiu a sua função.
Se não vimos os últimos capítulos da primeira novela, também não vimos por aqui a continuação. Porém, não podemos deixar de considerar inusitado o título Terceira Geração, pois na versão exibida pela RTP, que terminou com a morte da personagem de Rubens de Falco, há muito já conhecíamos a terceira geração das famílias De Sálvio, Hernandez e Pereira, até porque os netos dos protagonistas já estavam em idade adulta, como é o caso de André Amadeu, interpretado por Paulo Betti. Digno de nota é também o facto de este ator dar vida ao filho de Nina, vivida por Cristina Mullins, uma atriz mais nova do que ele e que tínhamos visto como o seu par romântico em Vereda Tropical.
Durante 15 dias, a Grande Lisboa ficou sem segundo canal, devido à substituição do sistema de antenas do emissor de Monsanto. Preocupados com o facto de “perderem o fio à novela”, foram muitos os telespectadores que demonstraram à RTP o seu desagrado por tal desfeita. Carlos Pinto Coelho tomou, então, a decisão de repetir todos os capítulos transmitidos nesse período, assim que a RTP 2 voltasse ao convívio da Grande Lisboa. Assim, durante alguns dias, as emissões abriram mais cedo, de forma a que se recuperassem os capítulos perdidos.
Os Imigrantes ficará na memória como uma novela que permaneceu no ar por muito tempo e que mudou diversas vezes de horário enquanto foi ao ar na RTP 2. Se, como dissemos, estreou às 14:15, havia de ser transferida para as 17:30, para as 18:00, para as 13:30, e, nos últimos capítulos, para as 16:55. O período em que passou ao fim da tarde foi, sem dúvida, o que teve uma audiência mais significativa. Houve um lapso de tempo, entre o final de Cambalacho e o início de Roque Santeiro, em que Os Imigrantes era unanimemente considerada a melhor novela que tínhamos em exibição.
Na primeira fase, António Pereira foi interpretado por um português, David Arcanjo (cujo verdadeiro nome é Humberto Rodrigues). O ator regressaria ainda na última fase da novela, no papel de Quim.
Em 1995, na sequência da reposição de algumas das melhores novelas brasileiras, a SIC transmitiu Os Imigrantes, mas desta feita numa versão mais curta, que não teve a repercussão esperada. A mesma versão, que tem sido veiculada para exportação, foi comprada, no ano de 2007, pelo canal CLPTV, apenas disponível em Portugal na extinta operadora TVTel. Com 190 capítulos e sem as mudanças de abertura que ocorriam a cada passagem no tempo, a novela ficou sem a última fase, embora apareçam imagens de algumas cenas desse período enquanto um narrador conta qual o desfecho das personagens.