Os Pequenos Vagabundos

Título original:
Les Galapiats – Le Trésor du Château sans Nom

Exibição:
1972 (RTP 1)

Número de episódios:
08

Argumento e diálogos:
Pierre Gaspard-Huit

Produtor delegado:
Jean van Raemdonck

Realização:
Pierre Gaspard-Huit

Produção:
Art et Cinéma / Communauté des Télévisions Francophones (1969)

Elenco:
André Daufel – Mr. Grantham
Audrey Berindey – Vanessa
Béatrice Marcillac – Marion
Étienne Samson – Capitão Évrard
Francine Vendel – Mme. Grandier
François Mel – Lustucru
Frédéric Néry – Franz
Frédric Latin – Piper
Georges Lycan – Mac Donnell
Guy Réna – Camponês
Jean Heselmans – Santérioux
Jean-Louis Blum – Byloke
Liliane Vincent – Carine
Louis Boxus – Brantson
Marc di Napoli – Cow-Boy
Paul Anrieu – Gasolineiro
Paul Clairy – Piqueniqueiro
Philippe Normand – Jean-Loup
Raoul de Manez – M. Grandier
Raymond Peira – Greenwood
Robert Lussac – Prof. Carteret
Robert Party – Reingold
Thierry Bourdon – Patrick

Num campo de férias instalado nas Ardenas belgas, um grupo de adolescentes de origens sociais diferentes vai protagonizar uma aventura fantástica.

Jean-Loup (Philippe Normand), um jovem parisiense de boas famílias, encontra Cow-Boy (Marc di Napoli) e os seus amigos Byloke (Jean-Louis Blum) e Lustucru (François Mel).

Jean-Loup e Cow-Boy
Byloke e Lustucru

Na região, vão conhecer Patrick (Thierry Bourdon), Franz (Frédéric Néry) e a bonita canadiana Marion (Béatrice Marcillac).

Franz e Patrick
Marion

Juntos, Os Pequenos Vagabundos vão partir à descoberta de um tesouro perdido e, no estranho “Castelo sem Nome”, acabam por descobrir um bando de perigosos malfeitores implicados num assalto à mão armada a um banco de Londres.

O Castelo sem Nome

As surpresas e os perigos vão ser muitos, mas nada demoverá os sete corajosos amigos da sua aventura.

Jean-Loup Grandier (Philippe Normand)
Jovem parisiense de boas famílias. Apesar de ser a primeira vez que viaja sem a companhia dos pais, integra-se rapidamente na colónia de férias. Candidata-se a membro do seleto grupo dos Javalis.

Bruno ‘Cow-Boy’ Lapointe (Marc di Napoli)
Oriundo de Bruxelas, frequenta a colónia há três anos e é tido pelos outros como líder nato. É o chefe do grupo dos Javalis, onde só entra quem supera arriscados desafios de bravura e destreza.

Alain ‘Lustucru’ Malo (François Mel)
Também bruxelense, é o primeiro amigo que Jean-Loup faz na colónia. O seu apelido advém de uma conhecida marca francesa de massas alimentícias e deve-se à sua enorme gulodice.

Gérard ‘Byloke’ Pauwels (Jean-Louis Blum)
Vive em Gante, capital da Flandres. O seu apelido explica-se pelo facto de ter nascido nas proximidades da Abadia de Byloke.

Patrick Vanderkemp (Thierry Bourdon)
Mora na L’Aigletière, uma casa de campo próxima à margem do rio Amblève. O seu pai é amigo do professor Carteret, a quem ele auxiliou na busca pelo tesouro dos templários. Juntamente com Franz e Marion, está também em busca do tesouro. Após um confronto inicial, decidem unir forças com o grupo dos Javalis.

Franz Mayendorf (Frédéric Néry)
É alemão e mora em Berlim. Passa férias na Bélgica há quatro anos.

Marion Nelligan (Béatrice Marcillac)
Canadiana, nascida no norte do Quebeque. É conhecida como Marion das Neves. Entre ela e Jean-Loup existe uma paixão latente.

Professor Carteret (Robert Lussac)
Historiador que lança aos colonos o desafio de encontrarem um tesouro escondido no século XIV, pela Ordem dos Templários, quando estes procuravam escapar à ordem emanada pelo Rei Luís IV, de os queimar a todos vivos.

Willy Santérioux (Jean Heselmans)
Chefe da colónia de férias.

Herbert Grantham (André Daufel)
Motorista de um carro blindado que foi alvo de furto em Inglaterra. É a única testemunha viva do crime e, como tal, a única pessoa capaz de identificar os criminosos.

Vanessa Grantham (Audrey Berindey)
Menina com sete anos, filha de Herbert Grantham. É raptada pelos bandidos como garantia de que não serão entregues à polícia.

Max Reingold (Robert Party)
Ex-militar, é o temível chefe da quadrilha responsável pelo assalto ao banco em Londres.

Sean Mac Donnell (Georges Lycan)
Bandido cruel, apercebe-se de que os jovens rondam o castelo que serve de esconderijo à quadrilha e persegue-os em diversas ocasiões.

George Piper (Frédéric Latin)
É o primeiro dos bandidos a entrar em desespero e a querer desertar, quando toma conhecimento de que a polícia está a caminho.

Steve Greenwood (Raymond Peira)
Bandido cujos passos são seguidos por Jean-Loup e Cow-Boy, quando se desloca num Land-Rover até Stavelot. Trabalhou no Banco Rothschild, de onde foi despedido por estar envolvido em irregularidades.

William Brantson (Louis Boxus)
Outro membro da quadrilha.

Carine Nelson (Liliane Vincent)
Responsável por vigiar Vanessa.

M. Grandier (Raoul de Manez)
Pai de Jean-Loup.

Mme. Grandier (Francine Vendel)
Mãe de Jean-Loup.

1. O Campo Verde
Os pais de Jean-Loup informam-no de que a viagem que haviam planeado às Baleares terá de ser adiada, devido a compromissos profissionais do pai. Pela primeira vez, ele terá de viajar sozinho, para uma colónia de férias, ideia que – contrariando as expectativas dos pais – ele acolhe com entusiasmo. Chegados ao Campo Verde, os jovens adaptam-se às novas rotinas. Jean-Loup e outros dois novatos são postos de parte pelos restantes, que já frequentam a colónia há três anos. Jean-Loup manifesta a vontade de entrar para o restrito grupo dos Javalis, liderado por Cow-Boy. Porém, para isso, terá de se submeter a duras provas, de modo a demonstrar a sua valentia.


2. Um manuscrito e um enigma
Durante uma escalada, Bruno sofre uma queda aparatosa e é obrigado a ficar “de molho” por uma semana. Jean-Loup dispensa a diversão na colónia e visita o novo amigo no hospital, onde jogam xadrez. Entretanto, organiza-se um grande jogo de caça ao tesouro, idealizado pelo professor Carteret, um historiador que afirma a existência de um tesouro verdadeiro deixado pelos templários e garante ter pistas certeiras acerca da sua localização, mas precisa de ajuda para o procurar. O grupo de Bruno decide acampar num local onde já está instalado outro grupo. Entram em conflito, mas acabam por unir-se, já que têm um objetivo comum.


3. O tesouro dos Templários
O grupo recém-formado lê atentamente o manuscrito entregue pelo professor Carteret, tentando entender as pistas deixadas pelo templário Hugues de Mayrand. Com grande perspicácia, vão conseguindo decifrar os enigmas, um a um, até que encontram um alçapão. Franz oferece-se para descer e depara-se com um rio subterrâneo. Decidem regressar no dia seguinte, com o material necessário para a descida do rio. Acabam por conseguir encontrar um túmulo onde estão escondidas dezenas de barras de ouro, mas, quando se preparam para regressar, descobrem que as suas canoas desapareceram…


4. O homem do Land Rover
Jean-Loup, Franz e Byloke caíram nas mãos de bandidos. Estranhando a sua demora, os outros elementos vão em sua busca e encontram-nos crucificados e desacordados. Novamente reunido, o grupo não se deixa intimidar e decide recuperar o tesouro a qualquer custo. Porém, quando regressam ao túmulo, descobrem que o ouro foi levado. Começam então a vigiar o Castelo Sem Nome, onde os bandidos aparentemente se esconderam, e seguem um deles, que sai num Land Rover em direção ao centro de Stavelot.


5. O avião mensageiro
De madrugada, o grupo observa os movimentos dos bandidos, que fazem sinais luminosos junto ao castelo. Chega um helicóptero que transporta uma criança, Vanessa, que julgam ter sido raptada. Pensam numa forma de a contactar. Patrick procura o seu primo Bernard e pede-lhe emprestado um avião telecomandado, que usam para enviar uma mensagem à menina, de modo a conhecer a sua real situação. Contudo, o bilhete é intercetado por Mac Donnell, um dos bandidos, que destrói o avião e leva Vanessa de volta para o cativeiro. Mac Donnell resolve ir atrás dos miúdos e inicia-se uma perseguição.


6. A intriga
O grupo prepara-se para penetrar no castelo, mas encontram a entrada bloqueada. Cow-Boy e Jean-Loup conseguem subir a uma das torres e abrem a porta por dentro. Sorrateiramente, observam os bandidos numa operação de fundição de ouro. Jean-Loup percebe, então, que estão perante o bando responsável pelo assalto a um carro blindado do Banco Rothschild, em Londres, que ocorrera há poucos dias, e que são esses os lingotes de ouro que estão agora a ser fundidos. Acabam por encontrar Vanessa e conseguem evadir-se do castelo, levando a menina.


7. O pânico
Jean-Loup e Patrick regressam ao castelo para vigiar os bandidos. Jean-Loup esconde-se dentro de uma armadura. O resto do grupo corre a avisar o Sr. Santérioux, chefe da colónia, de que encontraram a menina inglesa. Pouco depois, os bandidos descobrem que Vanessa desapareceu e entram em pânico, pois ela era a única garantia de que dispunham. No meio da discussão, Jean-Loup é descoberto e encarcerado. Vanessa liga para o pai, que, livre da chantagem, identifica os bandidos. Cow-Boy, por sua vez, tem uma ideia para libertar Jean-Loup…


8. O cerco
Os amigos de Jean-Loup, que se infiltraram na procissão dos Blanc-Moussis ao castelo, saem à sua procura, mas são, uma vez mais, descobertos por Mac Donnell. Os bandidos decidem fugir, mas o castelo já se encontra cercado pela polícia. Dá-se início a um violento tiroteio. Jean-Loup é salvo e os criminosos rendidos, com exceção de Reingold, o chefe da quadrilha, que foge pelos subterrâneos, mas acaba também por ser capturado. Tudo acaba em festa, com os jovens a receberem um prémio pelo seu ato heróico!

Co-produzida pelas televisões públicas belga, francesa, suíça e canadiana, Os Pequenos Vagabundos conheceu um sucesso considerável nos anos 70.

O cineasta francês Pierre Gaspard-Huit inspirou-se em factos reais para criar esta história de aventura e mistério, com uma atmosfera que fazia lembrar clássicos da literatura juvenil como a coleção Os Cinco, de Enid Blyton.

Os papéis principais foram entregues a jovens atores franceses, enquanto os secundários tiveram intérpretes belgas. A equipa técnica, por sua vez, era quase toda composta por belgas.

Entretanto, quase todos os jovens intérpretes desapareceram do show biz ao fim de pouco tempo:

– Marc di Napoli, intérprete de Cow-Boy, fez mais alguns trabalhos como ator, mas abandonou a carreira ainda nos anos 70, tornando-se pintor.

– Béatrice Marcillac, a Marion, era filha de Raymond Marcillac, um conhecido jornalista francês. Também não seguiu carreira.

– Philippe Normand, o Jean-Loup, teve uma breve incursão como cantor – usando o seu nome de nascença, Philippe Cantrel –, mas acabou também por abandonar a vida artística.

– Apenas Gäetan Bloom – creditado como Jean-Louis Blum, o seu nome de nascença –, o intérprete de Byloke, prosseguiu com a carreira de ator, tendo também enveredado pelo mundo do ilusionismo.

Gäetan Bloom

Rodada inteiramente na Bélgica, a série tornou-se num belo e colorido catálogo turístico do país, tendo como centro da ação a cidade de Stavelot.

Petit Roannay, nome atual de um hotel de charme localizado na praça central da cidade, serviu de fachada à casa do professor Carteret, que apresenta aos jovens o enigma do tesouro.

Place Saint-Remacle (Stavelot)

As filmagens exteriores do “Castelo sem Nome” foram feitas no Castelo de Veves, enquanto as interiores tiveram lugar no Castelo de Beersel.

Castelo de Veves
Castelo de Beersel

Foram ainda filmadas cenas em Villers-la-Ville, nas ruínas da Abadia de Villers, e nos imponentes Rochedos de Freÿr.

Abadia de Villers
Rochedos de Freÿr

É curioso notar que todas estas locações são consideravelmente distantes entre si.

Os Blanc-Moussis, uma confraria folclórica de Stavelot, fascinaram Pierre Gaspard-Huit, que fez questão de introduzir a sua participação no argumento.

A série foi filmada em 1969, a cores, o que era raro para a época. Apesar disso, aquando da sua primeira exibição na RTBF (Radiotelevisão Belga da Comunidade Francesa), a transmissão foi feita a preto-e-branco.

Foi editada uma versão romanceada, cuja narrativa é totalmente fiel à série, ainda que existam pequenas diferenças na denominação dos personagens:

– O chefe da colónia não se chama Willy Santérioux, mas sim Paul Santérioux.

– Ringo, o cão de Patrick, tem no livro o nome de Sirius.

– No que toca aos bandidos, os seus verdadeiros nomes praticamente não são mencionados. Greenwood é apelidado de “Mylord”, uma vez que os jovens desconhecem o seu nome, e Mac Donnell é tratado por “Touro”.

Houve também diversas edições com os temas principais da banda sonora, compostos por Roger Morès.

Em Portugal a série foi exibida pela primeira vez entre janeiro e março de 1972, às segundas-feiras, por volta das 21:00.

No mesmo ano, foi exibida na rubrica Tarde de Cinema, dividida em duas partes (cada uma compilando quatro episódios), nos dias 02/07 e 23/07.

Entre 23/12/1975 e 10/02/1976, foi reposta às terças-feiras, na RTP 1, no horário das 13:30, repetindo na RTP 2 no mesmo dia, às 20:30.

Seguindo o esquema de 1972, foi, uma vez mais, exibida na Tarde de Cinema, nos dias 14 e 21/03/1976.

A última exibição – e a única a cores – ocorreu entre 13/12/1980 e 03/01/1981. Desta feita, foram exibidos dois episódios por dia, aos sábados à tarde.

A série foi lançada em DVD pela Prisvídeo, em 2004. A edição tem diversos extras, incluindo a apresentação do elenco, dos locais de filmagens, dos Blanc-Moussis, e uma entrevista ao assistente de realização, Robert Mayence.

Os Pequenos Vagabundos