Exibição:
04/07/1983 – 08/03/1984 (RTP 1)
Número de capítulos:
178
Produção:
Rede Globo (1979)
Novela de:
Janete Clair
Direção geral:
Gonzaga Blota
Exibição:
04/07/1983 – 08/03/1984 (RTP 1)
Número de capítulos:
178
Produção:
Rede Globo (1979)
Novela de:
Janete Clair
Direção geral:
Gonzaga Blota
Após a morte do avô, André (Tony Ramos) parte para o Rio de Janeiro, com vista a reencontrar a sua mãe, Gilda (Maria Fernanda). Esta, porém, é atualmente casada com o conde Baldaracci (Paulo Autran), um mafioso italiano que sempre foi o maior inimigo de Malta Cajarana, pai de André. Na cidade grande, André descobre que o seu pai era uma pessoa pouco recomendável, ao mesmo tempo que não encontra em ninguém o apoio de que precisava. Baldaracci proíbe Gilda de ver o filho e, tirando o padre Romão (Fernando Eiras), todos os irmãos de André o tratam com hostilidade.
A única pessoa a compreendê-lo é Ana Preta (Glória Menezes), dona da gafieira Flor de Lys, que o leva para casa após uma cena de pancadaria na rua. Ana foi amante de Baldaracci, e tem com ele uma filha, Jenny (Sônia Regina), mas não manifesta nenhuma intenção de voltar a ceder ao conde apesar das investidas dele. Baldaracci, no entanto, chantageia-a para que se afaste de André, única condição para deixar de persegui-lo.
Entretanto, André conhece Carina Brandão (Elizabeth Savalla), uma bailarina riquíssima que vem de um casamento fracassado com o inescrupuloso César Reis (Carlos Zara). Ao fim de algum tempo de convivência, os dois pretendem casar-se e vão para a Argentina, mas César está disposto a destruir-lhes os planos, já que André se tornou procurador de Carina com plenos poderes para representá-la em todas as empresas. Para isso, contará com a ajuda de Baldaracci, que contrata um bandido para matar Carina.
Quer Baldaracci quer César pretendem ver André na cadeia e é o que acontece quando este é acusado de homicídio. Para piorar as coisas, é encontrado um corpo que se suspeita ser o de Carina, mas que vem a ser o de uma mulher assassinada por Walkíria (Rosamaria Murtinho), uma tia de Carina com perturbações mentais. Januária (Lélia Abramo), a matriarca da família Brandão, que sempre quis ver Carina ao lado de César, descobre ser este o culpado pelo desaparecimento da sua neta, mas não aguenta o choque e morre em seguida.
André é absolvido e, pouco tempo depois, Carina reaparece. Com a morte de Gilda, André torna-se seu herdeiro, o que lhe permite recompensar Ana Preta por toda a ajuda que ela lhe tem dado. César entrega-se cada vez mais à bebida e são descobertos os seus envolvimentos escusos com Baldaracci. Este pede-lhe que diga à sua filha Clara (Rejane Marques) que é o único envolvido no atentado contra Carina, pois não quer causar uma deceção tão grande à família, que sempre o viu como um exemplo a seguir. A conversa com Clara é gravada e entregue à polícia. César ameaça Baldaracci e torna-se uma pessoa incómoda para muita gente. Ao fim de alguns dias é assassinado. André e Carina ficam livres um para o outro e Ana Preta conhece Raul (Reginaldo Faria), o novo André da sua vida. Baldaracci, por seu turno, tem de fugir para o estrangeiro, pois o seu pistoleiro foi detido e a polícia está prestes a vir ao seu encontro.
Pai Herói estreou a 04/07/1983, às 14 horas. Em setembro, seguindo diretrizes superiores, a RTP suprimiu as emissões à hora do almoço, tendo em vista a contenção de custos num contexto de grande crise económica. Pai Herói transitou para o horário das 20:30 e transformou-se num grande sucesso. Foi exibido um programa especial, onde era resumido o enredo até ao capítulo atual, prosseguindo a telenovela normalmente no dia seguinte. No final do ano, Pai Herói era apontada pela TV Guia como uma das telenovelas que mais tinham agradado ao público português, à semelhança de Gabriela, O Casarão, O Astro e Cabocla.
Pai Herói trouxe de volta alguns atores já sobejamente conhecidos do público português, como Tony Ramos e Elizabeth Savalla, e deu a conhecer outros que passaram a usufruir de grande popularidade entre nós. Entre estes, destacaram-se Paulo Autran, Glória Menezes e Rosamaria Murtinho.
Em novembro de 1983, no auge do sucesso da telenovela, Elizabeth Savalla veio a Portugal e participou numa gala a favor da UNICEF, realizada em Faro. Não esperava, no entanto, que o pagamento no valor de 950 contos fosse feito com dois cheques sem cobertura. Deste modo, viu-se obrigada a contratar advogados e a permanecer no país por mais alguns dias…
A atriz apareceu no programa A Festa Continua de 06/11/1983, onde conversou com Júlio Isidro. Nesta altura, podíamos vê-la não só em Pai Herói, mas também na reposição de Gabriela, na RTP 2.
Paulo Autran chegou a Portugal em 15/03/1984, seis dias após o termo da telenovela, e foi dado um grande destaque, quer à sua chegada quer à sua permanência por aqui, que se prolongou até junho. Foi então convidado para participar na revista É tudo roubar, onde interpretava o próprio Baldaracci, que teria vindo para Portugal após fugir da polícia, no último capítulo.
Antes de voltar para o Brasil, Paulo Autran confessou não ter gostado muito da experiência, alegando que, tal como acontecia no Brasil, o teatro de revista em Portugal já não estava nos seus melhores dias.
Durante este período, Paulo Autran foi entrevistado por muitos jornais e revistas, tendo também sido convidado especial de diversos programas, como A Festa Continua. Pouco antes do seu regresso ao Brasil, estreou a telenovela Guerra dos Sexos e a imprensa aproveitou a estadia de Paulo Autran para realçar o evento.
Enquanto decorria a exibição de Pai Herói, foi lançado um single que continha a música da abertura (Pai) e o tema de André e Carina (Allouette).
O cantor Márcio Ivens entretanto gravou um single que continha o tema principal da telenovela.
Pai Herói teve ainda uma revista semanal, editada pela Agência Portuguesa de Revistas, que trazia, para além da descrição dos episódios, algumas matérias sobre a telenovela. A partir do dia 23/11/83, passou a incluir também os resumos de Gabriela.
É curioso que era frequente encontrarem-se erros grosseiros nas matérias publicadas pela aludida revista. Por exemplo, existe uma fotografia com Carlos Zara e Eva Wilma em que os mesmos são apresentados como César e Walkíria. Se César foi efetivamente interpretado por Carlos Zara, a intérprete de Walkíria foi Rosamaria Murtinho e não Eva Wilma, que nem sequer fazia parte do elenco.
Várias personagens de Pai Herói são referidas no humorístico O Tal Canal, de Herman José. Não raras vezes, Ana Preta e Baldaracci aparecem nos créditos finais de alguns dos “programas” do fictício canal de televisão, como O Diário de Marilu ou Informação 3. Em outra ocasião, um dos convidados do Estamos Nesta, interpretado pelo próprio Herman José, fala da “Malvina do Pai Herói”, para se referir a Elizabeth Savalla. Porém, Malvina era a personagem interpretada pela conhecida atriz em Gabriela e não em Pai Herói.
Em 07/03/1984, dia em que foi transmitido o penúltimo capítulo, foi exibido o Festival RTP da Canção. A letra da música Que coisa é esta vida, interpretada por Paco Bandeira, faz uma breve alusão quer a Pai Herói quer a Gabriela.
No capítulo que foi ao ar no dia 05/03/1984, César é assassinado, aumentando a dose de suspense em torno do final. Porém, ao contrário do que costuma suceder em casos semelhantes, em que é dado grande destaque à identificação do criminoso, nesta telenovela não houve nenhuma revelação explícita acerca do assassino de César. Trata-se de uma novidade que acabou por confundir a imprensa, tendo sido publicadas matérias díspares sobre este ponto. Na verdade, aquando da exibição do último capítulo da telenovela no Brasil, Janete Clair foi ao programa Fantástico e revelou que o assassino era Baldaracci, apontando várias pistas nesse sentido. Em Portugal, porém, o programa não foi visto, e os jornais e revistas basearam-se naquilo que apontavam as cenas da telenovela. Assim, a TV Guia revelou que a assassina era Walkíria, já que no último capítulo, antes de ser internada numa clínica psiquiátrica e após contrair matrimónio com Gustavo (Cláudio Cavalcanti), é encontrado um revólver entre os seus pertences.
Em 1988, com a importação da coleção Telenovelas – Campeões de Audiência, foi comercializado um livro que continha a versão romanceada da telenovela, com adaptação de Eduardo Borsato.
É curioso que, apesar deste livro ter sido editado no Brasil, é dito na página 138 que quem matou César foi Walkíria e não Baldaracci…
Aconteceu apenas que, semanas depois, antes de Walkíria ir para o sanatório, Hilário achou em sua bolsa um revólver. Perguntou o que ela pretendia fazer com a arma (ou o que fizera), mas Walkíria se limitou a dar respostas descontroladas, ininteligíveis. Colocou-se, assim, uma pedra sobre a morte de César, o anonimato encobrindo seu desaparecimento, da mesma forma como a maldade lhe cobrira a existência.