Aristides (Walmor Chagas) é um poderoso empresário, detentor da maioria do capital do estaleiro Celmu S. A., enquanto Sebastião (Sebastião Vasconcelos), o seu único irmão, obriga a família a viver em extrema pobreza, desde o dia em que teve uma visão profética. Todos são objeto de sarcasmo dos habitantes e transeuntes da pequena cidade de Duas Barras e é nesse contexto que Cristiano (Tony Ramos), o filho mais velho de Sebastião, se envolve numa luta com Gastão Neves (Marcelo Ibrahim), acabando por matá-lo em legítima defesa.

Temendo as consequências do seu ato, Cristiano foge para o Rio de Janeiro. Paralelamente, Simone Marques (Fernanda Torres), a única pessoa que assistiu à briga e que pode provar a sua inocência, também parte para a cidade grande, na esperança de evoluir na sua carreira como escultora.

Pouco depois, os dois reencontram-se, casam-se e ficam a morar na pensão de Fanny (Nicette Bruno), onde também vive Miro (Miguel Falabella), um oportunista que se pôs ao lado de Cristiano, na esperança de obter alguma vantagem devido ao seu parentesco com Aristides.

Como é de esperar, não demora muito para que Cristiano se depare com o tio. Apresentado à sociedade que o rodeia e escondendo de todos que se casou, Cristiano atrai as atenções de Fernanda (Christiane Torloni), noiva do seu primo Caio (José Mayer). Miro, entretanto, alerta-o para o empecilho que Simone se tornou e, mesmo sem o seu apoio, resolve procurá-la com vista a remover o problema. O resultado é trágico: depois de uma alucinante perseguição automobilística, Simone despista-se e o veículo que ela conduzia explode num despenhadeiro. Porém, ao contrário do que todos pensam, quem morreu foi a empregada que a acompanhava, ainda que Simone, temendo pelo seu futuro, permaneça escondida.

Enquanto isso, Aristides adoece e confessa ter cometido um crime contra Sebastião, pois, aproveitando-se do seu estado lunático, apoderou-se de todo o património dele. Para se redimir, deixa o estaleiro de herança para Cristiano, que, julgando-se viúvo, aceita casar com Fernanda. A consciência, contudo, acaba por falar mais alto e, após um ataque de remorsos, ele não aparece na igreja, conduzindo a noiva à loucura.

O seu desempenho como gerente da Celmu também é desastroso e os problemas aumentam quando Simone, agora uma escultora famosa, reaparece, assumindo a identidade de Rosana Reis. Os dois desentendem-se, mas o caráter fraco de Miro acaba por convencer Simone de que Cristiano nunca a quis matar. Desesperada com um possível reatamento entre os dois, Fernanda entra em pânico, sequestra Simone e mantém-na aprisionada num casebre durante semanas.

Ao mesmo tempo, é reaberto o processo da morte de Gastão Neves e Cristiano vê-se acusado de homicídio. Quando Fernanda é internada numa clínica, Simone fica abandonada à sua própria sorte, mas, miraculosamente, consegue escapar a tempo de aparecer no julgamento e inocentar o marido. Os dois reconciliam-se e recomeçam uma vida nova, com a ajuda de Caio, que lhes oferece um navio para os ressarcir dos prejuízos causados por Fernanda.

Selva de Pedra foi o remake de uma telenovela com o mesmo nome, escrita por Janete Clair e produzida pela Rede Globo no ano de 1972. Ainda a preto e branco, a primeira versão, que nunca passou na televisão portuguesa, contava com Francisco Cuoco, Regina Duarte e Dina Sfat, nos papéis atribuídos a Tony Ramos, Fernanda Torres e Christiane Torloni na telenovela de 1986.

Por conseguinte, e ao contrário do que aconteceu no Brasil, por aqui não se ouviram muitos comentários em relação às modificações operadas nos textos originais, nem comparações quanto às interpretações dos dois elencos. Selva de Pedra foi uma novela de sucesso, na esteira de Cambalacho, exibida no ano anterior e nos mesmos horários. Mais uma vez, os capítulos da semana podiam ser vistos todos os sábados, da parte da tarde, das 13 às 16 horas, contribuindo isso bastante para a popularidade de Selva de Pedra, que, no arquipélago da Madeira, veio a ocupar o horário nobre, em substituição de Roque Santeiro.

Notaram-se, entretanto, várias semelhanças entre os enredos de Selva de Pedra e Pai Herói, também da autoria de Janete Clair e transmitida com grande sucesso na RTP, cinco anos antes. As mesmas parecenças já haviam sido apontadas no Brasil, mas em 1979, aquando da exibição de Pai Herói, já que o texto de Selva de Pedra era bastante conhecido devido ao êxito da primeira versão.

De facto, temos novamente uma heroína sofrida, que, após se casar com o príncipe encantado, come o pão que o Diabo amassou. Tal como Carina Brandão (Elizabeth Savalla), devido a uma série de mal-entendidos, Simone Marques (Fernanda Torres) é dada como morta e permanece escondida, convencida de que o seu marido mandou matá-la.

Se antes víamos Carina proteger André (Tony Ramos) da polícia após um assalto, desta vez é Simone quem impede a captura de Cristiano (Tony Ramos), quando ele mata Gastão Neves em legítima defesa. Acresce que tanto Cristiano Vilhena como André Cajarana foram interpretados pelo mesmo ator.

Por outro lado, uma personagem com problemas mentais desperta igualmente grandes atenções: se em Pai Herói o público se surpreendia com as loucuras de Walkíria (Rosamaria Murtinho), as crueldades de Fernanda (Christiane Torloni) não passam despercebidas ao telespectador menos atento. Ambas têm o mesmo destino no final da história: acabam internadas num hospício, uma vez que não podem ser responsabilizadas pelos crimes que cometeram.

Fernanda é, sem dúvida, um dos maiores destaques de Selva de Pedra, e a TV Guia chegou a questionar uma especialista sobre a sua perturbação.

O vilão Miro, vivido por Miguel Falabella, também caiu no gosto do público, devido à componente humorística da personagem.

A Contigo! portuguesa, lançada com a estreia de Roque Santeiro, conferiu algum destaque a Selva de Pedra, com resumos quinzenais e matérias frequentes sobre o elenco, sobre a adaptação e sobre a repercussão do remake no Brasil. Após o termo da telenovela, a revista entrou em declínio e o último número saiu em janeiro de 1989.

Em outubro de 1988, foi comercializado um single com o tema Yes, de Tim Moore, que embalava os encontros de Simone e Cristiano. Revelando-se um sucesso comercial, a música passava várias vezes por dia em quase todas as estações de rádio. O EP continha uma versão (tentativamente) cantada em português.

A música foi também incluída numa das colectâneas de maior sucesso nesse ano: o Super Mix 3.