Tempo de Viver

Exibição:
18/06/2006 – 31/03/2007 (TVI)

Número de capítulos:
200

Novela de:
Rui Vilhena

Escrita por Scriptmakers:
Joana Jorge
Irina Gomes
Ana Maria Simões
Alexandre Borges

Produção:
Luís Fialho Rico

Realização:
Carlos Neves
Carlos Salgueiro

Direção de projeto:
André Cerqueira

Elenco:
Alexandra Lencastre – Fátima Almeida
Ana Guiomar – Inês Pinto
António Aldeia – Edmundo
Benedita Pereira – Mónica Valentim / Verónica Dionísio da Silva
Bruno Belardo – Francisco (Chico) Fernandes
Cristina Homem de Mello – Sara Mendes Cardoso
Dalila Carmo – Bárbara Gomes
Dânia Neto – Daniela Monteiro e Castro
Débora Monteiro – Helena Gonçalves
Frederico Barata – Tomás Fernandes
Gonçalo Sá – Hugo Marques
Gracinda Nave – Clara Fernandes
Hugo Tavares – Afonso Gomes Martins de Mello
Joana Solnado – Rita Mendes Cardoso
João Ricardo – Victor Fernandes
José Fidalgo – Bruno Santana
José Neves – Sebastião Marques
José Wallenstein – Fausto Martins de Mello
Laura Soveral – Teresa Mendes
Manuela Couto – Lídia Martins de Mello
Marcantónio del Carlo – Fernando Pinto
Marco d’Almeida – Gonçalo Gomes Martins de Mello
Marco Delgado – Bráulio Fonseca
Margarida Vila-Nova – Maria Laurinda (Laura) Almeida Amaral
Maria Emília Correia – Madalena Almeida
Maria João Bastos – Raquel Mendes
Maria João Sobral – Celina
Maria José Paschoal – Antónia Gomes Martins de Mello
Maria Simões – Lurdes dos Santos
Nuno Távora – Filipe Martins de Mello
Paula Pais – Alcina
Pedro Teixeira – Bernardo Gomes Martins de Mello
Rita Blanco – Marta Marques
Ruy de Carvalho – Artur Mendes
Sofia Grillo – Célia Vasconcelos
Sónia Neves – Graça
Yolanda – Beatriz Monteiro e Castro
Yoseph Vladivostok – Mikael

Participações especiais:
Adriana Barral – Fernanda
Anne Taylor – Susan
Mafalda Pinto – Catarina
Manuel Wiborg – Pedro Mendes
Nádia Santos – Carol
Rosa do Canto – Cátia Veiga
Juan Soutullo – Jardineiro
Susana Cacela – Agente prisional
Maria d’Aires – Diretora do Estabelecimento Prisional
Rita Egídio – Renata
Marco Costa – Eduardo
Joaquim Guerreiro – Mário
Sofia Nicholson – Joana
José Martins – Jorge
Fernando Tavares Marques – Padre no funeral de Afonso
Gabriela de Sá – Enfermeira
António Vaz Mendes – Dr. Carlos Meireles
Alexandra Fernandes – Patrícia (colaboradora de Beatriz)
Manuela Marle – Carminho
Carmen Santos – Dr.ª Isabel Sanches
Jorge Albuquerque – Fotógrafo
Adriano Luz – Vicente Amaral
Rui Madeira – Inspetor Luís Vasques
António Cordeiro – Juiz
Carlos Barradas – Representante da clínica de fertilização no julgamento
Bruno Salgueiro – Homem que entrega um bilhete do Tubarão a Inês
Joaquim Horta – Alexandre Costa

Vale a pena ser honesto? Para Maria Laurinda (Margarida Vila-Nova), a resposta é seca e curta: não. Já a mãe, Fátima (Alexandra Lencastre), acredita que é a integridade do carácter que faz sentido. Enquanto Maria Laurinda trilha o caminho inescrupuloso de nariz empinado à pobreza, em ânsia por uma vida melhor, Fátima, honesta e reta, vai vivendo o seu dia-a-dia como caixeira de supermercado.

Quando se atravessa no caminho de um dos herdeiros do mais reputado joalheiro do país, Afonso (Hugo Tavares), Maria Laurinda tenta rasgar o caminho que a separa da vida de luxo com que sempre sonhou. Compõe, para o impressionar, história sobre a sua vida: não se chama Laurinda, mas sim Laura, e é filha de um importante diplomata. Depressa cai nas boas graças do excêntrico Afonso, e com ele começa a namorar. Para ser bem-sucedida, conta com o auxílio de Bruno (José Fidalgo), recém-chegado do Algarve, com ambição desmedida, disposto a tudo fazer para subir na vida.

Já Fátima, pena cinco anos por um crime que não cometeu: tráfico de droga. No afã de proteger a filha das armadilhas da vida, culpa-se pela posse de droga que Maria Laurinda iria transportar até ao Canadá e passa cinco anos na prisão. Quando de lá sai, crédula, julga ser capaz de fazer Maria Laurinda mudar. Apaixona-se por Fernando (Marcantonio del Carlo), escritor casado com Bárbara (Dalila Carmo), tia de Afonso, e acredita que a sua vida tomará uma volte-face.

A família de Fátima é composta pela mãe, Madalena (Maria Emília Correia), simples costureira de boa índole; pelo tio taxista resmungão, Artur (Ruy de Carvalho) e pela sua mulher, Teresa (Laura Soveral); pela filha destes, Sara (Cristina Homem de Mello); e ainda Rita (Joana Solnado), filha de Sara, que censura a prima Maria Laurinda. A dor da perda de um familiar, no caso Pedro (Manuel Wiborg), no 11 de Setembro, deixou bem vincadas marcas na família. Pedro vivia em Nova Iorque com a mulher, Raquel (Maria João Bastos), e preparava-se para deixar os Estados Unidos para viver em Portugal, instalando por cá um “pronto a beber”. Na véspera do regresso, ao ir cobrar uma dívida a Gonçalo Martins de Mello (Marco d’Almeida), é apanhado na tragédia. Enlutada, a viúva Raquel declara guerra à família Martins de Mello e, cinco anos depois, regressa a Portugal para tentar cobrar a dívida pendente. No mesmo avião viaja também Mónica Valentim (Benedita Pereira), que também estivera a 11 de Setembro na filial nova-iorquina da Martins de Mello. Conseguiu escapar ilesa e, com os diamantes de um colar que surripiara ao cofre da empresa, fruto de um roubo orquestrado com o maléfico “Tubarão”, cuja identidade é apenas revelada ao público no último capítulo.

Um dos principais cúmplices de Mónica é o sobrinho de Fausto, Filipe (Nuno Távora), de temperamento aparentemente mortiço e de carácter maleável. Sobrinho de Fausto – filho da irmã deste, Lídia (Manuela Couto) –, segue à risca os planos matriarcais que têm o fito de sentar Filipe na cadeira da presidência da Martins de Mello. Lídia, depende economicamente de Fausto, uma vez que nunca trabalhou, vê os planos enrugarem-se com o regresso de Bárbara, a irmã-confidente de Antónia (Maria José Paschoal), cujo marido, Fernando, se perfila como o mais sólido candidato ao posto de diretor-geral da joalharia. Entre Lídia e Bárbara, abre-se uma guerra surda de influência temperada a fina ironia. De Madrid, chega também a temperamental Inês (Ana Guiomar), filha de Fernando, que tem uma conturbada relação com a madrasta.

No meio da tempestade, Fernando conhece Fátima e sente o coração em formigueiro. A recém-presidiária também se apaixona, mas o facto de ele lhe ocultar ser casado com Bárbara frustra o romance, condenando-o ao quase fracasso.

A vida sentimental de Fátima, estabilizada até sair da cadeia, sofre cataclismo inesperado quando se deparar com Bráulio (Marco Delgado), o minuciosamente picuinhas diretor-financeiro da Martins de Mello. Virgem e sem grande conhecimento no que aos ardis do amor diz respeito, tem em Célia (Sofia Grilo) ombro amigo e voz confidente. Embora partilhem a casa, sentem um pelo outro uma profunda amizade que poderia ser estragada caso se apaixonassem. Célia é amante de Fausto, um segredo que tenta ocultar, disfarçando certos encontros com Fausto no gabinete da administração em turbulentas discussões. Para seu desgosto, não é a única com quem ele trai Antónia. Helena (Débora Monteiro) é a sua concubina preferida e foi recrutada a Beatriz (Yolanda), que mascara com a organização de eventos sociais a sua verdadeira ocupação: gere uma rede luxuosa de prostituição. Helena está na Tailândia à espera do seu protetor Fausto, quando o capricho do destino a faz perder-se de amores por Bernardo (Pedro Teixeira).

Na Martins de Mello, trabalha como vendedores de joias o casal Sebastião (José Neves) e Marta (Rita Blanco), cujo casamento desgastado vai sofrer mais uma afiada batalha: o filho, Hugo (Gonçalo Sá), tem estranhas visões. Cético relativamente à veracidade das mesmas, Sebastião não se impressiona e atribui-as à imaginação do filho, enquanto Marta tenta credibilizá-las. Mas o que intriga Sebastião é o segredo que o casal amigo Victor (João Ricardo) e Clara (Gracinda Nave) tentam encobrir, fechando-se em copas em relação ao que fazem nas noites de sexta-feira. Clara é a secretária da administração da Martins de Mello, e Victor tem uma pequena editora. O filho mais novo, Chico, é o melhor amigo de Hugo, enquanto que o mais velho, Tomás (Frederico Barata), tem bomba-relógio pronta para fazer explodir: deseja tornar-se padre, para fúria de Inês, com quem perdera a virgindade. Inês tentará reconquistar Tomás em vão, já que este sente estímulo por Daniela (Dânia Neto), a esotérica filha de Beatriz.

Por entre as teias do enredo, solta-se interrogação que ocupa a parte final da trama: quem é o “Tubarão”, que promete não deixar um segundo de descanso ao poderoso Fausto Martins de Mello? Enquanto isso, assistimos à luta pelo amor da bem-sucedida empresária do ramo das limpezas Fátima Almeida, com a sua Limparte a funcionar no seu esplendor, e com Maria Laurinda, viúva, em sentido contrário. Percebendo que o Tempo de Viver é feito a cada dia, a cada hora, Maria Laurinda, alpinista-social, vai descendo aos infernos, tendo que trabalhar duro, descortinando na ténue possibilidade legal de poder engravidar do marido morto a fina luz ao fundo do túnel da sua vida…

Família Almeida/Mendes

Maria Laurinda – “Laura” (Margarida Vila-Nova)
Para seu grande desgosto, não nasceu em berço de ouro, não é produto de uma família abastada nem tem um nome de que goste. A mãe é caixa de supermercado e a avó é costureira. Cresceu em Paço de Arcos, com a sina de um nome atrás de si que, como faz questão de vincar, é de “pobre”. Charmosa e ágil manipuladora, tem um doentio desejo de ascensão social. O seu coração faísca ao ver Bruno num corredor de supermercado, e com ele do seu lado tenta agarrar-se à fortuna de Afonso Martins de Mello, com quem se casa por interesse.

Fátima (Alexandra Lencastre)
É o contraponto da filha, Maria Laurinda, de quem cuidou sozinha, já que o marido, Vicente, há muito que as abandonou. Simples, sem ser simplória, ingénua, parece acomodada ao que a vida lhe dá. Vive para e pela filha, e por ela vai presa, assumindo-se culpada em seu nome. Sai da cadeia determinada em começar de novo e, ao esbarrar fortuitamente em Fernando, tenta ser feliz. Passará a ter uma vida mais requintada, prosperando enquanto dona de uma empresa de limpezas.

Madalena (Maria Emília Correia)
Costureira de bairro. Viúva, irmã de Teresa, com quem tem boa relação. Cai com relativa facilidade nas armadilhas de Maria Laurinda. Sincera, tradicional e um tanto ou quanto tacanha.

Teresa (Laura Soveral)
Irmã de Madalena, com quem tem uma relação forte e afetuosa. Vive um casamento feliz com Artur, aturando e lidando bem com os “azeites” do marido. Desgostosa por ter perdido o filho, Pedro, no 11 de Setembro, não consegue soltar-se dessa amargura. Tem um segredo que tenta proteger a sete chaves, por temer as consequências.

Artur (Ruy de Carvalho)
Taxista e bom pai de família. Austero e rígido, faz gala em exibir um pulso firme, de personalidade vincada e retidão nos atos, sendo por vezes demasiadamente resmungão. Fica sempre de bigode em ponta com Maria Laurinda, a quem recrimina os sonhos e a desmedida ambição. Não tolera a mentira. Quando a viuvez o ataca, deixa soltar paixão pela cunhada, que até então mantivera opaca.

Sara (Cristina Homem de Mello)
Filha de Artur e de Teresa. Mãe de Rita. Serve cafés, um emprego que, não a realizando profissionalmente, pelo menos, lhe paga as contas. Não vira a cara ao trabalho, ajudando como pode a prima Fátima. Ao ser surpreendida por segredo que a mãe toda a vida lhe ocultara, passa a respeitar ainda mais Artur.

Rita (Joana Solnado)
Prima direita de Maria Laurinda e a sua principal ouvinte. Tenta fazer descer, em vão, a prima à terra. Estuda jornalismo e cultiva a harmonia familiar. Apaixona-se por Bernardo e tenta fintar os maus olhos da família Martins de Mello, que a creem uma émula de Maria Laurinda.

Raquel (Maria João Bastos)
A morte do marido estilhaçou-lhe os sonhos de felicidade. O sacrifício de ter amargado vida dura nos Estados Unidos ruiu na véspera da chegada a Lisboa, com o 11 de Setembro. Revoltada, nunca esquecerá a raiva que sentiu. Jurou vingança aos Martins de Mello. Ferve em pouca água e empenha-se em reclamar o dinheiro devido ao marido. Inicialmente, cai na lábia de Maria Laurinda, mas, ao perceber o que ela é, faz tudo para ser um empecilho no seu caminho. É empertigada e vai deixando escapar travo sedutor, que faz com que Sebastião se interesse por ela.

Pedro (Manuel Wilborg)
Filho de Artur e de Teresa, marido de Raquel. Estava de malas feitas para regressar a Lisboa, juntamente com a mulher, para criar um “pronto a beber”. Empregado da construção civil, foi ao World Trade Center cobrar uma dívida a Gonçalo Martins de Mello, que o acusou de ladrão. Morre nos destroços das Torres Gémeas.

Família Martins de Mello

Fausto (José Wallenstein)
Um dos joalheiros mais famosos do país. Casado em segundas núpcias com Antónia, faz questão de posar como homem de bem, fazendo o que pode para camuflar os seus casos extraconjugais. De jeito sedutor, adora ter poder e é algo mesquinho. Déspota, de humor ácido, vive em sobressalto, receando sair de debaixo do tapete a verdadeira natureza do seu carácter.

Antónia (Maria José Paschoal)
Elegante, de gosto refinado, enviuvou e casou com Fausto. Mãe devota de Gonçalo, Bernardo e Afonso, não esconde uma certa preferência por Gonçalo, acentuada pela alegada morte deste. Amargurada com a perda do filho, vive num vazio, lembrando-se frequentemente dele. Crédula em relação a Fausto, vai dissimulando algumas das suas traições com esquivo sorriso. Irmã de Bárbara, a quem trata com punhos de renda, não perdoa traições, dando muito valor à lealdade.

Gonçalo (Marco d’Almeida)
Assoma trejeitos de ditador de pacotilha, quando larga, espirituoso, frase que o define bem: “Eu penso, eu quero, as coisas acontecem.” Vaidoso e arrogante, é dado como morto no 11 de Setembro.

Bernardo (Pedro Teixeira)
Filho de Antónia, é um rapaz como qualquer outro, “normal” para os padrões excêntricos dos Martins de Mello. Ecologista fervoroso. Terá um conturbado romance com Helena, amante do seu padrasto, e encontrará em Rita o seu porto de abrigo.

Afonso (Hugo Tavares)
Se Bernardo é a ovelha branca da família, Afonso é a ovelha ronhosa. Põe em polvorosa os mais conservadores, tendo sempre carta imprevisível bem guardada na manga. O seu melhor amigo é o ginásio, que não dispensa. Para ele, a vida é um pagode. Mesmo desmascarando Laura, não hesita em casar com ela, para se divertir.

Lídia (Manuela Couto)
Irmã de Fausto. Não se sabe ao certo se venera o irmão ou se o bajula por interesse, uma vez que é este quem a sustenta financeiramente. Esforça-se por fazer do filho, Filipe, o herdeiro do tio. Não aguenta Bárbara, com quem se empertiga em despiques carregados de ironia.

Filipe (Nuno Távora)
Aparentemente é um mosca-morta, desprovido de vontade, contraído. Um fantoche nas mãos manipuladoras de Lídia. Adulador, puxa-saco, não tem iniciativas. É tímido e reservado. Revela ter faceta escondida e arguta: é o principal colaborador do “Tubarão”.

Bárbara (Dalila Carmo)
Vive compulsivamente, numa voragem. Ama em excesso Fernando; bebe desalmadamente; despreza Lídia e agarra-se com fervor às saias da irmã, Antónia, que a ampara. Foi para Madrid cumprir o sonho de ser atriz. Por lá, conseguiu uma ponta num filme de Almodóvar, com direito a uma única deixa (“Aqui lo tienes”). Regressa agora a Portugal. Revela ter uma intuição certeira, que muitos desprezam devido ao seu problema com o álcool. Tem língua afivelada.

Fernando (Marcantonio Del Carlo)
Pouco haveria a dizer sobre ele, se não fosse o marido de Bárbara. O casamento, por vontade dele, já teria terminado, se não sentisse pena da mulher. De regresso a Lisboa, contrafeito, passa a ocupar o cargo de diretor geral da Martins de Mello. Desfolha o coração ao conhecer Fátima e ganha um novo alento para conseguir levar a bom porto o sonho que parecia já esfarrapado: o de escrever um romance.

Inês (Ana Guiomar)
Filha de Fernando. Detesta Bárbara, não fazendo gala em exibir o desprezo que sente pela madrasta. O coração palpita furiosamente por Tomás, a quem entregou a virgindade. É algo dengosa, disputando a atenção do pai com Bárbara. Amiga fiel de Daniela.

Palacete de Bráulio

Bráulio Fonseca (Marco Delgado)
É o compenetrado contabilista da Martins de Mello. É um atadinho, atiram os seus detratores. Obsessivo-compulsivo, perfeitinho, gosta de tudo imaculadamente perfeito. Vive num palacete – herança da família – com a amiga Célia, que lhe atura as teimosias e peculiaridades. Virgem, tem entre suas as cismas o hábito de, após cumprimentar alguém, passar pelas mãos um lenço impecavelmente bordado com as suas iniciais. Vai mudar radicalmente, perdendo alguns dos vícios, quando começar a disputar com Fernando o coração de Fátima.

Célia Vasconcelos (Sofia Grillo)
Amiga de Bráulio, com quem tem relação sincera e fiel, é racional e discorre sobre a imprevisibilidade masculina, tendo no parceiro de casa um bom ouvido. Vive na esperança de que ninguém destape aquilo que se esforça por ocultar: é amante de Fausto, com quem simula guerra de gato-rato pelos corredores da administração da Martins de Mello. É a designer de joias da empresa. Gosta de pensar que é a única amante de Fausto.

Bruno Santana (José Fidalgo)
Veio do Algarve para Lisboa com cêntimos contados nos bolsos, alojando-se num modesto quarto de pensão ranhosa. Interesseiro, conhece Maria Laurinda, num corredor de supermercado, e com ela forja plano maquiavélico para subir na vida. Será um dos prostitutos de luxo de Beatriz.

Mónica Valentim (Benedita Pereira)
Em Nova Iorque, esfarela dotes de sedução a tentar convencer Gonçalo a contratá-la, de olhos postos nos diamantes guardados no cofre. Ardilosa e misteriosa, regressa a Lisboa ameaçando contar o que sabe. Uma das aliadas do “Tubarão”.

Família Marques

Sebastião (José Neves)
Marido de Marta, com quem tem casamento quase em ponto de erosão. Entediado e frustrado no trabalho, elege o comando de televisão como o seu melhor amigo. Ao conhecer Raquel, encanta-se pela sua sensualidade e tenta conquistá-la. Despreza por completo o problema do filho, Hugo.

Marta (Rita Blanco)
Mulher de Sebastião. Típica dona de casa, embora trabalhe lado a lado com o marido no balcão da joalharia da Martins de Mello. O casamento há muito já passou o prazo de validade, e entre queixumes e rotinas só o mantém pelo filho Hugo.

Hugo (Gonçalo Sá)
Atormentado pelo quase fim do casamento dos pais, sensível, começa a ter visões de acontecimentos que seriam quase impossíveis ele prever. Os seus dons paranormais assustam Marta e causam chacota a Sebastião. Tem uma forte amizade com Chico, sendo ambos jogadores assíduos de consolas.

Família Fernandes

Victor (João Ricardo)
Tem uma editora, um casamento feliz com Clara e um enorme segredo do qual quer que poucos saibam (um condimento especial, graceja, que lhe afortuna o casamento). Amigo de Fernando e Bárbara, vai tendo relação cordial com o casal Marta-Sebastião.

Clara (Gracinda Nave)
Secretária da administração da Martins de Mello. Eficiente e empenhada no trabalho, gosta do que faz e vai soltando, elegante, a felicidade que o segredo que faz questão de ocultar a todos lhe vai dando ao casamento. Torce o nariz ao futuro que Tomás quer pôr na sua vida. Vai tentar ajudar a que Sebastião e Marta encontrem a estabilidade conjugal.

Tomás (Frederico Barata)
Estuda belas-artes e, numa viagem pelos Picos da Europa, em meditação, epifania se lhe soltou: quer ser padre. De ânimo vincado, tenta lutar contra os ventos e marés da oposição dos pais e dos desafios que lhe podem entravar a vocação.

Chico (Bruno Belardo)
Filho mais novo de Victor e de Clara. Castiço e vivaço, é o melhor amigo de Hugo e o primeiro a ficar assustado com as visões paranormais deste.

Família Monteiro e Castro

Beatriz (Yolanda)
Por debaixo da fachada de organização de festas do mais seleto jet-set, esconde-se, sorrateira, a sua atividade mais lucrativa: gere um negócio de acompanhantes de luxo requisitado pela mais fina flor da sociedade. Cínica e ambiciosa, conhece como poucos os segredos de polichinelo dos seus clientes mais frequentes, como Fausto.

Daniela (Dânia Neto)
Filha de Beatriz. É a melhor amiga de Inês. Desenvolve uma aura mística crescente, gostando de traçar o mapa astral dos amigos. Desconhece as atividades da mãe, que, para ela, organiza festas. Pratica escalada.

Outros personagens

Helena (Débora Monteiro)
A forma perfeita do seu corpo não passa despercebida. Bernardo apaixona-se por ela à primeira vista, durante uma viagem à Tailândia. É uma das prostitutas de Beatriz e protegida de Fausto. Tem talento para a fotografia.

Celina (Maria João Sobral)
Empregada da mansão Martins de Mello.

Edmundo (António Aldeia)
Motorista dos Martins de Mello.

Graça (Sónia Neves)
Empregada da casa de Bárbara e de Fernando, a quem Bárbara chama, jocosamente, de “Desgraça”.

Lurdes (Maria Simões)
Empregada da casa de Fátima na segunda fase da novela. Fala sem parar e com enlevo numa antiga patroa que teve, a Luiza Albuquerque que conhecemos em Ninguém Como Tu.

Alcina (Paula Pais)
Empregada da Limparte.

Mikael (Yoseph Vladivostok)
Empregado da Limparte.

Participações especiais

Fernanda (Adriana Barral)
Amiga e patroa de Fátima no supermercado. Acede, a custo, a empregá-la novamente, após Fátima sair da prisão.

Susan (Anne Taylor)
Secretária do escritório da Martins de Mello nas Torres Gémeas. Gonçalo, manda-a, simpaticamente, “para o inferno”.

Catarina (Mafalda Pinto)
Namorada “oficial” de Afonso em 2001.

Carol (Nádia Santos)
A namorada de Afonso depois da elipse temporal. Parece gostar de Laura, apreciar a sua companhia e ser algo ingénua.

Cátia (Rosa do Canto)
Companheira de cela de Fátima. Confronta Maria Laurinda.

Jardineiro (Juan Soutullo)
Desperta a volúpia de Afonso, tornando-se o pivot de um escândalo durante a festa de noivado deste com Carol.

Guarda prisional (Susana Cacela)
Tenta acalmar os ataques de fúria de Fátima.

Diretora do estabelecimento prisional (Maria d’Aires)
Dá ordem de soltura a Fátima no fim dos cinco anos cumpridos no cárcere.

Renata (Rita Egídio)
Antiga colaboradora de Beatriz, é contratada por Lídia para seduzir Afonso.

“Fátima”
Maria Laurinda fá-la passar por sua mãe, no dissimulado jantar de apresentação dos seus pais aos Martins de Mello. Não escorrega na missão, mantendo alguma discrição e sorrisos de circunstância, mas sente o perigo à espreita quando a “ama” de Laura ameaça estragar o jantar.

“César”
É o “diplomata” que Maria Laurinda apresenta como pai. Pouco se lhe ouve a voz e consegue ver-se-lhe um sorriso fleumático e comprometido.

Eduardo (Marco Costa)
Companheiro de aventuras de Bruno no Algarve. Divide com ele o quarto na chegada a Lisboa, onde obtém os seus proventos como acompanhante de senhoras ricas. En passant, sugere que Bruno procure Beatriz Monteiro e Castro.

Mário (Joaquim Guerreiro)
Segurança contratado para o casamento de Afonso e de Maria Laurinda. Barra a entrada da família oficial da noiva.

Joana (Sofia Nicholson)
Bancária. Foi colega de Bráulio e é a quem este e Fátima recorrem para agilizar os processos para abrir a Limparte, SA.

Jorge (José Martins)
Encenador da peça de Bárbara. Vai testando a sua paciência com as hesitações de Bárbara.

Carlos Meireles (António Vaz Mendes)
Advogado contratado por Maria Laurinda para a defender na querela judicial que a opõe aos Martins de Mello.

Isabel Sanches (Carmen Santos)
Advogada especialista em Direito de Saúde e Bioética contratada pela família Martins de Mello.

Carminho (Manuela Marle)
Senhora distinta da alta-sociedade e uma das amigas de Lídia, que lhe destapa o segredo de Beatriz.

Vicente (Adriano Luz)
Pai de Maria Laurinda. Durante anos, perdeu o rasto do paradeiro da mulher e da filha. Volta a aparecer em Sevilha, onde é gerente da receção do hotel onde Fátima se hospeda . Tem um segredo que pode vir a causar grandes dores de cabeça à filha.

Inspetor Luís Vasques (Rui Madeira)
Inspetor da PJ, investiga falcatruas ocorridas na Martins de Mello. Prepotente e cínico, não se deixa impressionar pelo poder de Fausto e está disposto a levar a investigação até às últimas consequências.

Juiz (António Cordeiro)
Magistrado que julga o direito por parte de Maria Laurinda em usar o esperma congelado por Afonso para poder engravidar.

Depois do sucesso de Ninguém como Tu, o autor, Rui Vilhena, não teve o “merecido descanso” que seria de esperar: cerca de meio ano depois, estreava Tempo de Viver.

Abriu-se uma elevada dose de curiosidade relativamente ao novo trabalho do autor, que prometia surpreender ainda mais. Desde logo, o folhetim mostrou as suas armas, apostando em diálogos ácidos e corrosivos para agarrar o público. O autor declarou que se inspirou na linguagem negra da série americana Nip/Tuck para compor a sua novela.

O primeiro título a surgir na imprensa foi Dinheiro Vivo. Em cima da mesa, esteve também A Vida É Breve – claramente, extraído do refrão do tema do genérico –, acabando por se firmar em Tempo de Viver.

Alexandra Lencastre e Margarida Vila-Nova foram os primeiros nomes do elenco a ser fechados. As duas tinham já trabalhado juntas na novela Fúria de Viver (SIC, 2002) e na série Ana e os 7 (TVI, 2003).

Margarida Vila-Nova acabara de gravar Mundo Meu, na qual interpretava a protagonista Rita, tendo tido apenas dois meses de intervalo entre uma novela e outra.

Rui Vilhena anunciou que a novela teria, ao todo, dez vilões, e que Luiza Albuquerque – personagem de Alexandra Lencastre em Ninguém como Tu –, perto de alguns, seria considerada “mansinha”.

Podendo considerar-se mais intrincada e adulta que Ninguém como TuTempo de Viver apostou em temas fraturantes:

– A bissexualidade de Afonso (Hugo Tavares);

– A prostituição de luxo, através da rede encabeçada por Beatriz (Yolanda), da qual Bruno (José Fidalgo) era um dos principais “colaboradores”;

– O swing, prática levada a cabo pelo casal Clara (Gracinda Nave) e Victor (João Ricardo);

– E a intenção de Maria Laurinda de engravidar do marido já morto, usando esperma seu que havia sido congelado.

Um vasto lote de personagens permaneceu na memória coletiva do público do folhetim – uma obra que pode ser qualificada como excecional, no nosso entender.

Não se pôde, ainda assim, deixar de reparar em algumas “coincidências” com enredos já vistos em novelas de Gilberto Braga.

Teresa Guilherme, na época responsável pela ficção da SIC, apontou mesmo o dedo à TVI, dizendo que Tempo de Viver não passava de “uma cópia de Dancin’ DaysCelebridade e Vale Tudo”.

Não passou despercebida a luta ética que Maria Laurinda (Margarida Vila-Nova) e Fátima (Alexandra Lencastre) travaram ao longo da novela, à semelhança da esgrimida em Vale Tudo por Maria de Fátima (Glória Pires) e Raquel (Regina Duarte). Se na TVI vimos Fátima a ser presa por um crime que não cometera e a prosperar no ramo das limpezas, no folhetim da Globo, Raquel foi desalojada pela filha e conheceu o sucesso com uma empresa de comida, a Paladar.

Fátima e Raquel (Vale Tudo)
Fátima e Maria Laurinda (Tempo de Viver)

Por outro lado, em Vale Tudo, Fátima mantinha uma relação com o gigolô César (Carlos Alberto Riccelli), ao mesmo tempo que se casava com um rapaz rico, Afonso (Cássio Gabus Mendes). A sua homóloga em Tempo de Viver casava-se também com um Afonso (Hugo Tavares), mantendo como amante o prostituto Bruno Santana (José Fidalgo). Ambas mentiam à família de Afonso sobre a sua família, apregoando uma ascendência aristocrática.

Fátima e César (Vale Tudo)

Coincidentemente (ou não), os falsos pais que Maria Laurinda – ou Laura – leva ao jantar de noivado, na casa dos Martins de Mello, apresentam-se como… Fátima e César.

Ainda desse folhetim de Gilberto Braga, foi aproveitada uma das personagens que deu a imortalidade a Renata Sorrah, a problematicamente sensível e alcoólica Helena Roitman, como esqueleto para Bárbara Gomes (Dalila Carmo), frágil no coração e que se refugiava no álcool. Ambas eram artistas – Helena era pintora, enquanto que Bárbara era atriz – e viam o seu marido envolvido com a mãe da mulher de Afonso (Raquel em Vale Tudo e Fátima em Tempo de Viver).

Helena Roitman (Vale Tudo)
Bárbara Gomes (Tempo de Viver)

Na fase final da novela, Maria Laurinda engravida de Afonso e, num ato de desespero, tenta vender a criança, que é resgatada por Fátima. A mesmíssima situação acontecera em Vale Tudo.

Fizeram igualmente furor as interpretações de Manuela Couto e de Nuno Távora, em papéis igualmente moldados por inspiração “braguiana”. Os perfis de Lídia e de Filipe tinham muitos pontos de contacto com os de Loreta Vilela (Marieta Severo) e o seu filho bacoco, Murilo Henrique (Petrônio Gontijo), em Pátria Minha (Vidas Cruzadas, em Portugal). De ressalvar que Loreta era dependente financeiramente do tio Raul (Tarcísio Meira), enquanto que, em Tempo de Viver, era Fausto (José Wallenstein), o irmão de Lídia, que sustentava a dupla de parasitas. Ademais, se para conseguir mudar-se para a mansão do tio, Loreta provocou um incêndio na sua própria casa, Lídia simulou um assalto que deixou o seu apartamento completamente devastado.

Loreta Vilela (Pátria Minha)
Lídia Martins de Mello (Tempo de Viver)

Maria Laurinda e Bruno, embora formassem uma dupla “do mal”, eram deliciosamente detestáveis e criaram uma forte empatia junto do público.

Para desbravar o caminho do sucesso, Rui Vilhena tirou da manga outro trunfo importante: “ressuscitou” Gonçalo Martins de Mello (Marco d’Almeida), que aparecera apenas no primeiro capítulo, para depois ficar cerca de 100 desaparecido. O espirituoso Führer – como lhe chamava Bárbara – rapidamente caiu nas boas graças do público, que torceu pelo romance entre o emproado herdeiro da Martins de Mello e a lutadora Raquel (Maria João Bastos).

Esta foi a primeira novela de José Wallenstein, que ganhou enorme popularidade com o seu sarcástico Fausto, como revelou em entrevista à TV 7 Dias: “É talvez o meu trabalho com maior destaque, o destaque que uma novela tem, ainda por cima em prime time; portanto, deu-me uma visibilidade muito maior do que antes, porque as pessoas não sabem o meu nome, tratam-me por Dr. Fausto, só sabem que tenho um nome esquisito, mas lido lindamente com isso”.

À mesma publicação, revelou uma outra história curiosa: “A minha irmã tem uma mulher-a-dias com poucos recursos financeiros e dois filhos em idade escolar. Ela foi à papelaria encomendar os livros que a escola pediu. Quando perguntou quanto era, o empregado respondeu «600 euros». Óbvio que é muito dinheiro. Aflita, ela virou-se para o livreiro e disse-lhe: «Olhe, sabe que eu trabalho para a irmã do Dr. Fausto? Não lhe posso pagar em três prestações?». E, na verdade, foi o que aconteceu. Portanto, ainda há vantagens em ser um grande magnata”.

Digno de destaque é igualmente o desempenho, como Antónia Martins de Mello, de Maria José Paschoal, que soube agarrar com mestria a sofrida mulher de Fausto, transformando-a, com o correr dos capítulos, numa neurótica e descontrolada personagem que ficou na memória.

Curiosamente, nos anos 80, José Wallenstein e Maria José Paschoal haviam tido um namoro fugaz.

Transformado quase num ícone da novela, o complicado Bráulio Fonseca (Marco Delgado) viu o seu secular palacete transformar-se num dos pólos de destaque da novela. Merece nota alta a personagem Célia Vasconcelos (Sofia Grillo), cuja empatia com Bráulio foi mérito dos atores, aliado a um texto afiado. Também por lá, a enigmática Mónica (Benedita Pereira) demonstrou que pode convencer no papel de vilã, e Bruno (José Fidalgo) brilhou nas aulas de sedução a Bráulio.

Bráulio
Célia
Mónica/Verónica
Bruno

Outra das pedras essenciais nos destaques é o casmurro e inflexível Artur Mendes (Ruy de Carvalho), cujo derriço pela cunhada Madalena (Maria Emília Correia) provocou alguns risos.

Depois de ter trabalhado, ainda na RTP, com Rui Vilhena em Terra Mãe, onde viveu a sofisticada vitrinista Joana, Yolanda regressou às novelas do autor com quem se havia estreado, tendo a seu cargo a organizadora de encontros de luxo Beatriz Monteiro e Castro. As suas tiradas cínicas e alguns olhares (como quando “examina” Bruno) merecem nota de destaque.

Digno de menção, foi também o trabalho de José Neves como Sebastião, personagem que, apesar de secundário, se evidenciou pelo modo como conseguia tirar qualquer um do sério.

Contrastando com o seu trabalho anterior – no qual a sua magreza foi tema de manchete –, para interpretar Fátima, Alexandra Lencastre foi obrigada a engordar seis quilos, que, mais tarde, deveria perder, na mudança de visual da personagem. Contudo, para isso, não foi necessário o recurso a um programa de emagrecimento, como estava previsto: o próprio stress das gravações fez com que a atriz regressasse ao peso inicial.

Por sua vez, para dar vida ao prostituto Bruno Santana, José Fidalgo incrementou a sua rotina de exercício físico: “Toda a gente se preocupa [com o corpo] e, no caso da minha personagem, a preocupação triplica. E tem que ser assim, porque ele vai estar à frente de uma senhora que é dona de uma empresa, e ela quer um boneco perfeito para ir para a cama”.

Rita Blanco viu-se “obrigada” a aceitar o papel de Marta para saldar uma dívida antiga com a NBP, tendo abandonado o elenco algumas semanas antes do final.

No capítulo de estreia, as imagens do 11 de Setembro mesclaram a emissão real da TVI, apresentada por Júlio Magalhães, com outras criadas especialmente para esse efeito.

Para gravar as cenas do início da paixão entre Bernardo (Pedro Teixeira) e Helena (Debora Monteiro), a NBP fez deslocar uma equipa até à Tailândia.

O papel de Helena estava destinado a Danae Magalhães, tendo a substituição ocorrido poucos dias antes do início das gravações.

O desempenho mais fraco ficou, precisamente, por conta da estreante Débora Monteiro, como a própria admitiu numa entrevista à revista Viva Porto, em 2019: “Coitadinha de mim! Eu tinha noção de que não estava a 100%, era uma miúda, não tinha as bases necessárias para trabalhar como atriz”.

No ano anterior, na rubrica matinal Cala-te Boca, da rádio Mega Hits, a atriz fez outra curiosa revelação. Questionada sobre qual tinha sido o ator com pior hálito que tivera de beijar, a resposta foi… Pedro Teixeira: “Não é pior hálito, mas fez-me penar com coisas que comia. […] Estávamos a gravar na Tailândia. Agora o Pedro está assim mais ‘amigável’, mas na altura percebi que havia ali um afastamento. Nós fazíamos um par romântico e não foi fácil trabalharmos os dois. Não sei porquê, mas ele ia sempre comer o raio das sandes de atum, que é uma coisa de que eu não gosto”.

Pela primeira vez, na teledramaturgia portuguesa, assistimos a um spin-off: Lurdes (Maria Simões), a servil empregada de Luiza Albuquerque em Ninguém como Tu, reaparecia em Tempo de Viver para trabalhar em casa de Fátima. Em diversas ocasiões, falou da antiga patroa, bem como de outros personagens da novela.

Também o guru Alexandre (Joaquim Horta), da mesma novela, surgiu no último episódio, prenunciando o final feliz de Sara (Cristina Homem de Mello).

José Martins, diretor de atores da novela, encarnou o encenador do espetáculo de Bárbara, que o deixava de cabelos em pé.

Estava prevista a gravação de algumas sequências em Marraquexe, na fase em que Fátima reencontra o ex-marido, Vicente (Adriano Luz), mas a ação acabou por se situar em Sevilha.

A segunda metade da novela foi tomada por um empolgante mistério: a identidade do Tubarão, o temível adversário de Fausto. Eram vários os suspeitos, e o mistério foi mantido até ao último episódio.

A imprensa, em diferentes fases, atribuiu como certa a identidade do “Rei dos Sete Mares” a personagens como Bráulio, Bárbara, Beatriz e Clara.

Mais perto do final, foram oficialmente anunciados cinco suspeitos: Antónia, Bárbara, Gonçalo, Fernando e Bráulio. A escolha acabou por recair em Gonçalo, que fora sempre a primeira opção do autor.

Para interpretar Sara, “uma mulher trabalhadora que passa várias horas nos transportes públicos”, Cristina Homem de Mello procurou perceber a razão pela qual ela se mantinha calma. A solução (criativa) que encontrou foi comprar um Sudoku, “para interiorizar como as pessoas passam o tempo nos transportes”…

Constatou-se uma inconsistência ao nível dos apelidos de Afonso, Bernardo e Gonçalo. Se estes eram filhos apenas de Antónia, por que motivo usavam o apelido do padrasto, Fausto Martins de Mello?

A banda sonora foi lançada em CD.

MAIS OLHOS QUE BARRIGA – Susana Félix (tema do genérico)
ALL OVER AGAIN – Ronan Keating e Rita Guerra (tema de Fátima e Bráulio)
QUANDO EU TE FALEI EM AMOR – André Sardet (tema de Bernardo e Helena / Raquel e Gonçalo)
SÓ UM OLHAR – Patrícia Candoso (tema de Bráulio)
ACÇÃO / REACÇÃO – Santos & Pecadores (tema de Inês)
SEMPRE QUE O AMOR ME QUISER – Paula Teixeira (tema de Bernardo e Rita)
COLIBRI (PUREZA E DESEJO) – Luís Represas (tema de Fátima e Fernando)
FINTAR A PULSAÇÃO – Susana Félix (tema geral)
A ESFERA – Pedro Khima (tema de Marta e Sebastião)
A MINHA MÚSICA (SOU EU) – Diana
IMPORTANTE – Gutto & Rita Reis (tema de Maria Laurinda)
SOU EU – Susana Félix (tema de Bárbara)
MAIS DO MESMO – Dr. Estranho Amor (tema geral)
DEIXAR O CHÃO – Soultaste (tema de Tomás)
DIAS DE PORQUÊ – Alana Parker (tema de Sara)
DUAL DESTINO – Clark (tema de Bráulio)
MAL AMADA – Mafalda Sacchetti (tema de Antónia)
NESTE BAR SEM NOME – Luís Marques
ATENTO AO MOMENTO – André Barros
NOS SENTIDOS – Pedro Miranda (tema de Raquel)

Tanto Fintar a Pulsação como Deixar o Chão fizeram também parte da banda sonora da série Pai à Força (RTP, 2009).

O prédio da família Mendes – no qual, mais tarde, se instalava também a sede da Limparte – fica situado na Rua Cândido dos Reis, em Paço de Arcos. Se na altura da novela estava impecavelmente pintado, atualmente, encontra-se devoluto.

O prédio em 2006...
... e em 2019

A residência da família Martins de Mello era a Casa Sonhos, uma luxuosa moradia na Herdade da Aroeira (Charneca de Caparica). Rui Vilhena, que, coincidentemente, já tivera contacto com ela antes de escrever a novela, através de fotografias, considerou tratar-se da casa “mais bonita de Portugal”.

Manuel Luís Goucha fez uma figuração especial no último capítulo, apresentando Bárbara Gomes como sua nova assistente na condução do Você na TV, programa das manhãs da TVI. Dalila Carmo não era alheia a esta “tarefa”, uma vez que a atriz deu os seus primeiros passos na televisão como assistente de Luís Pereira de Sousa, no programa Clube da Manhã, em 1992.

As cenas do casamento de Tomás (Frederico Barata) e Inês (Ana Guiomar) foram gravadas e divulgadas pela imprensa, mas não chegaram a ser exibidas.

Como curiosidade, a novela foi substituída nas tardes da TVI, em 2013, pelo primeiro trabalho de Rui Vilhena na emissora, Ninguém como Tu. Aliás, a reprise acentuou a qualidade da novela, citada por muitos como sendo a melhor escrita pelo autor.

Eu vejo o futuro
Tu ouves o mar
Quando descobrires quem sou
É lá que eu vou estar

Quem desejar vê-la (ou revê-la), pode fazê-lo no TVI Player.

Partilhar:

Tempo de Viver