Topo Gigio

Exibição:
18/10/1981 – 02/05/1982 (RTP 1)

Número de episódios:
26

Apresentação:
Rui Guedes

Voz do Topo Gigio:
António Semedo

Orquestração:
Mike Sergeant

Produção:
Olga Toscano
Maria Otília Ribeiro

Realização:
Luís Andrade

Topo Gigio é um programa simultaneamente recreativo e musical, para crianças e adultos, com características morais, e que apresenta também números de music hall, com a presença de artistas convidados.

O programa desenrola-se através da interação entre o apresentador, o pianista Rui Guedes, e Topo Gigio, um ratinho encantador com 18 cm de altura (23 cm, quando está em bicos de pés), grandes orelhas redondas, grandes bigodes, olhos azuis e cabelo claro. Normalmente, Topo Gigio usa calças e camisola de malha às riscas. Fala, canta e está instalado, durante a sua estadia em Portugal, num hotel de Lisboa.

Rui Guedes e Topo Gigio

Apesar de possuir uma personalidade muito particular, o simpático ratinho tem, como toda a gente, qualidades e defeitos, e as suas tentativas de os corrigir são, ao mesmo tempo, uma lição para os telespectadores mais pequenos.

Em alguns programas, aparece um marciano invisível, amigo de Gigio, seu segredo e sua consciência. Noutros programas, ainda, aparece a Paulinha, uma menina de 11 anos, que dança espetacularmente e é a namorada de Gigio e a fonte dos seus tormentos.

Topo Gigio foi criado em Itália, em 1958, por Maria Perego, sendo depois “exportado” para inúmeros países.

Em Itália, Gigio é o diminutivo de Luigi. Assim, “Topo Gigio” significa “Rato Luisinho”.

A sua entrada em Portugal deu-se pelas mãos de Rui Guedes, que conhecíamos do programa Ao Piano… com Rui Guedes, exibido em 1979.

Rui Guedes e Topo Gigio

Após ver recusadas várias ideias para um programa televisivo, o pianista meteu pés ao caminho e comprou os direitos de Topo Gigio, apresentando o projeto à RTP.

Ao lado de Rui Guedes desde as origens da ideia de realizar este programa, a sua mulher, Ana Maria Guedes, contou à revista TV Top como tudo começou: “César Vanucci, um amigo nosso, realizador da TV Globo, perguntou-nos um dia qual tinha sido o sucesso do Topo Gigio em Portugal. Dissemos-lhe que não conhecíamos, e ele espantou-se imenso que ainda não tivesse sido feito cá. Isto há dois anos atrás. Deu-nos, entretanto, o contacto da criadora do boneco, uma italiana chamada Maria Perego. (…) Acabámos por encontrá-la em Milão e adquirimos os direitos do Topo Gigio”.

Os guiões, originalmente em italiano, foram traduzidos e adaptados por Rui Guedes e corrigidos por Maria Alberta Menéres.

Rui Guedes também compôs as canções apresentadas no programa, em parceria com José Cid.

A criadora do personagem, que o acompanhava sempre nas suas deslocações pelo mundo fora, mostrou-se encantada com a equipa portuguesa. Juntamente com ela, vieram mais três elementos, também italianos, responsáveis pela manipulação do boneco.

Luís Andrade, a quem coube a realização deste programa, tinha já tido contacto com Topo Gigio em Itália, no início da sua “carreira”, e recordava: “Ele depressa se tornou amigo de adultos e crianças. Ainda hoje há uma marca de queijo que se vende muito, por ter sido aquele que Gigio dizia gostar”.

Em entrevista à TV Top, na fase final de gravações, o realizador mostrou-se exultante com o resultado, considerando que se tratava do “melhor programa dos últimos anos”.

A voz de Topo Gigio foi feita pelo ator António Semedo, para quem este trabalho representou mais do que uma simples dobragem: “Dei mais de 100% ao Gigio. Foi um trabalho que me permitiu imensa criatividade como ator e me fez sentir o próprio boneco. Nunca me senti tão bem dentro de um personagem. Além disso eu tive oportunidade de improvisar bastante a nível dos diálogos”.

António Semedo e Rui Guedes

Maria Perego considerou que se tratava da melhor voz que o ratinho tivera, ao longo de 20 anos, nos mais de 40 países onde tinha sido representado. De tal modo que o ator foi contratado para ir a Caracas, ao México e a Nova Iorque.

Os 26 programas foram gravados a um ritmo vertiginoso, em cerca de duas semanas, contando com a participação de convidados especiais, como Rita Ribeiro, José Cid, Herman José, Ruy de Carvalho e Nicolau Breyner.

Um dos episódios de Topo Gigio gerou alguma polémica, envolvendo um órgão Hammond que Rui Guedes ostentava no estúdio e que afirmava ser capaz de produzir 80 milhões de sons.

Depois de executado o tema musical do filme A Golpada (The Sting), várias vozes se levantaram a afirmar que era impossível aqueles sons virem unicamente do dito órgão, opinião que foi corroborada pelo especialista Pedro Osório: “Penso que o som que os telespectadores ouviram foi o playback de uma orquestra tradicional, com madeiras e metais, e não o som do órgão que as imagens mostravam. Tratava-se, de resto, de uma orquestra excelente, provavelmente norte-americana. Não creio, porém, que os telespectadores tenham sido informados da verdadeira natureza do som que ouviam. De resto, nem se tratava de um solo de órgão sobre um playback orquestral: naquele som, de facto, não havia órgão nenhum”.

Rui Guedes veio a público defender-se, dizendo que efetivamente houvera partes de violinos e metais gravadas com outros instrumentos e que tinha sido Mike Sergeant, orquestrador do programa, o responsável pela montagem final. Ora, Mike Sergeant veio pouco depois desmentir essa versão, dizendo que não orquestrara qualquer versão do tema musical de A Golpada

Para além do programa semanal, exibido nos finais de tarde de domingo, Topo Gigio marcou também presença com uma canção que, diariamente, mandava os meninos para a cama. Existiam quatro versões diferentes deste teledisco.

Foi um sucesso a nível de merchandising, com inúmeros produtos postos à venda, entre os quais uma caderneta de cromos, da Disvenda, e uma coleção de 8 cadernos, da Ambar, com a imagem do personagem.

Foram também lançados três singles.

Em 1988, Topo Gigio foi adaptado para série de desenhos animados, pela Nippon Animation. Na versão portuguesa desta série, exibida pela SIC, António Semedo emprestou mais uma vez a voz a Topo Gigio.

No livro Io e Topo Gigio, de 2015, é contada a história de Maria Perego e da sua criação de sucesso.

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