Vida Nova

Exibição:
23/09/1990 – 07/06/1992 (RTP 2)

Número de capítulos:
80

Produção:
Rede Globo (1988/1989)

Novela de:
Benedito Ruy Barbosa

Direção geral:
Reynaldo Boury

Os protagonistas de Vida Nova são os moradores de um cortiço, aglomerado de habitações pobres no bairro de Bexiga, em São Paulo, formado quase todo por imigrantes, a maioria deles italianos. Para começar, podemos citar Dona Lalá (Yoná Magalhães), uma ex-prostituta de luxo que tem uma filha muito jovem, Marialina (Gabriela de Oliveira), fruto de um antigo caso com um senador. Dona Lalá interessa-se por Francesco (Paulo José), sem que ele lhe corresponda, mas acaba por sucumbir aos encantos de António Sapateiro (Carlos Zara), gerando o ódio de Marialina, que não aceita o envolvimento dos dois.

Dona Lalá e António Sapateiro

Marialina estudou num colégio de freiras e pouco sabe sobre as origens da mãe. Devido à sua ingenuidade, cairá na lábia de Virgínia (Lourdes Mayer), uma velhinha simpática cuja ocupação é angariar meninas para as oferecer a cavalheiros importantes em troca de dinheiro. Nesse entremeio, apaixona-se por Antoninho (Marcos Winter), filho de António do Mercado (António Petrin), também ele um imigrante italiano. Será Antoninho quem a ajudará a escapar à rede criminosa que arrastava jovens indefesas para a prostituição.

Antoninho e Marialina

Esta também é a história de Gema (Nívea Maria) e da sua malfadada viuvez: após receber a notícia da morte de Sebastião (Roberto Bomfim), o marido desaparecido, Gema casa-se com o seu vizinho Pietro (Osmar Prado), que há muito a cortejava, e conta vir a ser feliz para sempre. No entanto, pouco depois, Sebastião aparece vivo no cortiço, invalidando o matrimónio já realizado.

Sebastião e Gema
Gema e Pietro

Outro entrecho importante é o namoro entre Bruno (Giuseppe Oristânio) e Bianca (Patrícia Pillar), constantemente atrapalhado pelo pai dela, Amadeu (Rogério Márcico), um severo moralista.

Bruno e Bianca

Também digna de menção, a paixoneta do pitoresco Michel (Luís Carlos Arutin) pela mulata Dona Sara (Aída Leiner) proporcionou momentos divertidos ao telespectador.

Todavia, o casal mais emblemático da novela é formado pelo português Manoel Victor (Lauro Corona) e pela judia Ruth (Deborah Evelyn). Aqui, o entrave ao romance é o facto de ele ser católico. Este diferendo fará com que os pais dela (José Lewgoy e Miriam Mehler) a queiram obrigar a casar com Israel (Paulo Castelli), que professa a religião da família. Após uma série de desencontros, Manoel Victor sai da pensão de Dona Sara e vai parar à fazenda do coronel Antenor (Mauro Mendonça). Lá, o português será vítima de uma armadilha de Gracinha (Iara Jamra), a filha do coronel. Ela apaixona-se por Manoel Victor e arma um golpe para o agarrar, com o aval do pai, que a quer casada a todo o custo. Contudo, quem se deixa conquistar verdadeiramente por Gracinha é Sebastião (Roberto Bomfim), o “falecido” marido de Gema. Manoel Victor, por sua vez, reconcilia-se com Ruth, após a morte do pai dela, e os dois partem para uma viagem, ao passo que Gema se une novamente a Pietro, pelos laços de um matrimónio considerado válido.

Ruth e Manoel Victor

Entretanto, Dona Lalá vence os preconceitos e junta-se com António Sapateiro, mesmo sem a aceitação de Marialina. Esta resolve vingar-se, fugindo do seu próprio casamento com Antoninho, não sem antes ir à igreja e salientar em voz alta que o faz de propósito para envergonhar a família. Com este gesto, Marialina também aproveita o ensejo para dar o devido troco ao noivo, que a havia traído com a bela Marta (Vera Zimmermann). Acaba, porém, por se arrepender, e os seus sonhos de grandeza derruem quando vêm à tona as origens de Dona Lalá. No último capítulo, e depois de uma série de contratempos, celebra-se o casamento de Marialina e Antoninho, justamente no dia em que ele consegue entrar para a universidade.

Apesar de não ser muito lembrada, Vida Nova ostenta o título de ser a novela brasileira que mais tempo esteve no ar em Portugal. A versão comprada pela RTP até é relativamente curta (80 capítulos), mas apenas foi exibido um capítulo por semana, com algumas falhas pelo meio, assim se percebendo que tenha permanecido na programação da RTP 2 por quase dois anos.

A novela estreou por volta das 18h00, aos domingos. No entanto, a partir do dia 06/10/1991, passou para a faixa das 13h00, também aos domingos, horário em que permaneceu até ao fim.

Centrada no quotidiano dos imigrantes italianos na cidade de São Paulo, um dos temas recorrentes de Benedito Ruy Barbosa, Vida Nova não obteve o mesmo êxito de outras obras do mesmo autor.

A principal curiosidade prende-se com a circunstância de ter sido a última novela de Lauro Corona, um ator bastante conhecido do público português, que viria a falecer pouco depois da exibição do último capítulo na Globo, na sequência da contração do vírus HIV.

Lauro Corona

Durante as gravações, Lauro Corona – cujo personagem era português – teve de se ausentar, e o autor fez algumas alterações ao enredo, como é o caso da morte do personagem Samuel (José Lewgoy), que agitou o núcleo de Manoel Victor durante esse hiato.

Para quem não sabe, a música de abertura, Nada Além, é da autoria de Mário Lago, um dos atores brasileiros mais prestigiados de sempre. Embora Mário Lago não seja visto nesta novela, no primeiro capítulo ele dá a voz a um personagem: o senador, pai de Marialina, que deixa uma carta para Lalá.

Nívea Maria, que viveu uma das protagonistas, confessou-se desiludida pelo facto de Gema ter sido esquecida no final da novela e pediu autorização para não gravar os últimos capítulos.

Nívea Maria

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